Protesto com Bündchen e seios à vista marcam semana de Paris
Desfiles na capital francesa ainda trouxeram transparências, decotes dentro e fora da passarela, como nos looks de Kim Kardashian
Terminou a maratona dos desfiles para o verão 2015 no Hemisfério Norte na quarta-feira (1º), em Paris, com Gisele Bündchen decotada na apresentação/protesto da Chanel, usando uma botinha tipo polaina de gosto tão duvidoso quanto as pochetes que Karl Lagerfeld colocou nas passarelas de alta-costura no começo do ano. Mas se teve manifestação dentro da passarela, teve também fora, por conta de declarações de Stella McCartney logo após seu desfile. No backstage, a filha do ex-beatle Paul disse: “Força por conta própria em uma mulher é bastante agressivo e não muito atraente o tempo todo. Por isso, esta coleção é realmente para celebrar o lado gentil”. Uma das editoras da revista Vagenda reagiu e postou no Twitter que a observação era, no mínimo, “estranha”. E alfinetou: “Imagino que as mulheres que têm dinheiro para comprar suas roupas não são nada tímidas”.
Por falar em “nada tímida”, quem deu show sobre isso foi a sempre decotada Kim Kardashian, com parte de seus seios e de seu corpo à mostra. Sua irmã mais nova, que está virando sensação nas passarelas Kendall Jenner, quase deixou os seis à vista no desfile da Balmain. E em termos de tendências, parece que Kim está fazendo escola. Não faltam decotes e mais decotes. E também transparências e mais transparências, numa vibe de conforto, paz e amor (apesar dos protestos citados acima) anos 70, que está tomando conta da moda.
E por falar em tendências, entram também looks pijamas, babadinhos, tipo camisolinha (mas para ficar mais fina, podemos falar tipo jabôs dos smoking) e muita roupa esvoaçante, que parecem saídas dos tempos flower-power. Vem ver o que logo logo as lojas de fast fashion vão colocar nas araras, se já não colocaram.
Gisele, Gisele, Gisele, polainas e protestos
Karl Lagerfeld construiu uma típica rua de Paris sob o teto de vidro do Grand Palais. Por ela, as modelos desfilaram passeando, conversando e mostrando vários tipos de looks, indo de colegiais a executivas, de ternos a saias curtas. Aí, no meio, entra Gisele Bündchen, com um cardigã listrado em bege e branco, body por baixo e botas com a mesma padronagem meio caidinhas, lembrando polainas. O mesmo look em outras tonalidades foi repetido por outras modelos. Vai ser moda, pode ter certeza, mas digamos que as botinhas não são assim muito elegantes. Só que Chanel é Chanel.
Foto: Pascal Le Segretain/Getty Images
No final, ao contrário da tradicional fila das modelos, elas entraram com cartazes de protesto pelos direitos femininos, com direito a palavras de ordem gritadas por Cara Delevingne no megafone. Depois das pochetes da alta-costura e do supermercado no prêt-à-porter, Karl Lagerfeld colocou a mulherada para protestar, em looks que também remetem aos anos 1970. E vejam que as botas são baixas, pé no chão, outra tendência.
Foto: Pascal Le Segretain/Getty Images
Protesto fora das passarelas
Se Karl Lagerfeld colocou mulheres fortes para protestar na rua (qual mulher não gostaria de participar de protestos vestida de Chanel e em Paris?), Stella McCartney foi alvo de críticas por suas declarações pós-desfile: “Força por conta própria em uma mulher é bastante agressivo e não muito atraente o tempo todo. Por isso, esta coleção é realmente para celebrar o lado gentil.” Para quê? Uma avalanche de críticas foi publicada nas redes sociais e na imprensa.
Ellie Levenson, autora do guia The Noughtie Girl’s Guide to Feminism, disse ao jornal The Times que a tentativa da estilista de fazer as mulheres parecerem mais vulneráveis representa um passo para trás na história do movimento: “É particularmente irritante quando uma mulher que se beneficiou do feminismo e do fato de ser forte e poderosa tenta, em seguida, puxar o tapete de outras mulheres.” E a escritora Sasha Wilkins, criadora do blog de estilo de vida LibertyLondonGirl, por sua vez, twittou: “Acho que você pode ir longe fingindo ser uma borboleta frágil nos negócios quando já tem uma família rica e todo o poder”. A referência à borboleta foi a looks como o desfilado por Cara Delevingne com vestido preto e uma espécie de asa fluida na frente como enfeite. E agora, Stella?
Foto: Pascal Le Segretain/Getty Images
Sem sutiã, a bandeira nada “feminista” de Kim Kardashian
Se as feministas dos anos 60 queimaram sutiãs em praça pública, Kim Kardashian levantou a bandeira das “sem-sutiã” faz tempo. Claro que não é para protestar por direitos das mulheres, mas para exibir um dos atributos que os homens mais gostam de ver: os seios ou parte deles. Quando Kim usa o acessório, deixa outras partes do corpo à vista, mesmo carregando a filha North no colo. E foi seguida por outras famosas, como Selena Gomez e Miranda Kerr, presentes nos desfiles e em festas.
Kim
Foto: The Grosby Group
Foto: The Grosby Group
Foto: Pascal Le Segretain/Getty Images
Foto: The Grosby Group
Selena
Foto: The Grosby Group
Miranda
Foto: The Grosby Group
Seios também na passarela
Se Kim faz escola, os estilistas também estão ensinando que decote e seio à mostra estão mais em alta do que nunca. Ah, e a irmã dela mais nova, Kendall Jenner, quase mostrou os seus na passarela da Balmain, com vestido feito de tiras pretas e vazados transparentes. Tem coragem de usar? Vem ver como são as propostas dos criadores.
Balmain – Kendall Jenner
Foto: AFP
Jean Paul Gaultier
Foto: AFP
Alexis Mabille
Foto: AFP
Valentino
Foto: AFP
Alexander McQueen
Foto: AFP
Para sonhar… com os anos 70
Podem apostar na tendência dos anos 70, que traz o estilo boho, flower-power de novo. Assim, estiveram nas passarelas vestidos longos, fluidos, pantalonas, babadinhos e muito look que lembra pijamas. E listras grandes coloridas.
Dries Van Noten colocou suas modelos como em Sonhos de Uma Noite de Verão , numa espécie de passarela ajardinada, com a liberdade de movimentos e atitude herdadas dos hippies. Valentino se inspirou nas viagens de universitários do século 19. O mochilão daquela época foi traduzido por tecidos leves e fluidos, que também lembram os anos 70 do século 20. Nesta mistura, muitos looks que remetem a pijamas e camisolas, com babadinhos (Miu Miu, McQueen) ou com a vontade apenas de ser confortável. Rendas e tramas estão também presentes (Givenchy e Louis Vuitton), sempre com uma pegadinha setentinha.
Alexander McQueen
Foto: AFP
Miu Miu
Foto: AFP
Rochas
Foto: AFP
Dries van Noten
Foto: AFP
Balmain
Foto: AFP
Valentino
Foto: AFP
Hussein Chalayan
Foto: AFP
Dior
Foto: AFP
Givenchy
Foto: AFP
Louis Vuitton
Foto: Pascal Le Segretain/Getty Images
E um selfie para terminar…
Foto: AFP
Izabel Goulart quebrou o protocolo e tirou uma foto sua na passarela de Jean Paul Gaultier. Essa moda também deve pegar.