SPFW: Bruna Griphao de noiva, seio de fora e manifesto indígena
O penúltimo dia da 55ª edição do São Paulo Fashion Week (SPFW) começou quente, com desfile do estilista estreante Maurício Duarte, de origem indígena, fazendo um manifesto contra o PL 490, o chamado marco temporal. Teve famosos na passarela, como o ex-BBB Gabriel Santana e Bruna Griphao, que estreou no evento com vestido de noiva diferentão. E teve também modelo com os seios de fora, como Dandara Queiroz.
Uma homenagem a Cora Coralina, no desfile da goiana Thear; mistura de flamenco e candomblé na Santa Resistência e o minimlaismo apurado e urbano de Weider Silveiro, que pela primeira vez trabalhou com técnicas artesanais como o fuxico. Aliás, a estreante no evento, Marina Bitu, de Fortaleza, também apostou no fuxico para criar sua coleção com elementos atemporais. Confira um resumo dos desfiles do dia.
Maurício Duarte
O momento não podia ser mais apropriado. Na semana em que o Congresso imprime um derrota ao governo Lula para retirar poderes de ministérios como o do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas, o estilista amazonense Maurício Duarte, pertencente ao povo Kaixana, localizado no Alto Solimões, fez sua estreia no SPFW, com um desfile que reflete sua origem e com um manifesto contra o PL 490, projeto de lei do marco temporal, para demarcação das terras indígenas.
Thelminha Assis, engajada em causas sociais, e a modelo tupi-guarani Dandara Queiroz cruzaram a passarela vestindo as peças da coleção "Tramas", inspirada nos trançados das cestarias próprias dos povos indígenas. No final da apresentação, Maurício Duarte entra de mão dadas com as duas. Modelos que desfilaram, também de origem indígena, levam cartazes contra o projeto de lei.
Silvério
A marca Silvério, que levou Gabriel Santana, Vitão e a top indígena Dandara Queiroz, com seios à mostra, à passarela, aprofundou seus estudos em modelagens espirais, entrelaçando corpos agora já nas ruas das cidades e das praias, apostando na sensualidade através da alfaiataria desabada e enviezada.
Renata Buzzo
A atriz, cantora e ex-BBB Bruna Griphao estreou no SPFW desfilando com vestido de noiva diferente para a marca Renata Buzzo. O look era composto por óculos de sol e, na cabeça, meia-calça branca, completando o look com luvas. O vestido usado por Bruna tem decote em V e o corpo se amplia, criando uma saia a partir de estruras circulares, que garantem mobilidade. Franjas leves recobrem a peça.
Marina Bitu
A cearense Marina Bitu apostou em trabalhos artesanais e looks em tonalidades neutras e terrosas, alguns com franjas, para sua estreia no SPFW. Drapeados, franzidos, tecidos como chiffon, veludo, linho e seda compunham vestidos, saias e quimonos. Fuxicos e miçangas de madeira enfeitavam as peças.
Thear
Os poemas da goiana Cora Coralina (1889-1985) foram transformados em looks delicados pela grife Thear, também de Goiás. Na passarela, mulheres goianas, além da ex-BBB Sarah Aline, e a influenciadora idosa Vovó Isaura Demari vestiram confortáveis e sofisticadas peças.
O azul-denim, o rosa, o turquesa, bege, pretos e brancos vinham em vestidos, calças, túnicas, com sobreposições e conforto. Mangas três quartos apareciam nas roupas, lembrando a praticidade das peças para que a também cozinheira de mão cheira Cora tivessem as mão livres.
Santa Resistência
A marca Santa Resistência, de Mônica Sampaio, mostrou um mix potente entre suas imspirações na Espanha, traduzida em música e roupas com referências flamencas, e na umbanda e candomblé, na noite de sáabdo (27), no SPFW. A primeira ideia da estilista, que atuou muitos anos como engenheira elérica, foi na amante de Dom Pedro de Castela I, Maria Padilla (1334-1361), que virou rainha por breve tempo.
Essa força espanhola deu match perfeito com as influências das religiões africanas, representadas principalmente pelo vermelho e preto, também presente na cultura flamenca. Daí, as flores estampadas, bordadas, feitas em trabalhos de matelassê. E, claro, não podiam faltar, cascatas de babados e as rendas, incluindo transparências, tão em alta atualmente.
Weider Silveiro
O estilista Weider Silveiro fechou o penúltimo dia da 55ª edição do SPFW mostrando um minimalismo sofisticado, que faz parte de seu DNA. Mas se antes renegava o artesanato de sua origem piauiense, rendeu-se a ele e mostrou uma coleção que eleva as técnicas de fuxico e amarrações a níveis altíssimos.
Com uma cartela de cores que transita do preto ao laranja e verde vibrantes, passando por pêssego e canela aparecem em looks com alfaiataria precisa, mas nada óbvia, e em moletons, por exemplo, de mangas bem longas, misturados a fuxicos e amarrações, técnicas que habitaram a infância e adolescência do estilista. Nessa empreitada de volta às origens, Weider se valeu também do trabalho da artesã Patrícia Gomes, vinda do Crato, no Ceará.