SPFW dia 7 tem jeans, crochê, brilho, festa e Turma da Mônica
O SPFW termina oficialmente nesta segunda-feira (21) com apenas um desfile à tarde no Pavilhão Japonês, no Ibirapuera, pertinho do Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Ibirapuera, com a apresentação de Fernanda Yamamoto. Mas as apresentações de domingo (20) podem ser consideradas um encerramento não-oficial da 58ª edição do evento.
Os desfiles tiveram famosos como Maya Massafera na passarela de Walério Araújo, que também homenageou a Turma da Mônica; Anttónia Morais, filha de Gloria Pires e Orlando Morais, no último desfile da noite. Os dois estilistas deram o tom de festa e brilho às apresentações do dia.
Os jeans marcaram presença no desfile da Amapô, que apostou em modelagem largas e patchwork do tecidos em várias lavagens. O streetwear com alfaiataria surgiu com o desfile da La Garçonne, com direção criativa de Fábio Souza.
Teve ainda o estilista cearense David Lee, apostando no trabalho manual de crochê e rendas do Nordeste. A região foi representada ainda pela grife baiana Dendezeiro, com a coleção "Brasiliano: Filhos do Sol". Confira detalhes dos desfiles.
Amapô
Após um desfile de homenagem aos 20 anos da marca na última edição do São Paulo Fashion Week, a Amapô apresentou 25 looks de jeanswear em diferentes lavagens, shapes e cores. Destaque para super wide leg, o famoso modelo de calça em silhueta oversized. Peças clássicas retornaram em novos formatos, como a pochete de franjas, as calças boca de sino e as jaquetas. As sobreposições, os jeans de várias tonalidades e as modelagens confortáveis marcaram os looksdo desfile, que abriu o sétimo dia da 58ª edição do SPFW.
Os visuais contam com tecidos responsáveis, entre eles Hemp Denim (com fibras de cânhamo) e Ilhéus da Vicunha (feito com 90% de matéria prima reciclada). Teve também os tecidos Intensity Light, Soul e Hidro Denim da Paraguaçu Têxtil, que não utilizam anilina em seu tingimento, um composto químico prejudicial.
David Lee
O cearense David Lee levou ao SPFW uma coleção enxuta, chamada Leste-Oeste, trabalhando com crochês e rendas, como a redende e bilro, além do crochê, presente na maioria das coleções apresentadas nesta semana de moda.
O nome representa os saberes manuais que se estendem do mar ao sertão do Nordeste. Essa cultura foi mostrada em conjuntos de crochê com barra arredondada com roletês, ampliando a região, em camisas e casacos de algodão com corte de alfaiataria e as rendas aplicadas em partes das peças.
O couro sintético aparecia também na alfaiataria, muitas com detalhes de balonês delicados, inclusive em cós de calças masculinas, além de minissaias.
Walério Araújo
Maya Massafera voltou à passarela do SPFW para Walério Araújo, que desfilou neste domingo (20), no Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Ibirapuera. Estava com um look de noiva sensual, curto com pedrarias e um macacão por baixo de renda transparente.
Na plateia, Mônica e Cebolinha, da Turna da Mônica, acompanhavam tudo com atenção, já que o estilista também fez uma homenagem aos personagem criados por Maurício de Sousa, que, no sábado (19), foi homenageado pelo estilista Rafael Caetano.
O desfile, chamado Cabeça Feita, enfatiza justamente os enfeites que Walério faz tão bem. Um deles parecia até um lustre cheio de pérolas, combinando com um vestido com foto estampada da Elke Maravilha, uma de suas ídolas.
Na passarela, as produções maximizadas do estilista vinham com plumas, brilho e látex. Mas os vestidos com o desenho dos personagens da Turma da Mônica, também maximizados, vinham em looks mais retos e enxutos. Os desenhos são originais da Turma Mônica. Outro ponto alto foi o look brilhante em que a modelo entrou com um Sansão de paetês nas mãos. Os desfiles de Walério são sempre uma festa. Esse não foi diferente.
À La Garçonne
A grife À La Garçonne mostrou o que sabe fazer de melhor: uma moda jovem, com corte de alfaiataria perfeita, que vai além da moda de rua e pode até ir para festa.
Com direção criativa de Fábio Souza, dono da marca, que assina toda a coleção, o desfile começou com roupas pretas, inspiradas em smoking, com uma sucessão de peças pretas no estilo, com brilho e laços.
Vestidos de festa transparentes, com poás e point d'esprit também desfilaram, com tops, body e laços. Os códigos da marca estiveram presentes ainda com casacos e blazers militares, com direito a várias dragonas metalizadas. Além das peças em padronagem quadriculada em preto e branco, como bandeira de Fórmula 1 e desenhos de cordas, que acompanham as peças da grife desde sempre.
Se Alexandre Herchcovitch era o estilista, hoje seu ex-marido Fábio Souza, fundador da marca, assumiu toda a criação e provou que continua a encantar com seu DNA jovem e elegante.
Dendezeiro
A marca baiana Dendezeiro visitou o sertão brasileiro profundo para cria a coleção "Brasiliano: Filhos do Sol". Na passarela, a cor marrom imperou, retratando a terra, o sol, a poeira de quem vive nessa região e inspirou livros como "Vidas Secas", de Graciliano Ramos. Verde-musgo e off-white também aparederam, como no conjunto de minissaia e jaqueta desfilado pela cantora Majur.
Mas os donos da grife, Hisan Silva e Pedro Batalha, deram um roupagem elegante para essa ideia, com sua alfaiataria streetwear, que mistura bermudas, camisas, calças, minissaias de pregas e macacões, em materiais como algodão, jeans, couro e tecidos atoalhados. Não faltaram ainda coletes e blusas de tapeçaria, com figura humana desenhada, técnicas sempre presente na história da marca de 5 anos.
A saia godê e o chapéus, ambos enormes, de palha trançada chamaram a atenção no final. Nos acessórios, modelos de bolsas variados e estruturados, polainas de couro usadas com tênis e as joias orgânicas e feitas à mão de Bia Brennhesein finalizaram com requinte os looks.
Lino Villaventura
Lino Villaventura sempre surpreende, apesar de se manter fiel ao seu estilo, à sua técnica e, claro, ao seu talento. Quando se olha um vestido com nervuras ou com patchwork de tecidos e bordados construídos de forma apurada e nada óbvia, sabe-se que lá tem a mão de um mestre, que poderia estar num desfile alta-costura.
Não foi diferente nesta fim de noite de domingo (30), encerrando o sétimo dia de desfiles. Começou com looks brancos, dois vestidos, o primeiro com construção de pedaços de tecidos estruturados, criando volumes, como o desfilado por Anttónia Morais. Depois, masculinos brancos de modelagem larga, om detalhes de nervuras, como o look mostrado por Sergio Marone, que evoluíram para bege mais claro, mais escuro, cinza, até chegar no preto. A cor apareceu em vários looks.
Mas Lino fez também vestidos curtos de saias volumosas em color black, depois passou por brocados, bordados, nervuras mil, além de vestidos mais fluidos, monocromáticos, de seda, com drapeados leves, presos por broches de cristais. Tecidos que parecem plásticos, aplicações de retalhos quadradas de panos, volumes inesperados, anáguas volumosos até finalizar com o look dramático preto desfilado por Silvia Pfeifer, que ostentava ainda luvas roxas. Os desfiles de Lino são sempre um espetáculo.