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Homem não entra! Veja como é viver numa república de modelos

O Terra conversou com new faces da Oca Models, que contam como é dividir uma casa com colegas de profissão

6 nov 2014 - 09h58
(atualizado às 15h35)
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Foto: Ricardo Matsukawa / Frame

Enquanto dezenas de modelos cruzam as passarelas do São Paulo Fashion Week entre os dias 3 e 7 de novembro - entre elas a übermodel Gisele Bündchen - no Parque Cândido Portinari, outras centenas de meninas desembarcam em São Paulo para dar início a essa carreira. Elas são as chamadas new faces. Depois de passarem pela avaliação das agências, começam com trabalhos menores e mais comerciais enquanto colecionam experiências para fazerem projetos fora do Brasil e também campanhas de mais peso dentro do País. Nessa turma, estão Larissa Saldanha, Nicole Goldschmidt, Paloma Leuze, Cristiane Oliveira, Iamonike e Kethelen Keisa. O que mais elas têm em comum além da busca por se tornarem top models? Moram juntas na mesma casa no Morumbi, bairro nobre da capital paulista, sob a tutela da agência que trabalham, a Oca Models.

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Como no começo nada é tão glamouroso assim, elas dividem o espaço com até 12 meninas que entram e saem constantemente de lá. "É um espaço passageiro. Elas ficam até poderem se bancar sozinhas", explica Cacá, um dos diretores da agência. Sob os cuidados dele e autorização dos pais, as meninas encontram a casa pronta, mas têm as despesas descontadas de cachês, bancam a própria alimentação e assinam carta de regras logo no primeiro dia. Para começar, é proibido sair depois das 22h, homem não entra, visitas precisam de autorização antes de chegarem e todo mundo tem que estar de pé entre 8h30 e 9h já com cabelo arrumado e maquiagem pronta, caso algum compromisso de última hora apareça. Em casos de indisciplina, os pais são avisados. "Fizemos isso há duas semanas. Os pais vieram buscar uma menina que estava dando trabalho", comenta Cacá. A limpeza fica por conta de cada uma e da faxineira que ajuda uma vez por semana. 

Além das modelos em começo de carreira, a casa abriga também aquelas que ficam apenas alguns meses em São Paulo para trabalho durante férias escolares e ainda quem não tem moradia fixa e vive de país em país. 

Onde você mora?

Esse é o caso da Kethelen Keisa. A mais faladeira do grupo, ela tem 24 anos, é modelo há 10 e, desde os 17, trabalha fora do País. Desde então, não tem um endereço definitivo e já dividiu casas parecidas com essa com dezenas de outras meninas de todos os cantos do mundo. Na última quarta-feira (5), quando as seis atuais moradoras da "república" receberam o Terra para uma conversa na recepção da agência, ela carregava uma mala enorme: havia chegado da Indonésia, passado uns dias no Rio, ido visitar a família em Piracicaba - sua cidade natal - e acabava de chegar a São Paulo para alguns meses de estadia. Ainda nem conhecia seu futuro lar, mas já estava enturmada com as novas colegas de quarto e dando risada do "vizinho maluco" que ajuda a combater o tédio no Morumbi. "Parece que minha casa na minha cidade não é mais minha casa. Sinto falta da convivência com as meninas", conta.

Foto: Ricardo Matsukawa / Frame

Kethelen Keisa. Foto: Ricardo Matsukawa/Frame

Com tanta experiência em mudanças, já nem é mais difícil se encaixar em um novo ambiente. Sua primeira viagem foi para o Japão aos 17 anos, quando não falava inglês, nunca tinha entrado em um avião e o maior medo era dividir apartamento com estrangeiras. "Fiquei rezando para ter brasileiras, cheguei lá e tinham nove gaúchas. Deus me ama!", brincou. Onde chega ela conquista as novas amigas "sendo legal" e, claro, fazendo café e uma boa comida.

Quem manda na bagunça?

Por aqui, nada de gringas dividindo o apê, o que por um lado é um ponto positivo para a carioca Larissa Saldanha, a caçula da turma, com 16 anos. Ela é modelo desde os 14, fez sua primeira viagem no ano seguinte e coleciona histórias boas e ruins destas casas. As russas que não lavavam a louça e ignoravam a bronca fingindo que não entendiam inglês não faz parte das melhores lembranças. Ao contrário delas, Larissa aprendeu muito sobre afazeres domésticos com a nova vida, coisas que não fazia quando morava com os pais. "Sou muito patricinha, mas sempre faço minhas coisas. Não tenho noção de como cuidar direito da casa, mas me esforço e tento me policiar", contou. 

"Toda modelo é carente"

Por outro lado, o ponto positivo destas moradias e convivência com tanta gente diferente é acumular amigos de nacionalidades variadas. "A gente tem amigos de todo lado do mundo. É bom porque conhece culturas, mas também deixa muitos para trás e isso dói", comenta Larissa.

Com tantas viagens, temporadas em lugares distantes e sem uma rotina muito definida, estas colegas de casa se tornam a principal companhia e apoio uma da outra. "Longe da família, temos as meninas, mas não é a mesma coisa. Acho que por isso toda modelo é tão carente", comenta a gaúcha Paloma Leuze, de 20 anos, que há sete meses chegou na capital paulista depois de trancar a faculdade de pedagogia e largar o emprego de professora para apostar na nova carreira.

Foto: Ricardo Matsukawa / Frame

Paloma Leuze. Foto: Ricardo Matsukawa/Frame

"A gente vira família, se apega às pessoas. Ficamos tão juntas que misturamos os sotaques. Todo mundo fala gauchês, carioquês, mineirês", completa a bem-humorada mineira de 20 anos Iamonike, que terminou os estudos de agronegócios antes de desembarcar na capital paulista. Ela já dividiu outro endereço também com new faces e passou uns tempos na casa de uma tia.

Briga e puxão de cabelo?

Mas, se hoje é tranquilo dividir o espaço, essas casas já foram motivo de trauma e pesadelo para a mineira. Quando era adolescente e a vida nas passarelas era só sonho, ficou sabendo de histórias dramáticas de disputa nesses lugares. "Uma vez li em uma revista que uma menina colocou farelo na toalha da outra. No dia seguinte, ela tinha um trabalho importante, mas machucou toda a pele quando foi secar o rosto de manhã. Tinha também uma de grudar chiclete no cabelo enquanto dorme", lembra. "Fiquei com essas histórias na cabeça quando vim morar aqui porque a gente nunca sabe como as pessoas foram criadas". Por sorte dela, todos esses medos ficaram no passado, e hoje a new face é uma da mais animadas do grupo e se junta ao coro de todas as amigas de que não há disputa na casa. "Tem mais proteção do que competição", completa Cacá.

Ao contrário dela, a gaúcha Nicole Goldschimdt, de 18 anos e vivendo a poucos meses por aqui, não se preocupou aonde iria dormir, mas sim em ter que morar em uma cidade grande. A mais tímida da turma, ela foi criada em um município de três mil habitante no RS. "A gente só vê coisa ruim na TV, como a violência aqui em São Paulo, mas cheguei e queria fazer tudo. Fui para todas as baladas, mas cansa porque são sempre as mesmas pessoas".

Foto: Ricardo Matsukawa / Frame

 Foto: Ricardo Matsukawa/Frame

Namoro ou amizade?

Apesar disso, vira e mexe elas saem para aproveitar a famosa noite paulistana. Uma das mais animadas é a goiana Cristiane Oliveira, de 18 anos. "Sempre damos uns beijinhos", comenta. Quando o assunto é namorado, todas dizem estar solteiras e ela logo se intitula a conselheira da turma. 

"As pessoas de fora desse mundo não veem modelo com bons olhos", desabafa a mineira Iamonike. Mas, se o jeito for namorar modelos, aí é que a história complica, diz Kethelen. "Não é mais fácil namorar modelo porque tem muita mulher bonita em volta então eles traem demais". Segundo elas, vez ou outra acontece de dividir a casa com alguma menina que já tenha ficado com o ex-paquera de alguém, mas garantem que tudo é resolvido numa boa. 

Foto: Ricardo Matsukawa / Frame

Larissa Saldanha e Nicole GoldschmidtFoto: Ricardo Matsukawa/Frame

E na despedida?

Apesar dessas pequenas crises românticas e dos problemas do dia a dia, todas afirmam que o clima é de total harmonia na casa. Se a convivência é tão boa, como faz na hora de ir embora? "É muito difícil falar tchau", resume a carioca Larissa. "Eu choro muito, então não me despeço. As meninas deixam composites na minha cama, no outro dia acordo e elas já foram", conta Kethelen. Aliás, os composites com as fotos das modelos são os souvenirs e lembranças oficiais do mundo fashion. Em Piracicaba, ela guarda uma caixa cheia deles. Haja despedida!

Foto: Ricardo Matsukawa / Frame

Paloma Leuze, Cristiane Oliveira, Iamonike e Kethelen Keisa. Foto: Ricardo Matsukawa/Frame

SPFW Inverno 2015

A edição de inverno 2015 do SPFW terá ao todo 38 desfiles, incluindo a estreia de algumas marcas mineiras e uma carioca, já que o Fashion Rio pulou a estação e volta apenas para as coleções de verão.

Prestes a completar 20 anos em 2015, o evento conta com a presença da übermodel Gisele Bündchen, que desfilou para a Colcci na terça-feira (4); e das estilistas internacionais Donatella Versace e Stella McCartney, que vêm ao Brasil especialmente para lançar suas coleções com fast shops brasileiras.

O Terra transmite, mais uma vez ao vivo e com exclusividade na web, todos os desfiles do São Paulo Fashion Week realizados no Parque Cândido Portinari, entre os dias 3 e 7 de novembro. Com a parceria entre Terra e Fashion Forward (FFW), do Grupo Luminosidade, os internautas já puderam acompanhar quatro edições do SPFW e do Fashion Rio, os maiores eventos de moda do País.

SPFW Inverno 2015 - Vc Usaria? SPFW Inverno 2015 - Vc Usaria?

Duelo de Famosas x Anônimas no SPFW Inverno 2015 Duelo de Famosas x Anônimas no SPFW Inverno 2015

Fonte: Terra
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