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O que é a nicotina e por qual razão ela causa dependência?

Entenda como a nicotina consegue viciar tanto as pessoas e quais os efeitos e os prejuízos dela em nosso organismo

20 jun 2021 - 09h14
(atualizado às 09h45)
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Nicotina: o que é e por qual motivo ela causa dependência?
Nicotina: o que é e por qual motivo ela causa dependência?
Foto: Shutterstock / Sport Life

A molécula da nicotina está presente no tabaco e é um dos principais componentes de produtos, como cigarro, que são utilizados para o fumo. Todos já ouviram falar dela, mas a maneira com que ela age em nosso cérebro e os motivos disso gerar dependência ainda são uma incógnita para muitos.

O PhD, neurocientista, neuropsicólogo e biólogo Fabiano de Abreu explica que o tabaco é uma planta (Nicotiana tabacum) "cujas folhas são utilizadas na confecção de diferentes produtos que têm como princípio ativo a nicotina, que causa dependência. No mercado se encontram diversos produtos derivados de tabaco: cigarro, charuto, cachimbo, cigarro de palha, cigarrilha, bidi, tabaco para narguilé, rapé, fumo-de-rolo, dispositivos eletrônicos para fumar e outros".

O especialista conta que "a molécula de Nicotina, considerada uma droga psicoativa, imita o papel de um neurotransmissor chamado acetilcolina, que está relacionado com o movimento muscular, respiração, frequência cardíaca, apetite, humor, no aprendizado e na memória. Inclusive tem relação com o tratamento da doença de Alzheimer no retardamento da degeneração do sistema nervoso central. Pessoas com a Doença de Alzheimer têm níveis baixos de acetilcolina no cérebro".

Além disso, quando a nicotina chega no cérebro, "ela se junta aos receptores de acetilcolina imitando suas ações assim como ativa áreas do cérebro envolvidas com o prazer e gratificação aumentando os níveis de dopamina, outro neurotransmissor, relacionado ao vício". A título de curiosidade, isso explica de forma científica como o jogo também vicia, devido a ativação constante deste neurotransmissor da recompensa.

Fabiano revela que a nicotina também induz a liberação de mais um neurotransmissor, "o glutamato, que é excitatório e está envolvido com a plasticidade sináptica. Por isso a nicotina pode melhorar na memória, mas não pela forma de tabaco, já que é um redutor da oxigenação cerebral".

Vale lembrar que pequenas doses de nicotina "pura" agem como estímulo e subsequentemente como depressor. "Já as altas doses tem efeito rápido de estímulo, mas também tem um efeito depressor duradouro e tóxico", e isso pode ser percebido por qualquer pessoa que tenha contato com fumantes, observa Fabiano. "Sabe quando as pessoas ficam nervosas quando param de fumar? Isso acontece porque o cérebro recebe menos dopamina. Por não absorver nicotina, outro neurotransmissor é produzido, na exigência de resposta para a liberação de dopamina, a noradrenalina".

Além da nicotina, Fabiano lembra que há outras substâncias químicas que são prejudiciais para o cérebro e o organismo em geral. Para quem não sabe, "o tabagismo pode levar ao aumento da ansiedade, depressão e esquizofrenia. Assim como aumentam os riscos para a pessoa desenvolver a doença de Alzheimer", completa.

Tudo isso se reflete em números cada dia mais preocupantes. No Brasil, por exemplo, segundo o Ministério da Saúde, 428 pessoas morrem por dia por causa da dependência à nicotina. Enquanto R$ 56,9 bilhões são perdidos a cada ano devido a despesas médicas e perda de produtividade, e 156.216 mortes anuais poderiam ser evitadas.

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