Parei com a pílula anticoncepcional; e agora?

Seja pelo desejo de trocar o método contraceptivo ou mesmo interromper a contracepção temporariamente, a mulher já espera mudanças no ciclo menstrual quando interrompe o uso da pílula. O medicamento oral, que pode ser de uso contínuo ou com pausa entre as cartelas, é um dos meios mais comuns para evitar gravidez indesejada.

Quando seu uso é abruptamente suspenso, o ovário que estava bloqueado, "como se fosse uma menopausa", volta a produzir hormônios naturais, explica a ginecologista, obstetra e mastologista Monique Novacek.

"Então, ao invés de um hormônio sintético que não deixava a mulher menstruar ou mimetizava o ciclo menstrual, agora a gente vai ter hormônios naturais", pontua a médica, antes de elencar as principais implicações que a mulher pode ter no corpo. São elas:

Alteração de peso

"Pode ter uma alteração de peso, tanto pra mais quanto pra menos, porque, às vezes, a gente tem uma retenção hídrica um pouco maior com o uso da pílula e quando a mulher para, ela pode desinchar". A reação oposta está mais ligada à ansiedade, que pode fazer a paciente comer mais e, consequentemente, engordar.

Melhora na composição corporal

“A mulher vê um efeito no ganho de músculos. Se ela é adepta de uma academia, ela vê uma resposta muito melhor do corpo, desinchando”, afirma Monique.

Mudanças na pele

A interrupção da pílula pode aumentar a oleosidade da pele, e como consequência o favorecimento de acnes e maior queda de cabelo. "Isso porque o hormônio que estava bloqueado, principalmente a testosterona, volta a agir no nosso corpo e o principal efeito nessa transição são esses androgênicos, que a gente fala, então aumento de pelos no rosto, acne e pele oleosa". Essas mudanças, no entanto, podem ser transitórias.

Aumento da libido

De novo, por conta da testosterona, hormônio que é um dos principais responsáveis pela libido. A médica destaca que a mulher pode sentir ainda um aumento da secreção e da lubrificação vaginal, pois a mucosa vaginal costuma ficar muito ressecada com o uso do anticoncepcional.

Volta das cólicas

Esse ponto quem esclarece é o ginecologista e obstetra Leonardo Valladão, mestre na área. Ele ensina que as mulheres que fazem uso da pílula de progestogênio (de uso contínuo), ficam em "aminorreia", termo técnico usado para se referir à fase em que não menstruam. Se ela interrompe a pílula e volta a menstruar, os efeitos vêm juntos.

"Sintomas como as cólicas menstruais, as cólicas causadas por endometriose, a dor pélvica, os sintomas de síndrome pré-menstrual (TPM). como irritação, dor nas mamas, podem reaparecer", esclarece o especialista.

Alterações de humor

A famosa Tensão Pré-Menstrual tem tudo para ficar em destaque, com oscilações de humor mais frequentes ao longo do mês.

Mas e quando os sinais vão além do esperado?

Valladão destaca dois extremos para ligar um alerta na mulher que suspendeu o uso do anticoncepcional. O primeiro é a falta de menstruação, como complementa a ginecologista Monique, por três meses.

"Se essa mulher suspende a pílula e a menstruação não vem, ela pode ter engravidado. Ela deve ser avaliada por um médico e fazer teste de gravidez pra entender se esse quadro de ausência de menstruação é causado pela suspensão da pílula ou se é algo relacionado à gestação", indica o especialista.

Por outro lado, há mulheres que experimentam o oposto: sangramentos muito excessivos.

Tratam-se de pacientes com miomas ou outros problemas que usam a pílula também para diminuir seus sintomas. Quando preocupantes, os sangramentos podem levar a quadros de anemia e necessidade de reposição de ferro. Isso reforça a necessidade de acompanhamento ginecológico antes e depois da suspensão de qualquer contraceptivo.