Pílulas de bronzeamento de pele funcionam, mas o custo é alto
Em alta no TikTok, não se sabe até que ponto elas são realmente seguras
Suplementos de bronzeado, como cápsulas de carotenoides, começam a fazer sucesso entre as pessoas, mas não oferecem a mesma proteção do bronzeamento natural causado pela melanina e podem oferecer alguns riscos à saúde, se consumidos incorretamente.
Se a exposição solar não é a maneira mais segura de obter um bronzeado natural e homogêneo na pele, então o caminho é a ingestão de substâncias naturais, correto? Uma olhadinha na internet é suficiente para perceber que as pílulas de bronzeamento estão em alta.
Com o mote de contar com substâncias que muitas vezes estão presentes em alimentos considerados saudáveis, como cenoura e tomate, esses suplementos começam a fazer sucesso também no TikTok, com destaque para a hashtag “carrot tan”, com mais de um bilhão de visualizações no aplicativo.
“Os pigmentos que proporcionam coloração na nossa pele são a melanina, o caroteno e a hemoglobina. A melanina é o pigmento predominante e responsável pela coloração escura quando ficamos bronzeados. O caroteno deixa a pele amarelo-alaranjada e pode aumentar conforme ingerimos carotenoides encontrados em alimentos como cenoura ou cápsulas. A hemoglobina é aquele pigmento chato que é predominante em pessoas com olheiras e é causado pelo extravasamento de sangue, quando levamos uma pancada ou em pessoas com pré-disposição a olheiras. Sabendo que a melanina é o principal pigmento que proporciona o bronzeamento, não faz sentido usar carotenoides. O resultado dessa suplementação é um risco de deixar a pele laranja”, explica a dermatologista Mônica Aribi, sócia efetiva da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
A ação dos suplementos
O licopeno e a astaxantina são dois tipos de carotenoides encontrados nos suplementos, ambos comumente comercializados com a premissa de trazer uma série de benefícios que incluem desde uma pele melhor até uma saúde cardíaca aprimorada.
“Mas quando consumidos em excesso ou em conjunto, esses ingredientes também podem deixar a pele com uma tonalidade leve ou dramática. Eles funcionam acumulando-se na gordura abaixo da pele, nas camadas de gordura e onde a gordura é mais abundante, apenas para lhe dar uma cor que pode variar do bronze ao alaranjado e ao arroxeado, dependendo do ingrediente real e de como ele interage com o tom de pele da pessoa”, diz a Mônica Aribi.
Por exemplo, o licopeno tem um pigmento vermelho natural, que dá a tonalidade às frutas e vegetais vermelhos, como beterraba e melancia. O betacaroteno da cenoura é vermelho-laranja.
De acordo com a dermatologista, os consumidores notarão primeiro esses pigmentos nas palmas das mãos, plantas dos pés e outras camadas espessas da pele. “Quando você começa a ver isso, é uma indicação de que existem níveis elevados do ingrediente no corpo”, diz ela.
É seguro tomar esses suplementos
Mas, afinal, é seguro tomar suplementos de licopeno ou astaxantina para se bronzear? Embora nenhuma pílula bronzeadora tenha embasamento científico, é bom lembrar que, por mais que a pele possa ficar mais escura, isso não é garantia de proteção extra contra o sol.
“O escurecimento causado pela melanina oferece ação protetora para a pele. Se você tiver o pigmento naturalmente, estará mais protegido contra o câncer de pele. Mas o pigmento obtido por esses suplementos não confere a mesma proteção e pode dar a falsa sensação de maior proteção contra os danos solares. A melanina por si só confere um fator de proteção solar natural de 8 a 13. É por isso que os pacientes de pele mais escura não desenvolvem câncer de pele nas mesmas taxas que os pacientes de pele mais clara. Independentemente disso, todos devem usar FPS 30 ou superior – algo que essas pílulas certamente não fornecem”, diz Mônica.
Além disso, a médica observa que o licopeno, em particular, apresenta riscos adicionais à saúde se tomado incorretamente.
“Ele pode causar diarreia e náusea, algumas dores de estômago, cólicas e pode interferir em alguns outros medicamentos, como os anticoagulantes, por isso, se alguém estiver tomando anticoagulantes, poderá ter um risco maior de sangrar muito”, diz a médica.
A dermatologista ainda pontua que, quando se trata de suplementos de licopeno e astaxantina, não há muitos dados sobre seus riscos e benefícios, mesmo quando tomados na dose “recomendada”.
“Não sabemos realmente até que ponto eles são seguros e são necessárias mais pesquisas para realmente determinar isso. Em vez de digerir o desconhecido, a melhor forma de conseguir um bronzeado, sem o risco de se expor aos raios UV, é optar por soluções de bronzeamento temporário, como espumas e loções”, diz a médica.
“E, claro, a exposição solar deve ser minimizada e, quando acontecer, o ideal é priorizar os horários mais seguros de exposição: antes das 10h e após às 16h”, finaliza.
(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.