Por que a base de Virginia não pode ser classificada como dermomake?
Especialista aponta como testes feitos pela WePink são insuficientes para comprovar a eficácia da base no cuidado com a pele
O assunto da última semana foi a polêmica base da empresária e influenciadora Virginia, anunciada por R$ 200. Em meio às discussões sobre o preço, a estratégia de marketing e o posicionamento da influenciadora, cresceu ainda as críticas ao uso do termo "dermomake".
A expressão veio acompanhada da informação de que o produto teria diversos benefícios, entre eles combater "o envelhecimento precoce, linhas de expressão e oleosidade".
Mas existe dermomake?
Primeiro, é preciso entender que se trata de um termo comercial — cientificamente falando, não existe maquiagem com essa especificação.
"O mercado o utiliza para designar um produto que tem efeito de maquiagem e possui, ao mesmo tempo, na sua formulação ingredientes ativos e consagradamente utilizados na indústria de cosméticos para melhorar textura e qualidade da pele, hidratar e atenuar manchas e rugas finas", explica a dermatologista Renata Sitonio, professora, palestrante em cursos para médicos e congressos de dermatologia estética e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica.
Um produto cosmético pode oferecer tais benefícios?
A médica confirma que sim, pois hoje em dia as evidências científicas "são todas a favor do skincare". "Sabe-se que o uso dos produtos adequados pode, além de retardar o processo de surgimento de rugas e flacidez, ajudar no tratamento de doenças de pele, como acne, dermatites e melasma", pontua.
A base de Virginia dá conta disso?
Conforme explica Renata, não é possível saber. Isso porque a marca WePink diz que a formulação da base contém vitamina E, ácido hialurônico, niacinamida e esqualeno vegetal como ativos da skincare. Essas substâncias costumam auxiliar na hidratação da pele, agindo como antioxidantes e calmantes.
"No entanto, a concentração, ou seja, a quantidade de cada um desses componentes dentro da fórmula não é informada, o que gera dúvidas em relação à eficácia, já que o produto é registrado na Anvisa como cosméticos grau I".
Para os produtos desse nível, os testes solicitados pela agência são de segurança, e não necessariamente de eficácia. Ou seja, cosméticos como a base da WePink provaram não causar problemas à saúde de quem utiliza, mas não precisaram provar que são eficazes no combate ao envelhecimento da pele.
Como escolher a base adequada para o rosto?
O primeiro passo é identificar o tipo de pele: pode ser seca, oleosa, mista ou madura. Nesse último caso, as bases com acabamento glow são as mais bem aceitas, por exemplo, por hidratar e marcar menos as expressões.
"Já quem tem pele oleosa ou mista, deve escolher uma base com efeito mate. Se for escolher uma base que contenha filtro solar, lembrar que o FPS precisa ser igual ou maior que 30 e que a quantidade de produto importa. A quantidade correta de filtro solar para rosto, pescoço e couro cabeludo deve ser de uma colher de chá. E isso inclui se o filtro solar já vier na base", indica a dermatologista.
Vale ressaltar que é importante testar a base antes de adquiri-la, afinal a cor do produto oxida após a aplicação e, por isso, pode mudar dentro de algumas horas. Nesse caso, o ideal é experimentar dentro da loja e esperar em torno de duas horas para saber se o resultado foi satisfatório para o seu tipo de pele.
O que levar em conta na hora de escolher a base, filtro solar ou ácido hialurônico?
Quando se fala em base, o mais importante é o efeito que se busca com o uso do produto. Já o skincare e a proteção solar devem ser feitas separadamente.
"Os produtos híbridos com proteção solar e maquiagem em geral tem uma quantidade de ativos muito pequena, o que não pode ser considerado suficiente para o tratamento da pele. Isso vale ainda mais para o filtro solar que, assim como os remédios, tem uma dose ideal para fazerem efeito", alerta a especialista. A quantidade indicada para filtros é de uma colher de chá.