Professora de ioga rebate críticas: "sou gorda e não é ruim"
Jessamyn Stanley virou febre na web com suas poses de ioga e, principalmente, pela tentativa de quebrar estereótipos e preconceitos
A americana Jessamyn Stanley, de 28 anos, foi chamada de “yoga star” pela revista People, a atriz Sofia Vergara escreveu sobre ela em seu blog, Zooey Deschanel compartilha suas publicações nas redes sociais e ela tem sido apontada por várias publicações internacionais como o novo nome da prática milenar nos Estados Unidos.
E qual a razão deste destaque se a professora não fez cursos na Índia, não viajou o mundo para aprimorar sua técnica, nem aprendeu com grandes mestres? A jovem, claramente acima do peso, simplesmente usa a paixão pela ioga para quebrar estereótipos e mostrar que independentemente do tipo físico, trabalhar para se ter mais conexão com o próprio corpo é absolutamente possível, muito importante e sem tantos obstáculos quanto as pessoas costumam impor.
“Nas minhas aulas encorajo as alunas a pensarem ‘como eu me sinto’ em vez de ‘como eu pareço’ ao praticar ioga”, contou em conversa com o Terra.
Com mais de 100 mil seguidores no Instagram, Jessamyn se apresenta como “yoga enthusiast and fat femme” (entusiasta da ioga e mulher gorda, em português) e, despretensiosa em relação a esse papel, ela se define assim para tirar o peso pejorativo de não ter um corpo de capa de revista. “Eu sou gorda e isso não é ruim. A coisa mais importante é saber respeitar quem você é e não qual seu formato. Não devíamos nos preocupar tanto com os corpos das outras pessoas”.
Mas Jessamyn nem sempre foi assim tão segura de si própria. Pelo contrário. Ela sempre lutou contra o excesso de peso com regimes e exercícios, mas não conseguia emagrecer como gostaria. Resultado? Se sentia “julgada” pelos outros e estava sempre insatisfeita consigo mesma. A ioga apareceu neste cenário, mas na primeira – e frustrante! – tentativa, a americana apostou na prática para perder peso e ter músculos mais definidos, mas achou muito difícil e desistiu.
Na segunda vez que visitou um estúdio por insistência de uma amiga, estava mais focada em usar a técnica para ajudar a superar um momento difícil, quando havia perdido a avó e terminado com a namorada em um curto espaço de tempo. “Na primeira vez, foi horrível, jurei que nunca mais voltaria para uma aula. Depois, uma amiga disse que eu ia amar, então dei uma chance, tentei e a ioga mudou minha vida de várias maneiras”. E completa: “mudou tudo sobre como enxergo a vida, como lido comigo mesma e com os outros. Mudou cada parte de como eu reagia a tudo”.
Sem dinheiro para pagar as aulas, ela trabalhava em um estúdio nas horas vagas para poder frequentar o local. Quando se formou na faculdade e precisou ter um emprego convencional para pagar as contas, passou a praticar em casa. Hoje, além da jornada de trabalho, ela se dedica a ioga no tempo livre e nos fins de semana dando aulas gratuitas na Carolina do Norte, onde vive.
Nos encontros com as turmas, Jessamyn tenta ensinar o que, para ela, é a essência da ioga. Nada de apenas uma prática de repetidas posições, nem técnicas de respiração e melhora de concentração. Mas, principalmente, uma maneira de se conectar ao corpo e à parte emocional. “Ioga não é sobre ir a mesma aula, ver o mesmo professor, fazer a mesma sequência, mas sim sobre escutar seu corpo”. Ela explica que se as costas doem com um movimento, se o joelho reclama ou os braços não dão conta, é possível adaptá-lo para seus próprios limites e, com o tempo, ganhar força e capacidade de desenvolver da forma inicial.
Apesar de ter ganhado fama repentina nas redes sociais, Jessamyn ainda precisa conviver com o preconceito e críticas dos próprios internautas e dentro do próprio universo das academias. “Outro dia, uma professora de ioga veio até minha aula e quando viu que eu seria a instrutora, criticou minha forma, minha cor e quis sair. No fim do exercício, ela reconheceu. Mas eu pensei ‘uau, como uma professora de ioga pode ter uma postura assim?’ Eu sinto muito por ela”. Nós também, Jessamyn!