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Psiquiatra alerta para o risco de dependência de anfetaminas, indutores do sono e analgésicos

No Dia Nacional de Combate às Drogas, é preciso falar também sobre automedicação e vício em medicamentos

20 fev 2020 - 15h10
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Tomar anfetamina para emagrecer. Fazer uso de analgésico para "relaxar". Consumir sempre um indutor de sono para uma boa noite depois de um dia intenso de trabalho. A dependências de certos remédios, sem acompanhamento médico adequado, preocupa os especialistas.

Nesta quinta-feira, 20, é celebrado o Dia Nacional de Combate às Drogas. O 3º Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas, coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e divulgado em agosto do ano passado, apontou que o uso de medicamentos está em segundo lugar no ranking do consumo de substâncias legais e ilegais que causam dependência - perde apenas para a maconha.

Os entrevistados foram questionados a respeito do uso e do abuso de substâncias como tabaco, álcool, cocaína, maconha, crack, solventes, heroína, ecstasy, tranquilizantes benzodiazepínicos (diazepam, clonazpam, alprazolam), esteroides anabolizantes, sedativos barbitúricos, estimulantes anfetamínicos, analgésicos opiáceos, anticolinérgicos, LSD, quetamina, chá de ayahuasca e drogas injetáveis.

Nos 30 dias anteriores à pesquisa, as substâncias foram consumidas de forma não prescrita, ou de modo diferente àquele recomendado pela prescrição médica, por nada menos que 0,6% e 0,4% da população brasileira, respectivamente.

O Conselho Regional de Farmácia de São Paulo estima que 77% dos brasileiros tomam remédio por conta própria. Para a psiquiatra Alessandra Diehl, esse resultado demonstra um padrão de risco e requer alerta.

"A automedicação é um fenômeno preocupante e bastante comum na nossa cultura. A busca de um alívio imediato pode retardar um adequado diagnóstico e consequentemente uma resolução adequada de um quadro clínico. Vivemos em uma sociedade que tem pressa e não parece suportar qualquer dor e frustração", diz.

A psiquiatra acrescenta que há uma grande preocupação clínica em relação ao uso do zaleplon, zolpidem e zopiclone ("drogas-Z") em relatos científicos nos últimos anos. "Esse medicamento, que para muitos parece inofensivo e visto como um aliado para driblar a insônia, possui efeito sedativo e hipnótico. Muitos casos de uso indevido de zolpidem vem sendo relatado na literatura até o momento. Na maioria deles, já havia um histórico de abuso de álcool ou drogas. As pesquisas revelam que as pessoas que tomam o medicamento podem ter sonambulismo, crescente prejuízo cognitivo, principalmente de memória e, sobretudo, tolerância e consequente dependência", afirma Alessandra Diehl.

Diante das evidências científicas, o FDA, agência reguladora de alimentos e remédios dos Estados Unidos, passou a alertar a comunidade médica e pacientes sobre os efeitos colaterais das "drogas-Z", compostas desde 2013. Deve-se tomar cuidado ao prescrever essas substâncias, especialmente para pacientes com doenças psiquiátricas e/ou histórico de abuso de drogas.

Estadão
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