Bailarina aos 60 anos leva balé e solidariedade para todos com o Aulão do Bem
Iniciativa mensal une dança e doação em encontros inclusivos no Rio de Janeiro
Com um sonho antigo guardado no peito e coragem recém-descoberta aos 60 anos, Lu Fernandez decidiu, enfim, entrar para uma sala de balé. Mal sabia ela que a coragem a levaria a inspirar tantos outros com um projeto de impacto social: o Aulão do Bem. A aula beneficente, que acontece mensalmente no Rio de Janeiro, também já ganhou duas edições em São Paulo, sempre com o mesmo princípio: democratizar o balé e, ao mesmo tempo, apoiar causas sociais.
“Eu comecei a fazer balé com 60 anos. Isso já era um sonho, digamos, um pouco antigo, um pouco guardado, mas que eu não tinha coragem de concretizar”, contou Lu em entrevista ao Terra Agora, nesta quinta-feira, 24. “Com 60 anos, resolvi começar e tive o apoio da minha madrinha, Ana Botafogo.”
O nome de peso na dança clássica brasileira é também parte da família - Ana é prima do marido de Lu - e teve papel fundamental para que o sonho saísse do papel. “Uma coisa curiosa é que eu nunca tinha comentado com ela sobre o desejo de fazer balé. Como é que eu ia comentar, aos 60 anos de idade, e dizer para Ana Botafogo que queria fazer balé? Ela ia achar o quê? Que eu estava enlouquecendo.”
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
Quando Lu finalmente compartilhou a novidade, a resposta foi imediata: “A primeira coisa que ela me disse foi ‘Eu quero te dar uma aula’”, relembra. “Desde então, eu a considero minha madrinha.”
A experiência virou conteúdo no perfil @balletaos60, que logo ganhou engajamento de outras pessoas com sonhos semelhantes. “Tive um retorno muito grande, uma demanda de pessoas buscando por classes de balé para a terceira idade e dizendo que tinham vontade mas não tinham coragem.”
Foi desse movimento que nasceu o Aulão do Bem, pensado como porta de entrada para quem quer dançar - e também ajudar. “É um aulão beneficente, em que a pessoa faz a inscrição e essa inscrição é uma doação para uma determinada causa”, explica. Em abril, a arrecadação será destinada ao projeto ViDançar, que oferece aulas de dança no Complexo do Alemão.
Mais do que um evento pontual, o Aulão se tornou espaço de acolhimento e transformação. “O aulão é inclusivo. Não importa o corpo e não importa a idade. As pessoas se abrem. Elas se permitem viver aquele sonho.”