As mulheres que após os 30 anos optaram pela adoção
Elas esperaram se sentirem seguras psicologicamente e financeiramente para se dedicarem a um filho
Quem vê a bancária Nubia Dalla Porta, 38 anos, junto dos seus três filhos nem imagina que um dia chegou a cogitar nunca ser mãe. Mais do que isso! Chegou a pedir ao marido fazer uma cirurgia de esterilização. Ela sempre priorizou a carreira e já havia definido que a maternidade não faria parte da sua vida. Até que um dia tudo mudou. “Chegou o Dia das Mães de 2012 e pôs abaixo toda a minha segurança. E eu percebi que a partir daquele dia eu não seria feliz por não ter filhos”, recorda.
Mas, e agora? Como o marido dela já não era mais fértil, a adoção pareceu a solução óbvia para o casal. Em um abrigo em Brasília, ela encontrou três irmãos: Érik, com 4 anos, Ana Carolina, com 6 anos e Vitória (agora Maria Vitória porque queria ser Maria como a avó), com 8 anos. “Crianças sem experiência e sem ambição. Não conheciam o mundo e muito menos sabiam que deveriam lutar por ele”, recorda Nubia.
Desde o início, Nubia conta que era um desejo adotar três crianças maiores, nada de fraldas ou mamadeiras. O processo de adoção foi protocolado em agosto de 2012 e em janeiro de 2014 o trio, finalmente, ganhou uma família. “Eu sempre quis ser uma profissional formada, bem sucedida, independente... mas não mãe. Hoje, me vejo doando meu tempo, abrindo da minha individualidade e recebo muito amor em troca. A maternidade é uma grande alegria, seja da forma que vier”, exalta.
Opção clara por adotar
Ao contrário de Nubia, a professora Elaine Evaldt Machado, 51, sempre soube que seria mãe. A opção por ter um filho após os 30 anos foi para esperar a família ter uma condição financeira boa para poder criar o Pedro, hoje com 18 anos, com mais tranquilidade. Por isso, aos 35 anos, ela e sua companheira adotaram o menino que tinha 3 dias de vida.
“Sempre soube que um dia adotaria uma criança. Algo me encantava nessa ideia. Nunca pensava em gerar um filho. Pensava bastante também em parceria. Ter um filho é uma atitude muito significativa e me preocupava muito com isso”, lembra.
Elaine tinha 10 anos de relacionamento quando resolveram adotar o menino. “Isso foi primordial para que o ato da adoção fosse realizado, porém a tomada de decisão foi minha. O desejo de ser mãe era meu, ela comprou a ideia e no fim ele foi adotado pelas duas. No entanto, na certidão de nascimento só está o meu nome como mãe”, fala, contando que a criação de Pedro foi baseada em muita sinceridade. “Ele sempre soube que era filho do coração e que sua família era composta por ele e duas mulheres. Ele sempre lidou de maneira muito tranquila quanto a ser adotado e ter duas mães. Inclusive parece ter orgulho disso”, ressalta.
Elaine afirma que Pedro veio na hora certa, para iluminar a sua vida. “Por volta dos 7 anos, ele nos fez diversas perguntas e todas foram respondidas com muita sinceridade. Sempre fomos aconselhadas por psicólogos a agir da forma mais natural possível”, recorda.
Nubia, que foi mãe aos 34, hoje não consegue mais se imaginar sem seus filhos. “A melhor sensação de todas é acompanhar o desenvolvimento das crianças. Dei a mim a oportunidade de redescobrir o mundo. Crianças adotadas trazem suas marcas e é fundamental respeitar isso, sem ignorar o que já foi vivido. Tudo deve ser enfrentado e superado para que as marcas se tornem lembranças distantes”, reflete.