As mulheres que vivem a juventude na terceira idade
Elas são independentes, se viram bem sozinhas e comemoram a vida com liberdade
Maria Olíria Santos, 79 anos, é dona do próprio nariz. Ela mora sozinha, cuida do jardim da sua casa, dirige o próprio carro e decide a sua rotina. Leda Gloeden, 71, comemora a liberdade. No seu dia a dia cabem muitas tarefas, entre elas aulas de teatro. Marisa Maya, 67, é advogada e tem uma rotina intensa de trabalho. Três mulheres com vidas completamente diferentes, mas um ponto em comum: vivem de forma plena e independente a chamada terceira idade.
Quem vê Maria no trânsito nem imagina que há três anos ela tinha dificuldades para ficar sozinha. Ela ficou viúva, depois de quase 60 anos de um casamento feliz, e se viu perdida. Recebeu apoio da família, no entanto, sentiu que precisava se reinventar. E assim fez. “Eu queria me sentir capaz, queria decidir sozinha. Então percebi que tenho idade e saúde para me virar muito bem”, comemora.
Leda experimenta a liberdade desde que se divorciou. Esta nova fase permitiu a ela conhecer um pouco mais sobre si mesma. “Fomos criadas para casar, ter filhos, eu fiz isso e amei. Agora estou num outro momento da minha vida”, conta, lembrando que com a independência veio a capacidade de escolher o que quiser fazer da vida. “Não posso ficar parada, faz parte da minha personalidade o agito. Mesmo com essa idade, tenho sede de vida, me acho jovenzinha para muitas coisas”, ressalta.
Marisa conta que a sua aposentadoria é insuficiente para se manter e, por isso, nunca abandonou a advocacia. “Mas talvez esse seja o segredo de ficar saudável: manter a cabeça ocupada”, acredita. O fato dela nunca parar de trabalhar lhe deu liberdade para viajar e fazer o que quiser do seu tempo de folga. Aliás, para ela a vida precisa ser vivida. “E não suportada! Por isso, vivo de forma plena. Faço festas com meus amigos, curto os meus netos, ando de bicicleta e tento viver da melhor forma possível”, fala.
Elas reinventam a maturidade
Maria, Leda e Marisa não aparentam a idade que têm. Aliás, para elas a terceira idade nem existe. “Não suporto essa nomenclatura. A vida é uma só e tem que ser vivida em toda a sua plenitude, independentemente da idade. É claro que muitas coisas já não podemos fazer. Mas a experiência que a idade nos dá também nos leva para outras atividades tão prazerosas quanto”, ressalta Leda.
Maria conta que já foi questionada várias vezes por estar na fila de prioridade no banco. “Sempre acham que sou bem mais nova. Ninguém acredita que estou chegando aos 80 anos! Mas é pela força que eu tenho de sempre seguir em frente”, exalta. Ela se surpreende com a forma que encara o início da octogésima década de vida. "Nunca me imaginei assim", fala.
Para Marisa, os netos que a mantêm ativa e informada, são a sua fonte de juventude. “As pessoas nem acreditam quando eu digo que tenho mais de 60 anos. Mas hoje a gente não chega à terceira idade fazendo tricô, temos muito o que fazer da nossa vida”, comemora.
Liberdade através da arte
Maria nunca imaginou cuidar somente de si. Ela, que viveu para o marido, filhos e netos, está tendo a oportunidade de conhecer um pouco mais de si mesma. “Descobri o amor pela pintura em papel e estou pintando muitas telas também”, conta. Para Leda o teatro é sua forma de se reinventar, sempre. “Eu sempre amei esta arte e poder subir nos palcos hoje me faz muito feliz”, afirma.