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Elas driblaram o preconceito para namorar homens mais jovens

Mulheres que casaram, namoram, ficam com homens mais novos contam suas histórias

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Será que a idade importa na hora de se relacionar com alguém? Durante algum tempo, as mulheres mais velhas que namoravam, ficavam ou casavam-se com homens mais jovens foram vistas com preconceito. E às vezes ainda são. A verdade é que idade não é um fator definitivo para uma relação dar certo ou não, e elas provaram isso driblando olhares curiosos e comentários agressivos e confiando em seus instintos. 

A advogada paulistana Miriam Souza, 37 anos, é uma dessas mulheres. O namorado dela, Paollo, tem 29 anos. Os dois estão juntos há três anos e a diferença de idade, para ela, nunca foi importante a ponto de impedir o começo de uma relação. Quando se conheceram, ainda como amigos, ambos estavam em outros relacionamentos, ela também com um homem mais novo.

Miriam tem 37 anos e Paollo, 29
Miriam tem 37 anos e Paollo, 29
Foto: Arquivo pessoal

“O relacionamento anterior foi negativo por causa de imaturidade, então pensei: ‘Nossa, nunca mais’. Mas também nunca coloquei isso como um impedimento... Mas eu sou uma pessoa que dá chance ao amor. Quando aconteceu isso com o Paollo, deixei acontecer”, lembra.

Depois de cinco meses saindo, o namoro foi formalizado. “Ele é todo cheio de formalidades, me levou para jantar, fez discurso. Foi muito legal, muito gostoso. Nunca pensei que àquela altura da minha vida eu ia ter tudo aquilo de novo, me senti muito bem. Embora mais jovem, é muito maduro. Não existe idade para isso, vem de como a pessoa é”. 

Em alguns momentos, ela sente que a diferença de oito anos traz situações diferentes, mas isso não chega a atrapalhar . “Por exemplo, eu já moro sozinha, ele está vivendo isso agora. Sinto que ele quer viver coisas que eu já vivi e eu quero que tudo aconteça mais rápido. Mas é como se a gente chegasse num meio termo. Isso é muito importante num relacionamento de homem e mulher, quando a mulher é mais velha. O mais importante é você conseguir fazer isso de forma equilibrada. Depois, você percebe que nem existe diferença”, diz. 

Antes de idade, pessoas

A produtora cultural Dedé Ribeiro tem 58 anos e nunca pensou em idade na hora de entrar em um relacionamento. “Eu me interesso por pessoas, independentemente da idade. Isso não faz a menor diferença para mim”, conta. De Porto Alegre, ela lembra ter passado por algumas situações de estranhamento quando namorou homens mais novos.

Dedé tem 58 anos e já passou por situações em que o namorado foi confundido com um filho
Dedé tem 58 anos e já passou por situações em que o namorado foi confundido com um filho
Foto: Arquivo pessoal

“Já aconteceram coisas...tinha um namorado de 33 anos, e às vezes a gente chegava num lugar e perguntavam se ele era meu filho. Eu dizia que não, que ele era meu namorado, e as pessoas achavam legal, não tinha uma reprovação. As pessoas achavam divertido e a gente encarava com naturalidade. Não tem nada errado a pessoa perguntar se ele é meu filho”, diz. 

Dedé nunca sentiu preconceito por namorar homens mais jovens. Ela atribui isso ao seu círculo social. “Convivo com pessoas de uma área onde há menos preconceito do que a maioria, mas sei que existe um preconceito maior quando a mulher é mais velha do que ao contrário”, constata.

Na opinião da produtora, a procura das pessoas por relações que as satisfaçam emocionalmente tem possibilitado novas formas e combinações entre os parceiros, independentemente de idade. 

“As pessoas estão buscando relações mais genuínas, por que relações superficiais você pode ter nas redes sociais. Então, se você vai ter que compartilhar algo no mundo real, é melhor que isso seja verdadeiro. Está surgindo uma questão de olhar mais para o que a pessoa é do que para o que ela aparenta”, diz.

Da mesma geração

Mesmo com pouca diferença de idade, a designer de interiores Fernanda Gonçalves Lopes, de 34 anos, e o marido Gabriel Lopes Gonçalves, de 28, sofreram preconceito no início do namoro. Eles se conheceram na faculdade de comunicação, quando um amigo em comum os apresentou. Os dois estudavam em Petrópolis e Fernanda começou o ensino superior mais tarde. Do curso ela desistiu. Do namoro, não.

Fernanda chegou a ser insultada por uma colega de trabalho por se apaixonar por um homem mais novo
Fernanda chegou a ser insultada por uma colega de trabalho por se apaixonar por um homem mais novo
Foto: Arquivo pessoal

Na época em que se conheceram, ela tinha 29 e ele 23. No primeiro barzinho juntos, em 2011, conversaram até tarde como se fossem conhecidos de muito tempo, e desde então estão juntos. Na mesma semana, começou o namoro, e dois meses depois se casaram e adotaram um cachorro. “Somos amigos e companheiros desde esse dia. E eu nunca escondi minha idade dele”, lembra Fernanda.

A designer conta que já ouviu muitos comentários maldosos, mas aprendeu a ignorá-los. “Uma moça que trabalhou comigo disse que eu era ridícula, porque estava com quase trinta anos e apaixonada por um cara mais novo. Coisas assim na hora até incomodam, mas sinceramente, não me abalam porque o que importa para mim é o que eu vivo”, afirma.

Com gostos e hobbies parecidos, os dois são caseiros. Apesar da diferença de idade, são da mesma geração. “Nossa convivência é bem leve”, diz.

Eduardo e Mônica

A história dos mineiros Karla e Elton Oliveira Neves é parecida. Embora os dois não tenham uma diferença de idade maior do que seis anos (ela tem 34 e ele 29), quando se conheceram Karla já era independente. Elton estudava para passar no vestibular de Medicina. 

Karla e Elton em 2012, já noivos. Eles se conheceram quando ele tinha 16 e ela 21
Karla e Elton em 2012, já noivos. Eles se conheceram quando ele tinha 16 e ela 21
Foto: Arquivo pessoal

Os dois nasceram em Guapé, interior de Minas Gerais, e se conheceram quando ela tinha 21 e ele 16. “Quando soube da idade dele, eu sempre ficava me falando que estava só ficando com ele, e uma outra vozinha me dizendo que ele era muito legal. Essa questão da idade não teve importância nesse momento, até porque eu achava que não ia casar com ele”, ri Karla. 

E continua: “Ele estava no pré-vestibular e eu terminando a faculdade de Administração e trabalhava em banco. Sabe Eduardo e Mônica?”

Depois de quase três anos de encontros, saídas, e desencontros, Elton pediu Karla em namoro. Ele tinha 19 anos, ela 25. Depois de dois anos juntos, Karla decidiu terminar o relacionamento, com medo de que a diferença de idade atrapalhasse. “Ele estava estudando, morando em Lavras, em uma república, e eu em Belo Horizonte. E eu já era independente, estava consolidada na carreira. Eu me sentia insegura em ser a namorada mais velha”.

Ficaram um ano separados. Nessa época, Karla foi morar no Rio de Janeiro. “Senti muito a falta dele e resolvi procurá-lo. Então voltamos e consolidamos mais nossa relação. Depois de um ano, ficamos noivos”.

Hoje Karla lembra que muito da insegurança que sentiu vinha também da pressão de fora, do que escutava e do tipo de relacionamento que os outros imaginavam para ela. “Já escutei pessoas questionando porque eu não escolhia um homem mais velho e bem sucedido. Já tive isso dito explicitamente para mim: que eu era muito para o Elton, que eu era muito evoluída, muito culta, estudada, já tinha todas as minhas coisas e não podia investir em algo que eu não saberia se ia dar certo”, conta.

Há três anos, Karla e Elton são pais de uma menina, e a presença de Elton foi fundamental nos primeiros dias de vida da filha, já que ela passou por uma complicação pós-parto rara, chamada síndrome de Hellp. A cumplicidade entre os dois se fortaleceu ali, e hoje só aumenta: “Eu acho que a presença de um homem mais novo é sempre melhor, porque é mais viva”.

Fonte: Terra
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