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Mulheres contam como é libertador assumir o cabelo branco

Veja por que ele não é mais sinônimo de envelhecimento, mas de atitude e segurança

14 jul 2016 - 15h16
(atualizado em 15/7/2016 às 08h00)
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Quem tem o cabelo branco precisa tingi-lo. Essa frase parece uma regra, certo? Pois não para um grupo de mulheres que, na contramão de quem insiste em afirmar que os fios prateados envelhecem, estão assumindo o tom natural cada vez mais cedo. Donas de personalidades fortes, elas encaram de forma pacífica a passagem de tempo e não querem esconder a idade – mas mostrá-la.

Mulheres não precisam mais esconder os fios brancos
Mulheres não precisam mais esconder os fios brancos
Foto: gpointstudio/Shutterstock

E foi a liberdade por trás da abolição da tinta que motivou a economista Elca Rubstein, 70 anos, a produzir o documentário Branco & Prata, que conta como é ser uma grisalha diante de tantos cabelos tingidos por aí. “Eu me descobri mais bonita e interessante de cabelo branco. Por isso, resolvi sair na rua procurando quem passava de cabeça erguida por quem pinta o cabelo", ressalta.

A produtora conta que adotar este estilo ainda não é uma opção fácil, é preciso assumir e segurar a escolha. “Não somos totalmente aceitas. As pessoas vão nos dizer para não fazer isso, que vamos parecer mais velhas, menos interessantes. Que não vamos mais ficar desejáveis. Por isso precisamos matar no peito os riscos e mostrar que é tudo ao contrário do que se pensa”, pontua. Elca conta que, antes do novo look, chegava a retocar a raiz a cada 10 dias.

Elca se sente mais bonita e segura com os fios naturalmente brancos
Elca se sente mais bonita e segura com os fios naturalmente brancos
Foto: Arquivo pessoal

Elca afirma também que quando as mulheres mais jovens passarem a adotar os brancos, o tabu será quebrado. “Conheço mulheres interessantíssimas que estão com o cabelo branco aos 40 anos. Elas certamente serão exemplos para as outras mais jovens. Esses dias questionei uma mulher sobre sua opção de abandonar a tinta e ela se limitou a me responder: por vaidade. E prontamente a convidei para participar do meu filme”, contou, ressaltando que o documentário está em fase de pós produção.

Para a socióloga, mestre em ciências sociais aplicadas e consultora em desenvolvimento humano e profissional Alexandra Boeira, 45 anos, o tabu não está em assumir os cabelos brancos; o tabu está em envelhecer. “Contudo este ato é muito nobre. Este, talvez, seja o maior desafio das pessoas na atualidade”, reflete. Para Alexandra, vivemos de forma exagerada o excesso de valores pela beleza exterior.

Mulheres que aderiram aos fios prateados são inspiração do filme produzido por Elca
Mulheres que aderiram aos fios prateados são inspiração do filme produzido por Elca
Foto: Arquivo pessoal

“Fico feliz quando me deparo com pessoas que se aceitam, e que, afinal das contas, sabem respeitar o conselho dos anos. Saber se dimensionar hoje é extremamente necessário", fala, completando que é bom e vantajoso ser belo, principalmente nesta sociedade de consumo excessivo, mas aceitar-se é libertador. “E a liberdade é um dos grandes valores que todos deveríamos buscar para ser feliz”, conclui.

Liberdade de escolha

Para Elca, as que deixam os fios brancos naturais incomodam tanto, que, de certa forma, denunciam aquelas que ainda pintam, confirmando a teoria do psicanalista Joel Birman, autor do livro O sujeito na contemporaneidade: “a atitude gera agressividade nas mulheres ligadas aos ideais de culto à juventude. As denunciadas se sentem desmascaradas diante do espelho”. 

Além disso, a economista e produtora traz uma importante questão: cabelo branco nos homens os tornam mais charmosos e nobres – ou pelo menos é assim que as mulheres os veem. “Mas e quando os fios pratas aparecem na cabeça das mulheres, elas agem rápido para encobri-los, certo? Temos que mudar isso”.

Fonte: Canarinho Press
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