Pé na estrada: Veja mulheres que estão viajando após os 50
Elas ultrapassam fronteiras e comemoram a alegria e a renovação que é viajar entre amigos
A empresária Delta Buchfink, 63 anos, a professora aposentada Vera Maria Roth, 65 anos, e a dona de casa Nelcy Teixeira Argenti, 79, fazem parte de um grupo de mulheres que resolveu por o pé na estrada após os 50 anos. E não importa de qual lado do oceano fica o caminho: sair da rotina, renovar energias e voltar ainda melhor é, para elas, somente questão de planejamento.
Quando Delta resolveu alugar um carro em Frankfurt, na Alemanha, com mais três amigas, ela nem imaginava que estaria diante da maior aventura da sua vida. Com muita coragem e apenas um mapa de papel na mão, elas viajaram de carro até Zagreb, capital e maior cidade da Croácia, passando pela República Tcheca, Áustria, Eslováquia, e Eslovênia, durante 29 dias. “Éramos mulheres na faixa etária entre 61 e 72 anos, imagina! Tivemos momentos hilários, saudosos e muito aprendizado, como toda viagem tem”, recorda, atribuindo o sucesso da empreitada às suas companheiras de aventura.
Em sintonia sempre com seu grupo de amigas, Delta conta que elas costumam encerrar uma viagem já imaginando como será a próxima. “Sabe a expressão tão longe tão perto? Pois é a partir dessa expressão que sonho minhas viagens", conta, acrescentando ao seu currículo de aventureira lugares como o Canadá e a Argentina. Aliás, Delta não arruma as malas sem antes ter um roteiro completo do seu destino.
Ela conta que lê sobre os lugares e a sua cultura. “Faço arquivos e guardo. Agora em forma digital, mas antes era através de recortes de revistas, postais, informações verbais que eu anotava e guardava”. Para Delta, viajar após os 60 anos é enriquecedor. “É constatar que nosso olhar adolescente ainda está conosco e que a leitura deste olhar tem um espectador que valoriza cada momento, acondicionando-o com muito carinho na bagagem da vida”.
Para Vera, o melhor de uma viagem está nos amigos que se faz. Ela lembra que quando estava atravessando a linha do Equador a bordo de um transatlântico não pensou em mais nada que não fosse a alegria de estar entre tantas pessoas queridas. “Nesta ocasião viramos todos uma grande família, foi algo muito emocionante”. Para ela, viajar significa renovação. “A gente nunca volta a mesma”, garante.
Já de olho no próximo destino, Portugal, Vera lembra saudosa de sua última viagem. “Eu tinha o sonho de conhecer Bonito, no Mato Grosso do Sul. Quando chamei minha turma algumas relutaram, mas no final fomos em um grupo de sete mulheres e foi maravilhoso”, lembra.
Viajar é preciso
O grupo de amigos de Nelcy também é fundamental na hora de organizar algum roteiro. Ela confidencia que está viciada em viajar e, desde que colocou o pé na estrada, não consegue mais parar. “A gente fica ansiosa esperando o próximo passeio”, revela, contando que chega a arrumar as malas uma vez por mês. “Já fomos para o Uruguai, para Aparecida... Sempre entre muitas pessoas”, fala.
Arrumar as malas e se aventurar em lugares desconhecidos foi, para Nelcy, revigorante. Ela ficou viúva em 2010 e, na ocasião, não tinha ânimo para sair de casa. “Foi quando meus amigos e minha família me empurraram para a rua”, conta. Para ela, viajar foi uma forma de recomeçar a vida. “Fiquei muito triste, mas encontrei uma nova forma de superar o que estava passando”, ressalta. Já Vera colocou o pé na estrada após se divorciar. “Com filhos e netos encaminhados, eu fui cuidar de mim. É muito bom viajar, pois a gente esquece um pouco dos problemas, volta com saudades de casa, mas não volta mais a mesma”, fala.