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Qual o seu estilo? Elas vão contra os estereótipos

Mulheres que passam longe de padrões estabelecidos e comemoram a identidade

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Há alguns anos, era um sofrimento para a empresária Rosângela Bonh, 32 anos, ir a algum evento social. Usar vestido e salto alto nunca esteve entre as suas preferências, muito menos dentro do seu guarda-roupa.

Para comparecer a formaturas e casamentos ela precisava recorrer às amigas. E, mesmo assim, ficava tão desconfortável dentro daquele look que não se sentia nem bonita nem à vontade. “Até que parei e pensei: afinal, preciso seguir os padrões e só posso frequentar certos lugares vestindo o que todo mundo veste?", questionou-se.

Para Carol Anchieta, todo o seu estilo e personalidade estão representados no cabelo
Para Carol Anchieta, todo o seu estilo e personalidade estão representados no cabelo
Foto: Arquivo Pessoal

O espelho respondeu que não e, desde então, ela não tira os tênis (ou o coturno), independentemente de onde esteja. “Minha liberdade está acima de qualquer padrão pré-estabelecido. Aliás, hoje nem tenho muita ideia de quais são os padrões”, fala, afirmando que gosta de ser lembrada por ser diferente. “Eu só quero me sentir bem. E me sinto mais bonita por isso, com certeza”.

A assessora de imprensa e produtora executiva de ensaios de moda Queli Giuriatti, 38, concorda com a postura de Rosângela e garante que é preciso aprender a se respeitar. Para ela, as mulheres em geral são ácidas entre si e consigo mesmas.

"Se a gente tivesse mais um olhar bondoso sobre a gente, se aceitaria mais como é, e isso sim nos torna mais bonitas e confiantes: aceitar nosso jeito, nosso corpo, nossas feições, nosso envelhecimento, com um olhar de bondade”, ressalta.

Carol prefere adotar um estilo que combine com o que ela pensa de si mesma
Carol prefere adotar um estilo que combine com o que ela pensa de si mesma
Foto: Arquivo Pessoal

Para Queli, a roupa tem que falar de quem a usa e do momento da pessoa. “Se tem algo que me apavora é gente 'editada' e sempre 'impecável'. Assusta muito gente que se leva a sério nesse nível, sabe, de não ir ao mercado de moletom e chinelo uma vez na vida”, diz.

"Mais alegre, fico mais colorida, mais solar. Mais focada no meu mundo interior, fico mais cinza, mais marinho, mais preto. Faço minhas misturas. E não deixo de usar isso ou aquilo porque não favorece. Uso o que tenho vontade de usar. ”

Para a jornalista Carolina Anchieta, 36, o segredo para se sentir bonita é ser ela mesma. Por isso, dos pés à cabeça, ela só carrega verdades no seu corpo: desde um cabelo afro platinado, passando pelas camisetas com estampas representativas, até os calçados confortáveis.

“Seguir padrões, além de cafona, é sinal de preguiça, afinal, as pessoas por óbvio são diferentes”, fala, ressaltando que a moda tem que saber receber todo mundo. "Como trabalho com TV, sempre tive que me impor, pois nunca usei o que não queria vestir e nem todas as figurinistas entendiam isso. Não vou para o ar com uma roupa que não me sinto confortável”, pontua.

Para Queli, as mulheres precisam se aceitar como são e serem bondosas contigo mesmas
Para Queli, as mulheres precisam se aceitar como são e serem bondosas contigo mesmas
Foto: Arquivo Pessoal

Para Carol, o cabelo representa todo o seu estilo. Ela, que recentemente platinou os fios, revela que sente-se com mais luz e personalidade. De acordo com a jornalista, é no seu penteado que está toda a sua identidade.

“O fio do meu cabelo me empodera não só pela questão estética, mas por toda a raiz e ancestralidade de séculos de preconceito. A mulher que se empodera dele como uma coroa se sente rainha como de fato ela é”, fala. Para Carol, toda a mulher deveria aceitar o seu cabelo natural: liso ou crespo. “Ruim é quando a mulher muda o cabelo para seguir os padrões. Isso gera muitas frustrações.”

Queli diz que a roupa precisa falar sobre quem a está vestindo
Queli diz que a roupa precisa falar sobre quem a está vestindo
Foto: Arquivo Pessoal

Espelho empoderador

Carol diz que a moda feminina não contempla mulheres altas e negras. “Claro que há mulheres bem magrinhas. Mas, no geral, nosso biotipo é ter corpão. Por isso muitas marcas não me servem, nem me representam”, fala. “Quando não me sinto eu mesma com alguma roupa, não uso. E ponto final”.

Rosângela cansou de seguir os padrões e prefere o conforto
Rosângela cansou de seguir os padrões e prefere o conforto
Foto: Arquivo Pessoal

Queli acredita que a magreza tem um papel estético importante, pois ela apresenta os produtos de moda, por exemplo, mostrando como ficam no corpo da mulher com perfeição. Para ela, a magreza ajuda a vender. “No entanto, gente sabe que apenas uma parcela muito pequena da população feminina é magra tipo modelo”.

“Eu sou uma mulher G. Agora, se tenho uma festa, vou ali, me produzo, me maquio, subo no salto e lembro: estou linda assim mesmo, mesmo não sendo M, mesmo não sendo P, mesmo não sendo mais alta, mais lisa, mais loura. Eu tenho a minha beleza fora disso tudo, desse parâmetro externo. Eu sou o meu parâmetro. A vida é hoje e não daqui a 10 quilos a menos”.

Fonte: Terra
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