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Artesanal e mística, bebida com larva, invade os EUA

24 abr 2009 - 18h44
(atualizado às 21h24)
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O mezcal (ou mescal) é comumente conhecido como a "tequila com larva", já que muitas marcas possuem larvas do inseto gusano rojo no fundo da garrafa. Reza a lenda que o inseto, depois de curtido dentro da bebida, possui propriedades alucinógenas e afrodisíacas. Pura bobagem para fazer adolescentes encherem a cara. Não só não dá barato algum, como existem várias etiquetas de mezcal sem bichos (e algumas com escorpiões, diga-se de passagem), como também seu processo de fabricação é muito diferente daquele usado na tequila.

O mezcal é feito da pinha da planta da família das suculentas Agave
O mezcal é feito da pinha da planta da família das suculentas Agave
Foto: The New York Times


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Assim como sua prima mais famosa, o mezcal é feito da pinha da planta da família das suculentas Agave. Enquanto a tequila usa basicamente o agave azul, o mezcal usa diferentes espécies e sua fabricação hoje é totalmente artesanal. Assim, dependendo da planta e da região onde é feito, o sabor muda consideravelmente. Apesar de sua produção e consumo estar atrelado ao estado de Oaxaca no México, outras regiões também produzem a bebida e as batiza a seu próprio gosto já que em Sonora é chamado de bacanora e em Chihuahua é conhecida como sotol.

Os fabricantes de tequila cozinham as pinhas em fornos e em suas fábricas. Já os mescaleros as tostam, por 3 a 5 dias, em buracos na terra coberto de rocha. Esse processo dá à bebida um distinto e intenso sabor defumado, característica que mais atrai os fãs. Lorena Canales, uma gastrônoma nascida no México e radicada em Nova Iorque diz que existe uma complexidade no mezcal que não é encontrada na tequila. "É mais salgado. É mais amadeirado. Você sente o gosto do barril. Você sente o gosto da terra".

Até recentemente nos Estados Unidos era muito difícil encontrar uma garrafa de mescal, a não ser algumas marcas feitas em massa e de baixíssima qualidade, contrabandeadas pela fronteira. Agora, acordos entre americanos com senso de negócio e mescaleros de quarta ou quinta geração tentam mudar esse panorama e colocar a bebida em um patamar que beira o modismo. John Rexer é um que lança nesse versão a "Ilegal" em Nova Iorque, uma marca legítima, apesar do nome, importada de Oaxaca.

O somelier Richard Betts já está comercializando a sua "Sombra" em bares, restaurantes, lojas e mercados por todo o país, enquanto um dos mais famosos barmen da Grande Maçã, Philip Ward, abre o Mayahuel, um bar dedicado somente ao mezcal e à tequila no East Village. Até mesmo o pintor Guillermo Olguín, que importa a marca de mezcal "Los Amantes", está se aventurando em seu novo empreendimento, a Casa Mezcal que unirá culinária, bebidas e cultura da região de Oaxaca nos Estados Unidos, mesmo porque acredita que a melhor maneira de ser introduzido a essa bebida tão diferente é experimentando toda a riqueza cultural que sua região de origem oferece.

Infelizmente, até agora, a única maneira de se conseguir a bebida aqui no Brasil é através de amigos que vão para o México e trazem uma garrafa na bagagem ou em sites de leilão virtual. Não há importação oficial por aqui e por enquanto nenhuma empresa se dispõe a passar pela burocracia governamental para isso. Fica o alerta, porém que, assim como a tequila, existem muitas marcas vagabundas no mercado externo. E ainda que um bom mezcal custa caro: o "Sombra" é vendido nos EUA por US$47 a garrafa, já o "Los Amantes" joven (que não recebe envelhecimento em barris) sai por US$52 e um reposado (levemente envelhecido), por US$57.

Fonte: Especial para Terra
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