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Cabeleireiros afro agora são categoria profissional

26 jul 2009 - 17h30
(atualizado às 18h58)
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Num país de grande diversidade étnica como o Brasil, os profissionais de beleza especializados no tratamento e penteados de vários tipos de cabelos, incluindo os de pessoas de ascendência africana, ganham um incentivo importante.

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O Ministério do Trabalho agora reconhece a profissão do trancista
O Ministério do Trabalho agora reconhece a profissão do trancista
Foto: Getty Images

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A ocupação de Cabeleireiro Étnico e Trancista passa a ser reconhecida pelo Ministério do Trabalho. Na prática, abre novas perspectivas à carreira desses profissionais e, para o consumidor, a garantia de cabeleireiros bem formados, treinados e capacitados.

"Foi resultado de uma série de ações em busca de oportunidades para a inclusão social e a valorização dos cabeleireiros e empresas que trabalham com seguimentos étnicos", diz Eliana da Silva, coordenadora de beleza afro da Antab - Associação Nacional do Turismo Afro-Brasileiro e CGTNAB - Coletivo Gestor de Turismo e Negócios Afro-Brasileiro.

Terra - Por que a ocupação de cabeleireiros étnicos e trancistas foi reconhecida como profissão? Quais as principais diferenças em relação aos cabeleireiros em geral?
Eliana da Silva - A diferença é que muitas pessoas acham que cabeleireiros afro trabalham apenas com cabelos de negros, sendo que tratam cabelos de todas as etnias. No caso dos trancistas, nunca foram citadas como profissionais. Essa arte vem desde a época dos escravos e hoje é referência na beleza e na promoção da cultura afro-brasileira.

Que formação ou experiência passa a ser exigida com o reconhecimento?
Os profissionais deverão ter curso de cabeleireiro com no mínimo 800 horas de aulas (a formação básica pede curso de 240 horas), ter concluído o ensino médio e ter experiência comprovada de, no mínimo, três anos na área. O cabeleireiro que não sabe trabalhar com todos os tipos de etnias não pode ser considerado um profissional completo. Por isso a necessidade de qualificação e reciclagem.

O que pensam da onda de alisamentos que impera no país, mesmo quando o resultado não é bom?
O mercado brasileiro descobriu que o segmento étnico é um mercado interessante, pois há muito tempo comprávamos produtos importados. As empresas descobriram que estavam deixando de lucrar e começaram a lançar linhas de produtos para alisamento de forma pouco confiável. Quando o resultado final era desastroso, a culpa acabava sendo do profissional que fez o trabalho. Por isto estamos trabalhando no sentido de informar e capacitar os cabeleireiros e trancistas sobre os produtos de qualidade que existem no mercado.

De que cuidados específicos os cabelos étnicos necessitam?
A hidratação é uma das terapias mais importantes para os cabelos, principalmente para quem freqüenta praia e piscina. O sal e o cloro são os piores inimigos e quem não abre mão desse tipo de lazer deve fazer hidratação de oito em oito dias. Para quem não se expõe tanto, o tratamento pode ser feito de 15 em 15 dias. Óleos vegetais também são aliados dos fios e podem ser colocados dentro dos cremes de massagem. Óleo de coco ou de rícino dão brilho e protegem os fios. Outro item que ajuda a manter a saúde dos cabelos são os cremes para desembaraçar e os sprays umidificadores.

Que tipos ou técnicas de tranças existem? Como é feita a manutenção e quanto custa fazer e manter?
Há tranças soltas, entrelaçadas, rasteiras, além dos dreads locks. A manutenção é feita com produtos específicos e o custo varia de acordo com o tipo. Para mantê-las, o valor varia entre R$ 30 e R$ 100, dependendo do trabalho que foi realizado.

Quais os principais desafios da profissão?
Com certeza é mostrar à sociedade que existem grandes nomes no segmento afro-étnico, buscando oportunidades reais de valorização perante a mídia, eventos do setor e do mercado de cosmetologia e beleza.

Que referências deve pesquisar o consumidor antes de optar por um profissional e fazer algum tratamento nos cabelos?
É preciso buscar informações sobre o trabalho e forma de atendimento do salão e do profissional, observar os diplomas de cursos de especialização que sempre estão colocados em locais de fácil visualização.

Qual a remuneração média de um cabeleireiro étnico?
É muito variada, não há como informar um valor médio.

Existem regiões do país onde a profissão está mais consolidada? E quais lugares apresentam mais oportunidades?
Sim, existem regiões como a Bahia, Rio de Janeiro, Alagoas, e algumas cidades do Estado de São Paulo como Capivari, São Paulo, Araraquara, Cotia, Limeira e Campinas, onde a profissão é mais consolidada e as oportunidades são bem interessantes, pois existem trabalhos cooperados feitos por ONGs de promoção dos segmentos dos profissionais afroétnicos.

Como é feita a atualização dos lançamentos ou técnicas de tratamento? Há eventos, seminários, congressos? Onde os profissionais buscam informação?
Há novidades nas principais feiras de beleza do país. Em novembro, haverá o Congresso de Cabeleireiros e Trancistas Afro-Étnicos, realizado pela Expoafro Brazil Consultoria de Beleza e Turismo Afro Étnico. Informações podem ser obtidas pelos e-mails assocnacionalafro@yahoo.com.br ou expoafrobrazil@gmail.com.br

Fonte: Especial para Terra
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