Beth Goulart retoma espetáculo "Simplesmente eu, Clarice Lispector" em curta temporada
Atriz retorna ao papel que a consagrou no teatro enquanto reflete sobre sua trajetória
Com 50 anos de carreira, Beth Goulart retorna aos palcos de 14 a 30 de março, no teatro I LOVE PRIO, no Rio de Janeiro, para protagonizar a peça Simplesmente eu, Clarice Lispector, que aborda a vida e obra da icônica escritora brasileira. Adaptada pela própria Beth após anos de pesquisa, e com supervisão de Amir Haddad, o espetáculo é nacionalmente reconhecido e premiado.
Sobre as inspirações para interpretar uma mulher tão inteligente e complexa, Beth revela que o principal veio de sua própria história. "Encontrei pontos em comum em nossas personalidades, visões de mundo, sensibilidades, solidões e angústias. Os sentimentos são iguais em todos os seres humanos, então, sendo fiel a mim mesma, eu ficava mais próxima dela", confidencia.
Amor e propósito
Fã de Clarice desde a adolescência, Beth considera a autora um divisor de águas na vida de qualquer leitor. Mesmo após interpretá-la tantas vezes, a atriz ainda sente que a escritora sempre tem algo novo para lhe apresentar. "Ninguém lê Clarice e passa impune. Ela tem a marca dos clássicos e propõe questionamentos profundos, sempre dialogando com a realidade. É uma autora que fala muito sobre a importância de pertencer", reflete.
Filha dos lendários atores Paulo Goulart e Nicette Bruno, ambos já falecidos, a artista tem o respeito pela arte como um pilar em sua vida. "Essa é uma das muitas coisas que meus pais me ensinaram: o amor à arte, aos artistas, ao público. A acreditar no poder da responsabilidade, do amor, da bondade. E, principalmente: saber que a morte não é o fim, e que precisamos viver por um propósito maior", revela.
É preciso encontrar a alegria
Beth complementa que perder os pais foi um dos momentos mais tristes de sua vida, mas que, mesmo nessa dor, houve uma lição. "Muitas vezes é preciso perder para valorizar melhor quem amamos, mas, graças a Deus, não precisei viver isso. Enquanto meus pais estiveram aqui comigo, eu os amei profundamente, e nunca perdi uma oportunidade de dizer ou demonstrar isso a eles."
Atualmente fora da televisão, ela tem avaliado novos projetos, mas segue a carreira no teatro. No final de 2024, lançou o livro O que transforma a gente: Breves reflexões para mudanças profundas, que já é o seu segundo. A artista vê na arte, em suas diversas formas, uma maneira poderosa de aprender e ensinar, onde o ser humano se torna mais próximo de si mesmo e do outro. "Saber quem somos e o que queremos nos dá um propósito para viver", pontua.
Um conselho, por Beth Goulart
Apesar da carreira longeva, a artista reforça que nunca se viu como um exemplo. "Penso que isso seria narcisismo. Mas, se eu consigo inspirar alguém, que seja demonstrando uma atitude positiva diante da vida. A maturidade nos ajuda a saber melhor o que queremos ou não", comenta.
Por fim, questionada sobre qual conselho daria aos nossos leitores, ela deixa uma poderosa lição: "É preciso exercitar a alegria. Todos os dias, busque um motivo para sorrir, mesmo nos momentos difíceis. E lembre-se de que não precisamos seguir nenhum padrão externo. Temos que buscar nosso padrão interno, como o que nos faz bem, o que nos dá alegria e o que gostamos de fazer."