Biblioterapia: Como a leitura pode ajudar a tratar a depressão?
As pessoas têm recorrido à literatura em busca de consolo há séculos - agora, alguns terapeutas estão prescrevendo listas de leitura para ajudar clientes que lutam contra a depressão e a ansiedade
A literatura tem sido um refúgio emocional para muitas pessoas ao longo dos séculos, oferecendo consolo e orientação em momentos de dificuldades emocionais. Seja por meio de romances, poesia ou memórias, os livros servem como uma forma de escapismo dos desafios da vida cotidiana. A prática da biblioterapia se baseia exatamente nesse poder terapêutico, utilizando a leitura para promover bem-estar e melhorar a saúde mental.
A biblioterapia, como o próprio nome sugere, é uma modalidade de terapia que utiliza a literatura como ferramenta principal. Porém, embora os livros tenham auxiliado os leitores a enfrentar dificuldades pessoais desde tempos imemoriais, o termo "biblioterapia" surgiu pela primeira vez em 1916 em uma publicação do The Atlantic Monthly. Nesse contexto, a técnica consiste em orientar leitores no intuito de ajudá-los a processar sentimentos e emoções difíceis.
Biblioterapia: como funciona?
A prática da biblioterapia geralmente envolve a interação com um biblioterapeuta, um profissional treinado que trabalha como um guia literário. Assim, durante as sessões, são discutidas as dificuldades pessoais do cliente e os objetivos que deseja alcançar por meio da leitura. Em seguida, é feita uma "prescrição de livros", uma lista personalizada de leituras voltadas para auxiliar no entendimento e processamento dos problemas relatados.
O biblioterapeuta busca recomendar livros que possam servir de espelho para os sentimentos do leitor, proporcionando novas perspectivas e insights. Assim, essa prática não apenas ajuda a aliviar a carga emocional, mas também a encontrar significado e clareza em situações complexas.
Qual é o papel do biblioterapeuta?
O biblioterapeuta desempenha um papel fundamental, semelhante a um "médico dos livros", como muitos descrevem. Ele se utiliza de um profundo conhecimento literário para recomendar obras que melhor se adaptem às circunstâncias que o cliente está enfrentando. Em muitos casos, pacientes respondem a um questionário. Dessa forma, é possível entender as preferências literárias do cliente, ajudando o terapeuta a ajustar as suas indicações de maneira mais precisa.
Profissionais como Ella Berthoud e Emely Rumble, em entrevista ao jornal The New York Times defendem a importância do papel do biblioterapeuta em guiar leitores a encontrar conforto e inspiração nas histórias. A biblioterapia permite que cada sessão seja intuitiva e colaborativa, onde a escolha dos livros pode variar de ficção, que energiza o subconsciente, a não-ficção, que muitas vezes serve para oferecer orientação direta.
Em suma, a literatura não é apenas um meio de entretenimento, mas também uma poderosa ferramenta de transformação pessoal. Através das histórias, os leitores têm a oportunidade de ver o mundo de perspectivas variadas e, muitas vezes, encontram ressonância com suas próprias experiências de vida. Lucy Pearson, uma biblioterapeuta renomada, enfatiza que a leitura pode ser um meio de conexão pessoal, ajudando as pessoas a encontrar as respostas certas nas páginas de um livro.