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Burnout: veja como identificar e prevenir o problema

Exaustão por pressão está entre as principais causas da Síndrome do Burnout

10 ago 2021 - 18h04
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Veja como prevenir o burnout!
Veja como prevenir o burnout!
Foto: Shutterstock / Alto Astral

Na última semana, a ginasta estadunidense Simone Biles, de 24 anos, optou não só por abandonar a final da ginástica feminina por equipe nas Olimpíadas de Tóquio como também a final individual geral - prova na qual a brasileira Rebeca Andrade, de 22 anos, conquistou a inédita medalha de prata para o Brasil. "Não somos apenas atletas. Somos pessoas. E, às vezes, é preciso dar um passo atrás", declarou a atleta em coletiva de imprensa.

A postura de Biles reacendeu diversas discussões sobre pressão, autoconfiança e, acima de tudo, saúde mental, esta última colocada em xeque diversas vezes no último ano. Dessa forma, vale mencionar que, apesar da esperança gerada pela vacinação no Brasil, a pandemia de Covid-19 está longe de acabar*; e, como consequência, continuaremos sendo muito impactados por dúvidas e oscilações que, infelizmente, levam ao aumento do estresse. O problema, todavia, é que quando mal administrado e relacionado ao ambiente de trabalho, tal estresse pode chegar ao limite, se tornando crônico e levando à chamada Síndrome de Burnout

De acordo com dados de uma pesquisa divulgada em março deste ano pelo Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), o burnout pode atingir um em cada seis profissionais de saúde. Em dezembro de 2020, um outro estudo, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), identificou o burnout em professores e profissionais da enfermagem - o problema foi potencializado pela necessidade de rápida adaptação a tecnologias da informação e da comunicação. No entanto, vale mencionar que profissionais de diferentes áreas e faixas etárias também foram impactados por essa exaustão física e emocional relacionada ao trabalho.

Além disso, segundo estudo da empresa estadunidense de pesquisa Gallup, 76% dos colaboradores com jornada de trabalho integral relatam burnout pelo menos uma vez. E 63% desses colaboradores têm maior propensão a ficarem doentes. Ou seja: burnout não é brincadeira e, portanto, precisa ser tratado.

Diagnóstico

Um dos caminhos para o tratamento correto de algo que leva a enorme incapacidade de tarefas e sofrimento emocional é o diagnóstico preciso. 

As pesquisadoras Andrea Sarno, Rosângela Zarza e Liliane Monay estudam o tema há anos e, recentemente, trouxeram para o Brasil uma das ferramentas da plataforma norte-americana Mind Garden, reconhecida mundialmente por criar metodologias online que unem diferentes tipos de diagnósticos para a saúde mental, a Maslach Burnout Inventory Toolkit.

Desse modo, por aqui, o foco será justamente nos cálculos relacionados ao burnout a partir do famoso questionário MBI (Maslach Burnout Inventory, criado em 1978 pela pesquisadora de saúde do trabalho Cristina Maslach, professora de psicologia da Universidade da Califórnia, e por Susan Jackson, professora de recursos humanos da Rutgers School) com cruzamento de dados de outro método, o AWS (Areas of Worklife Scale, que explora como o desequilíbrio entre questões pessoais e profissionais contribuem para o esgotamento).

"Com autorização e exclusividade de uso dessa ferramenta, que é sistêmica e traz informações que integram a visão do indivíduo e dos aspectos do trabalho, faço cálculos mais precisos e comparativos graças a uma base de dados global, de pessoas de vários países, que já responderam aos questionários de forma online", diz Andrea Sarno, consultora especialista em desenvolvimento emocional e fundadora da Avena Consultoria. "E sendo online é mais fácil e inteligente gerenciar a análise de grupos que realizamos em empresas", ela ainda complementa.

Para Rosângela Zarza, consultora de desenvolvimento humano e fundadora da Andaro Educação e Desenvolvimento, o que há hoje no mercado é a aplicação individual do MBI, de maneira offline e sem a base de dados comparativa. "Esse é o diferencial. Consigo identificar o que no ambiente de trabalho está levando a pessoa ao burnout de uma maneira mais intensa e completa, abrangente, que permite tanto aos indivíduos quanto às empresas planejarem ações mais eficazes no tratamento e na prevenção", explica Zarza.

Vale mencionar que alguns sintomas comuns do burnout são:

  • Aumento ou perda de apetite;
  • Fadiga fora do normal;
  • Enxaqueca;
  • Mudanças drásticas de humor;
  • Desinteresse ou apatia;
  • Dificuldade de concentração e memorização;
  • Consumo abusivo de álcool, cigarros ou outras drogas;
  • Ansiedade exacerbada;
  • Alteração do sono;
  • Dores musculares frequentes;

Sentimentos em combustão

De acordo com as experts, existem três escalas que indicam a uma pessoa que ela está em burnout: exaustão emocional; cinismo (não se conecta mais com as pessoas emocionalmente, perde prazer e se torna intolerante); e eficácia pessoal (não dar conta de tarefas, desmotivação).

"Aliadas a essas três escalas estão situações do trabalho que potencializam sentimentos negativos e sensação de incapacidade e inadequação. Por exemplo, injustiças em termos de remuneração, sobrecarga de trabalho e um ambiente tóxico em geral", diz a psicóloga Liliane Monay, também coach, docente e consultora de RH.

Normalmente, o tratamento individual é recomendado para pessoas que sofrem de burnout, com terapia, coaching e, de acordo com o quadro, medicação, sempre seguindo orientações médicas.

Contudo, vale mencionar que para que um tratamento tenha efeito, é preciso que as empresas se reconheçam como um lugar que precisa evoluir. Isso porque em tempos de sustentabilidade para se manter competitiva no mercado, a saúde mental dos funcionários também deve ser meta para a organização.

É possível prevenir?

As especialistas explicam que o equilíbrio emocional de cada um de nós está, por exemplo, relacionado com fatores externos que estão fora do nosso controle - como uma pandemia. Por isso, empresas e gestores devem estar atentos para mitigar ao máximo o estresse em elementos como estrutura de trabalho, estilo de gestão, cultura organizacional e valores praticados para o desenvolvimento de soluções corporativas. Hoje já existem no mercado ferramentas de diagnóstico do burnout que indicam como cuidar de equipes por completo e de maneira integrada. Um dos principais reflexos é a melhora da produtividade.

Já no caso dos fatores internos, a prevenção depende exclusivamente do indivíduo. O autoconhecimento é o caminho mais eficaz no enfrentamento do burnout. Terapia, meditação, mentoria, coaching e exercícios de relaxamento são meios de reservar tempo para olhar para si mesmo e compreender as emoções que fazem parte da nossa vida e estão presentes nos nossos relacionamentos.

Assim, lembre-se: emoções podem nos salvar ou causar danos. Tudo depende da maneira como vamos agir e reagir a elas. Perdemos a capacidade de administrar as emoções (estresse, preocupações, tristeza, medo, entre outras), que afetam nossas ações (comportamentos e escolhas), frente aos desafios pessoais e profissionais quando não observamos nosso estado interior.

Outro elemento que contribui para a prevenção do burnout é a criação e uso de uma rede de apoio eficaz. Compaixão e conexões também nos despertam instintos de proteção e o entendimento de que não há a necessidade de darmos conta de tudo sozinhos. Podemos (e devemos) contar com o apoio e ajuda de pessoas próximas.

Vale mencionar que há ainda três pilares que são base para a prevenção ao estresse crônico: alimentação saudável, exercício físico e sono de qualidade.

Alimentos ultraprocessados e industrializados, com conservantes, podem ser altamente inflamatórios ao nosso organismo. Manter uma alimentação saudável, contribui para a ingestão das vitaminas e nutrientes adequados para a imunidade, a regulação da pressão sanguínea e até mesmo do humor. O exercício físico, por sua vez, realizado com regularidade produz neurotransmissores e hormônios que contribuem para o bem-estar, diminuição de ansiedade e melhora do humor. E, por último, um sono restaurador é essencial para a melhora do sistema imunológico, regulação do cortisol (justamente o hormônio do estresse), melhora na aprendizagem e no foco.

Por fim, além do burnout, um estresse mal cuidado pode acarretar problemas de saúde ainda mais graves, como transtornos de ansiedade e depressão. Assim, tenha em mente que apesar do trabalho e do sentimendo de ser capaz de atender aos compromissos diários ser fundamental, tais atividades só podem ser cumpridas de maneira efetiva se não estivermos em profundo esgotamento físico e mental.

* A pandemia causada pela Covid-19 ainda não acabou! Por isso, ainda é necessário o uso de máscaras de proteção, distanciamento social e bons hábitos de higiene, como lavar as mãos com água e sabão e utilizar álcool em gel.

Fontes: Andrea Sarno, fundadora da Avena Consultoria, é administradora de empresas pela PUC-SP e especialista em Gestão de Talentos e Motivação e em Estilos de Liderança; Liliane Monay, psicóloga, coach e consultora de recursos humanos, é docente em cursos de graduação e pós-graduação, pós-graduada em Psicodrama pelo convênio SOPSP-PUC/SP e em Metodologias Ativas pela Faculdade Flamingo, além de certificada pelo Integrated Coaching Institute e em Inteligência Emocional pelo Instituto Brasileiro de Coaching e autora e co-autora de diversas publicações; Rosângela Zarza, é fundadora da Andaro Educação e Desenvolvimento, titulando como supervisora e orientadora em Psicodrama pela Associação Brasileira de Psicodrama e Sociodrama, é especialista em Funcionalidade Humana e Sustentabilidade Ambiental pela Unesp, coach pela International Coaching Community, pós-graduada em Psicodrama pelo convênio SOPSP-PUC/SP e em Administração e Marketing pela FAAP, com MBA em Serviços de Telecomunicações pela UFF.

Alto Astral
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