Casa elevada deixa copa das árvores ao alcance das mãos
O arquiteto escocês George Mills escolheu um terreno no meio da Mata Atlântica para literalmente erguer um refúgio: a casa que fez em São Sebastião, no Litoral Norte de São Paulo, eleva-se a seis metros do chão, e é possível tocar a copa das árvores apenas esticando os braços. “Eu construí assim para aproveitar a vista e criar um vão que não impedisse a passagem dos animais”, explica ele, que chegou ao Brasil em 1983.
Mills já fez vários projetos no litoral paulista, sempre usando estruturas de madeira ou de metal. Sua casa elevada, no entanto, é de concreto, com o qual, admite, não tem o hábito de trabalhar. “Havia uma dificuldade de acesso, pois, para chegar ao local, tinha de cruzar uma ponte, e nós não sabíamos quanto peso ela aguentava”, explica o arquiteto. A solução foi levar aos poucos o material que seria misturado para criar o concreto usado na construção.
A construção tem 70 m2, e é bem simples na distribuição dos cômodos, “como um chalezinho”, diz Mills. Há um quarto, uma cozinha e um banheiro. Na parte de cima, ele fez um deck com churrasqueira. Para chegar aos andares, há uma escada em caracol que se disfarça entre as frondosas árvores do terreno. A parte coberta é fechada por portas de vidro que, quando abertas, integram totalmente a construção com a natureza ao redor.
Uma curiosidade é que os seis pilares sobre os quais a casa se ergue são ocos. Por eles, passam os encanamentos do esgoto e as instalações elétricas. Como as colunas têm circunferência muito parecida com a das árvores do terreno, é quase como se a casa se erguesse sobre troncos, dando uma aparência muito orgânica ao conjunto. E, de fato, a natureza está aos poucos se apossando da construção. “Trepadeiras estão começando a subir pelos pilares”, diz o arquiteto.
Mesmo estando há 30 anos no Brasil, o escocês ainda se encanta com a Mata Atlântica e com sua casa: “É uma maravilha, toda criança quer ter uma casa de árvore, e está é uma verdadeira casa de árvore”.
Como a casa fica no caminho de alguns pássaros, não é incomum que eles varem o interior da construção quando as portas estão totalmente abertas. “Eles passam reto, a gente leva um susto”, diz Mills. Seria isso um problema? “Os pássaros são lindíssimos”, completa, entusiasmado, o arquiteto.