Inaugurada em 1979, a Casa Bola, projeto de Eduardo Longo, tem intrigado desde então quem passa pelas ruas Amauri e Peruíbe, em São Paulo. Pela primeira vez, o arquiteto abriu as portas da sua residência para satisfazer a curiosidade das pessoas
Foto: Niels Andreas/PrimaPagina
A visitação faz parte da programação do Museu da Casa Brasileira dentro da X Bienal de Arquitetura de São Paulo. As visitações acontecem nas sextas-feiras de novembro e...
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...o próprio arquiteto recebe os visitantes, explicando a Casa Bola tanto em seu contexto na época quanto dentro de sua produção arquitetônica
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O arquiteto começou, na década de 1970, a pensar em uma residência que pudesse ser feita em série numa fábrica. A bola é o volume mais econômico em termos de superfície, explica Longo, que diz ter passado de uma arquitetura mais escultórica para uma mais racionalista com o projeto
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Longo diz que precisava entrar em uma bola para entender e, por isso, desenvolveu o projeto, que deveria ser provisório, feito de lona. A casa acabou sendo feita de maneira permanente com argamassa armada, no teto de sua então residência
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A residência antiga, na verdade, já havia sofrido uma grande interferência, quando Longo abriu todo o andar térreo e criou uma passagem pública entre as ruas Amauri e Peruíbe
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O sonho de Longo era criar grandes edifícios feitos com os módulos em forma de bola. Ainda que isto não tenha saído do papel, o design futurista da proposta está representado na própria residência do arquiteto
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A predominância do branco e o design dos móveis, criados por Longo, ainda guardam o ar futurista que já tinham na década de 1970
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Janelas redondas, por sua vez, fazem lembrar quartos dentro de uma embarcação
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Já a sala nos remete às construções gregas que se penduram sobre o Mediterrâneo
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Na descrição do próprio arquiteto, no entanto, a Casa Bola seria uma mistura dos Jetsons com os Flintstones, desenhos que, respectivamente, representavam o futuro e a idade das pedras
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Na pequena, mas funcional, cozinha, Longo criou uma geladeira embutida. O motor do equipamento ajuda a secar roupas no outro lado da parede, onde fica a lavanderia
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No quarto do arquiteto, a cama também tem um desenho no mínimo intrigante, como podem comprovar os visitantes
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Sobre a cama, há uma espécie de escotilha, que...
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...dá no piso da sala de estar, e que pode ser fechada para diminuir a iluminação no quarto
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A sala de estar, por sinal, é o maior cômodo da Casa Bola, e ocupa todo o andar superior da residência
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Por fora, é feia, diz Longo, sobre a parte externa da casa. Isso se deve ao jeito meio improvisado como foi feita, com o próprio arquiteto botando mãos à obra. Até mesmo canos abandonados da Sabesp foram utilizados para escorar a construção
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No lado de fora, um grande escorregador amarelo chama a atenção. Antes, ele era ludicamente usado para se cair em uma pequena piscina, que...
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...agora foi transformada em um pequeno lago com carpas
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Ainda assim, o escorregador amarelo ressalta um tom lúdico encontrado em muitos detalhes da residência
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Eduardo Longo, por sinal, também está lançando um livro sobre sua obra, chamado Sobre bolas e outros projetos: Eduardo Longo Arquiteto, da Editora Paralaxe
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Com texto de Fernando Serapião, o livro permite acompanhar a evolução do trabalho de Longo. A obra, inclusive, traz um extenso capítulo sobre o projeto da Casa Bola
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A Casa Bola começou a ser gestada quando o então nervoso Eduardo Longo virou hippie na década de 1970, segundo as palavras do próprio arquiteto
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O projeto marcou uma revolução no modo de Longo encarar a arquitetura. Eu comecei a duvidar do que fazia, usava muito material, fazia muito esforço para construir, com o que usava na época dá para fazer dez casas hoje, explica o arquiteto
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Os prédios com módulos em forma de bola com os quais Eduardo Longo um dia sonhou não existem. A passagem pública no térreo teve de ser fechada por questões de segurança. Mesmo assim...
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...Longo ainda mantém a mesma capacidade de sonhar de então, e, em seus sonhos, as casas voarão como um balão, que pode ser levado de um lado para o outro. E que melhor forma para voar, lembra o arquiteto, do que a bola?
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Nesta sexta-feira, 29 de novembro, os paulistanos terão a última oportunidade de conhecer de perto uma das construções mais curiosas da cidade: a Casa Bola, imóvel projetado e habitado pelo arquiteto Eduardo Longo que até hoje intriga quem passa pelas ruas Amauri e Peruíbe, no Itaim Bibi. Pela primeira vez desde que terminou a construção da casa, em 1979, Longo decidiu abrir as portas de sua residência para que o público pudesse ver por dentro esse ícone da arquitetura da cidade.
A visita faz parte da programação do Museu da Casa Brasileira para a 10ª Bienal de Arquitetura de São Paulo, e o próprio arquiteto recebeu os visitantes ao longo das sextas-feiras de novembro para apresentar-lhes seu intrigante projeto e contextualizá-lo em sua produção arquitetônica. Amanhã será realizada a última dessas sessões.
O passeio guiado é uma experiência única. Em um primeiro momento, o visitante se sente dentro de um cenário de filme de ficção científica. Depois, janelas redondas passam a ideia de que se trata de uma cabine de barco. Ao mesmo tempo, o predomínio do branco remete a uma típica casa grega pendurada sobre o Mediterrâneo.
O projeto começou a ser gestado quando o então “nervoso” Eduardo Longo virou “hippie” na década de 70, segundo as palavras do próprio arquiteto. “Eu comecei a duvidar do que fazia, usava muito material, fazia muito esforço para construir – com o que usava na época dá para fazer dez casas hoje”, explica Longo, cujos projetos até então eram marcados por uma característica escultural.
O arquiteto começou, então, a pensar em uma residência que pudesse ser feita em série numa fábrica e, adotando uma postura mais racionalista, finalmente encontrou um formato. “A bola é o volume mais econômico em termos de superfície”, comenta Longo, que então sonhava com grandes prédios feito apenas com unidades nessa forma.
Como precisava “entrar numa bola para entender”, começou, em 1972, a construir a Casa Bola em cima de sua então residência e escritório, que já havia sofrido uma grande reforma: Longo demoliu a parte térrea e criou uma passagem púbica que ligava as ruas paralelas. O que era para ser provisório, feito de lona, acabou tornando-se permanente, construído com argamassa armada (usada para fazer barcos: muito fina, mas muito resistente).
Tão curioso quanto o formato é o fato de que quase todos os móveis dentro da casa foram feitos com esse mesmo material. Até a geladeira embutida, cujo motor aquecido serve para secar roupas do outro lado da parede, foi feita com argamassa armada.
A distribuição de cômodos é convencional: três suítes, sala de jantar, lavabo, cozinha e uma grande sala de estar, num total de 100m². O que surpreende são os formatos, com muitas curvas. Na decoração, o quase monopólio do branco e a ausência de adornos dão um ar clean e minimalista.
Quanto ao exterior, Longo crava sem indulgência: “Por fora, é feia”. Isso se deve ao jeito meio improvisado como foi feita, com o próprio arquiteto botando mãos à obra. Mesmo canos abandonados da Sabesp foram usados para escorar a construção. Por isso, demorou cinco anos para ficar pronta.
Quase 25 anos depois da aventura estética de Longo, ainda não há Casas Bola espalhadas por aí. Mais ainda, o arquiteto teve que fechar a passagem pública no andar térreo de sua residência devido a problemas de segurança. Ainda assim, ele não deixa de ser um sonhador: “Ainda acho que o projeto é viável, e a tecnologia se encaminha para isso”. O arquiteto até fala em residências voadoras, como balões que possam ser levados de um lado para o outro. E que melhor formato para voar, ressalta Longo, do que a bola?
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A visita ocorre em dois horários, 11h e 16h, é gratuíta e deve ser agendada no Museu da Casa Brasileira.
Endereço: Av. Brigadeiro Faria Lima, 2705 - Jardim Paulistano