Viena, a capital da Áustria, é conhecida por sua arquitetura clássica e sóbria, na qual se destacam principalmente antigos edifícios dos séculos 19 e 20. O artista plástico austríaco Friedensreich Hundertwasser, no entanto, resolveu romper com a tradição e projetou um prédio que, com suas linhas arredondadas, cores extravagantes, fachada arborizada e terraço florestado, destaca-se totalmente na paisagem da cidade.
A chamada Hundertwasserhaus – ou Casa Hundertwasser, em português – fará 30 anos em 2015. Apesar da idade, a construção continua a surpreender os visitantes. Em 1985, o artista já usava uma ideia que se tornaria mais comum na atualidade: fazer uma floresta no terraço. Hundertwasser já havia expressado anteriormente o projeto de criar “uma casa para pessoas e árvores” em um texto intitulado “Florestamento da cidade”.
A Hundertwasserhaus, em Viena, completa 30 anos em 2015, mas, apesar da idade, continua surpreendendo com sua fachada anárquica e seu telhado arborizado, destacando-se em uma cidade de arquitetura clássica e sóbria. Os moradores podem recriar a fachada de seus apartamentos quando quiserem
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Já fazia anos que Friedensreich Hundertwasser, artista plástico idealizador da construção, cultivava a ideia de criar um telhado arborizado. O artista dizia que queria construir uma casa para pessoas e árvores
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Depois de muitas idas e vindas com o poder público de Viena, o artista conseguiu autorização para levar a cabo seu projeto. Como não tinha formação em arquitetura, ele recebeu o auxílio do arquiteto Josef Krawina na execução
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O telhado arborizado é, hoje, um conceito já bem solidificado na arquitetura moderna, mas, na época, tratou-se de uma pequena revolução
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Hundertwasser teve ajuda do paisagista Sepp Kratochwil para criar o telhado arborizado do prédio, e que inclui até mesmo um sistema de captação e reutilização de água da chuva
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O telhado arborizado não é o único detalhe que chama a atenção no projeto. A fachada colorida e com formas irregulares também faz a alegria dos passantes
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Hundertwasser usou ladrilhos escuros para criar linhas sinuosas que funcionam como limite externo e orgânico dos apartamentos
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O artista deixou bem claro em seu projeto que os futuros moradores obedeceriam à chamada lei da janela
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Pela lei, as pessoas poderiam se pendurar na janela e alterar a parte externa do prédio, até onde seus braços alcançassem, como bem entendessem
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O artista assim justifica a lei: O residente deve ter o direito de se pendurar de sua janela e fazer o que quiser na parte da parede externa que esteja ao alcance de seus braços, para que as pessoas consigam identificar de longe: uma pessoa livre vive ali
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O edifício é apenas uma grande mostra do que é o estilo de Hundertwasser, como se pode ver por esse banheiro criado por ele, e que fica numa vinícola nos Estados Unidos
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As ousadias estéticas de Hundertwasser continuam na parte de dentro do edifício, como se pode ver pela escadaria
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Parte do edifício é aberta à visitação pública, assim como um pedaço da floresta no telhado
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A produção artística de Hundertwasser está repleta de ecos do famoso edifício
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Em seu interior, a intrigante construção ganha alguns contornos psicodélicos
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O artista plástico, depois de idas e vindas, conseguiu convencer a administração pública de Viena sobre a possibilidade de se criar um edifício com uma floresta no telhado. Como não era formado em arquitetura, recebeu o auxílio do arquiteto Josef Krawina para fazer a construção.
“Parte do terraço é aberto ao público, parte é privada, e uma terceira porção é reservada para a vegetação espontânea”, explica o artista no site da casa. O telhado, claro, teve de ser preparado para receber as plantas, projeto que ficou a cargo do paisagista Sepp Kratochwil, que, entre outras coisas, criou um sistema de armazenamento e uso da água da chuva.
Bastaria o telhado para diferenciar o prédio do resto do visual da cidade, mas sua fachada oferece um espetáculo à parte. Num período em que a uniformização era – e ainda é – a norma, Hundertwasser criou uma “lei da janela” para os futuros moradores da construção: “O residente deve ter o direito de se pendurar de sua janela e fazer o que quiser na parte da parede externa que esteja ao alcance de seus braços, para que as pessoas consigam identificar de longe: ‘uma pessoa livre vive ali’”.
Em sintonia com a “lei da janela” que seria exercida pelos futuros moradores, Hundertwasser já desenhara uma fachada marcada pelas cores e pela irregularidade de linhas que dividem externamente os apartamentos, e que são traçadas com azulejos escuros. Mais uma vez divergindo dos outros edifícios – antigos e preservados – de Viena, o artista cravou: “O meu design irregular da parte externa dos apartamentos não é protegido como um monumento histórico”.
A Hundertwasserhaus, portanto, é um prédio que mudou muito nos seus primeiros trinta anos de existência, e que vai continuar mudando no futuro. Por isso, sempre vale uma visita a esta construção que, apesar da idade, é sempre nova.