Numa caminhada pela Zona Oeste de São Paulo, a escritora Inês Monguilhott deparou com uma casa que lhe agradou. Tocou a campainha para saber quem era o arquiteto. "Pensei: o cabra que fez esse projeto tem competência", recorda a pernambucana, gargalhando. "Acho que ela gostou dos materiais simples usados de um jeito criativo", diz Fabio Marins, o autor do sobrado em questão.
De fato, a habilidade do profissional na lida com recursos limitados foi decisiva para o sucesso deste miniempreendimento. "Inês havia encomendado estudos a outros arquitetos, mas um deles consumia toda a verba disponível só nas fundações", recorda. Por isso, a primeira decisão de Fabio consistiu em mexer pouquíssimo no terreno, acomodando a construção ao longo do aclive.
Além de fazer sentido economicamente, essa forma de implantação casou com duas premissas da cliente: a vontade de erguer uma espécie de vila, com cinco minicasas e dois grandes espaços comunitários (cozinha gourmet e jardim), e a necessidade de concluir uma parte da obra rapidamente para já ocupá-la.
Assim surgiu a estrutura modulada de alvenaria autoportante, com as cinco moradias independentes em linha. "Uma para mim, uma para o meu filho, uma para a Eliete, que está comigo há 38 anos, uma para um futuro cuidador, porque daqui a pouco eu vou estar comendo aveia, e finalmente uma para minha filha, se ela quiser", enumera a bem-humorada Inês.
As três primeiras unidades se concluíram ao longo do ano passado. As duas últimas esperam a injeção de capital necessária para as etapas de serralheria e marcenaria.
E até para isso a estratégia do projeto colaborou: a dona resolveu alugar as três unidades prontas numa plataforma online de hospedagem para levantar os recursos que faltam. E, enquanto não junta todo mundo na Vila Pitanga, Inês banca a anfitriã com desenvoltura.
Confira todas as fotos do projeto na galeria a seguir.