Escolher a tonalidade da fachada de casa é tarefa melindrosa. Não há espaço para arrependimentos, afinal nada é mais difícil do que mudar para o branco depois que as paredes já estão vermelhas, azuis, amarelas... Nem por isso é preciso ter medo de ousar. Escolher bem a tinta e fazer vários testes ajudam a chegar ao colorido dos sonhos.
Olhar a cor apenas na lata de tinta não basta. Nas paredes de fora, a forma como a luz do sol bate na casa pode fazer o tom mudar, explica o arquiteto Gil Mello, da Galeria Arquitetos, de São Paulo. Por isso, ele recomenda que o morador teste diferentes opções diretamente no local. Para evitar sujeira, é possível pintar sobre uma placa de gesso presa à parede.
Além da luz, a textura também influencia na cor. O designer de interiores Rogério Castro, também de São Paulo, escolheu um tom de vermelho escuro para sua casa de campo e aplicou a tinta diretamente sobre a massa grossa. “É uma forma de manter o estilo rústico”, comenta. Mello explica que, num caso como esse, os grãos que ficam na parede criam pequenos sombreados que mudam nossa percepção da cor. “É um recurso interessante que pode ajudar a chegar ao tom exato que o morador quer”, diz.
A maior dificuldade das paredes coloridas, porém, é a manutenção, avalia a arquiteta paulistana Claudia Vacilian Mendes Cahali. Se uma parte da parede for quebrada para algum reparo, por exemplo, será difícil aplicar tinta nova apenas num trecho e fazê-lo ficar no mesmo tom que o resto da fachada. “Nesses casos, costuma-se pintar a fachada inteira de novo, o que pode ser mais caro”, alerta.
Outro desafio é manter a harmonia da cor escolhida com outros detalhes da fachada. Claudia afirma que os tons precisam conversar. Numa casa amarela, portas e janelas de madeira em diferentes tons de marrom, por exemplo, podem trazer mais suavidade. A opção também pode ser pelo contraste. Rogério Castro explica que quis uma casa vermelha justamente para que ela se destacasse entre o verde da vegetação do entorno. “Eu queria criar esse impacto.”
A pintura vermelha foi parte de uma reforma que revitalizou este sobrado. Projeto dos arquitetos Gil Mello e Fernanda Neiva, da Galeria Arquitetos. Informações: (11) 2645 9925
Foto: Galeria Arquitetos
O arquiteto Gil Mello defende o uso de cores fortes nas fachadas, mas alerta para a necessidade de fazer testes no local antes de aplicar a tinta definitivamente
Foto: Galeria Arquitetos
Neste outro projeto, o azul predomina na fachada, enquanto alguns detalhes são de concreto aparente
Foto: Galeria Arquitetos
A madeira também é um ingrediente importante da fachada. O grande número de portas e janelas era um desejo do autor do projeto
Foto: Galeria Arquitetos
Em sua casa de campo, o designer de interiores Rogério Castro queria uma cor que contrastasse com o verde da vegetação ao redor. Projeto de Luizette Davini. Informações: (11) 5549-2445
Foto: Rogério Castro
O designer optou por aplicar a tinta diretamente sobre a massa grossa. A parede de pedra rachão ajuda a compor o visual rústico
Foto: Rogério Castro
Este é mais um exemplo de casa fora da cidade. A pintura foi feita com cal, uma alternativa de baixo custo
Foto: Galeria Arquitetos
Gil Mello alerta, porém, que a pintura a cal costuma desgastar mais facilmente. Para ele, porém, esse pode ser um efeito desejado. Esse colorido desigual que marca a passagem do tempo não é necessariamente ruim, apenas é preciso que o morador esteja ciente disso
Foto: Galeria Arquitetos
Casa de um conjunto residencial projetado pela arquiteta Claudia Vacilian Mendes Cahali. Aqui também a tinta foi aplicada sobre a massa grossa, mantendo uma textura mais rústica na parede. Informações: (11) 3673-3233
Foto: Cahali Arquitetos Associados
A arquiteta também usa cores em projetos de edifícios como este, onde o azul é resultado da aplicação de pastilhas coloridas
Foto: Cahali Arquitetos Associados
A pintura da parede deve combinar com as cores de portas, janelas e outras estruturas da fachada. A opção pode ser pela harmonia ou pelo contraste
Foto: Chuck Wagner/ Shutterstock
O designer de interiores Rogério Castro avalia que, apesar de serem cores opostas no círculo cromático, verde e vermelho podem render combinações agradáveis
Foto: Publio Furbino/Shutterstock
Aqui, o alaranjado do telhado e da madeira escolhida para a sacada contrasta com o verde das paredes
Foto: Krzysztof Slusarczyk/ Shutterstock
A arquiteta Claudia Vacilian Mendes Cahali destaca que nem sempre o efeito do colorido é causado puramente pela tinta. Diversos tipos de revestimentos podem ser usados. Pastilhas ou tijolo à vista são opções
Foto: Shutterstock
Para o arquiteto Gil Mello, as janelas podem se transformar no destaque das fachadas, uma vez que quando abertas ou fechadas mudam a cara da casa. Aqui, as janelas vermelhas garantem o colorido junto com a utilização de pedras em diferentes tons
Foto: Shutterstock
Outra dica é pensar nos efeitos que a luz provoca nas cores. A foto mostra a mudança que a iluminação amarelada provoca numa parede de concreto aparente
Foto: Shutterstock
Aqui também a iluminação que vem do piso para as paredes ajuda a reforçar o amarelo da fachada. O arquiteto Gil Mello aconselha que, antes de pintar a casa, o morador preste atenção à forma como a incidência do sol na sua casa pode alterar as cores
Foto: Shutterstock
Nesta casa, a proposta foi a harmonia entre as cores. A combinação do rosado da fachada com o branco das portas e janelas é suave
Foto: Krzysztof Slusarczyk/ Shutterstock
Além de chamar atenção pela cor intensa, a fachada desta casa mistura diferentes texturas. As madeiras pintadas de vermelho são lisas e têm mais brilho. Já o telhado e o detalhe das pedras na parte inferior são opacos
Foto: V.J Matthew/ Shutterstock
Fachadas amarelas podem ser suavizadas com detalhes em branco e cinza. Outra opção seria manter portas e janelas de madeira com verniz de tonalidade marrom
Foto: Frank Fennema/ Shutterstock
A aplicação de tinta diretamente sobre a massa grossa confere textura à fachada. Há no mercado também opções de revestimentos prontos, texturizados e coloridos
Foto: Frank Fennema/ Shutterstock
Aqui, um clássico da fachada colorida: o conjunto de apartamentos em Viena concebido pelos arquitetos Friedensreich Hundertwasser e Joseph Krawina mistura cores e revestimentos e se transformou num marco da capital da Áustria