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Água 'contra' racionamento é mais poluída; saiba o que fazer

Ao recorrer ao ‘volume morto’ para evitar racionamento, Sabesp captará líquido com maior concentração de poluentes; consumidor pode adotar medidas para ‘limpar’ a água

21 abr 2014 - 08h01
(atualizado às 17h39)
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Água do volume morto apresenta um acúmulo muito maior de poluentes, e seu consumo, sem tratamento, pode causar desde diarreia até câncer
Água do volume morto apresenta um acúmulo muito maior de poluentes, e seu consumo, sem tratamento, pode causar desde diarreia até câncer
Foto: Weerapat Kiatdumrong/Shutterstock

O baixo nível de água no Sistema Cantareira, principal fonte da água da Grande São Paulo, levou a Sabesp a anunciar, no início de abril, que o volume morto do reservatório pode ser usado nos próximos meses. Os especialistas avaliam que esse tipo recurso tem mais poluentes que a água tradicionalmente captada e, se não for tratado adequadamente, pode representar riscos à saúde dos cerca de 9 milhões de consumidores da capital e dos municípios de Franco da Rocha, Francisco Morato, Caieiras, Osasco, Carapicuíba, São Caetano do Sul, Guarulhos, Barueri, Taboão da Serra e Santo André.

A exposição aos poluentes do volume morto pode causar desde intoxicações, diarreias e alergias até problemas mais graves nos rins e no fígado, como doenças degenerativas e câncer, segundo parecer de duas professoras da Universidade Estadual Paulista (Unesp) – Dejanira de Franceschi de Angelis e Maria Aparecida Marin Morales – e uma da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), Silvia Regina Gobbo.

Como se proteger contra esses riscos? O papel fundamental não é do cidadão, mas da Sabesp. “Tenho 30 anos de atuação nesta área e jamais o volume morto foi usado. Então, podemos dizer que esta água conta com poluentes acumulados há mais de três décadas. É preciso que a Sabesp faça um estudo bastante criterioso antes de fazer uso dela”, afirma o professor João Luiz Brandão, do Departamento de Hidráulica de Saneamento da USP/São Carlos.

Dejanira avalia que a Sabesp vai realizar o tratamento necessário. “Ela está investigando para ver a composição exata da água e vai adequar a purificação de acordo com a necessidade.”

O pesquisador da Embrapa Ênio Girão, que trabalhou no programa Vigilantes da Água, observa que a Sabesp informa, na conta enviada aos consumidores, os índices de turbidez, cor, cloro e coliformes fecais presentes na água. “Se a pessoa se sentir insegura em relação à qualidade, pode ferver a água antes de consumir”, afirma.

Dejanira diz que o cidadão que quiser adotar uma precaução extra pode recorrer a um método chamado solarização: encha de água uma garrafa PET e deixe-a sob contato direto com o sol por 48 horas. Com isso, os raios ultravioletas vão destruir os micro-organismos.

Girão dá outra dica: verificar o pH da água usando papel tornasol, que pode ser comprado em lojas químicas. Ao ser mergulhado no líquido, o papel mudará de cor, indicando se a água está ácida ou não. Para o organismo humano, o ideal é o consumo de água alcalina, com um pH que varia entre 8,5 e 10.

O que é o volume morto

Brandão, da USP/São Carlos, explica que todos os projetos de barragem contemplam um “volume morto”, cuja função é receber os sedimentos sólidos da água represada, que podem incluir resíduos de esgoto e poluentes agrícolas, por exemplo.

“Assim que a água chega ao reservatório, perde velocidade, e aos poucos suas partículas vão se depositando no fundo. O grande problema é que ela não circula e vai acumulando sedimentos. Conforme o tempo passa, a concentração de poluentes pode chegar a níveis bem superiores ao da água encontrada normalmente utilizada”, explica.

Ainda de acordo com o especialista, o volume morto corresponde, geralmente, a cerca de 10% da capacidade total de uma barragem. No entanto, a água nele contida sequer entra na contagem do recurso que está disponível para a população, pois não é utilizável em condições normais.

Fonte: PrimaPagina
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