Blindagem arquitetônica cria fortaleza dentro de casa
Uma breve leitura de jornais e alguns minutos na frente do noticiário televisivo bastam para botar medo em qualquer um: a violência parece estar por todos os lados. É nesse cenário que um tipo muito particular de arquitetura encontrou seu espaço: a blindagem arquitetônica. “O mercado tem crescido nos últimos anos, a ponto de blindarmos até banheiros”, constata César Duarte, gerente comercial da F1 Blindagem.
“O costume é usar algum cômodo que já exista para fazer a área de segurança”, afirma Jaime Souza, diretor da Montreal Security, que faz projetos de quartos de pânico. “Nós blindamos as paredes, colocamos equipamentos como sistema de televisão e antena de celular, e criamos uma instalação elétrica especial”, continua Souza, lembrando que as mudanças são discretas e imperceptíveis, por causa do acabamento.
A ideia, segundo ele, é criar um ambiente que seja autônomo do resto da residência, permitindo acionar a polícia durante uma ocorrência. Até por isso, o cômodo seguro pode até ser equipado também com frigobar e abastecido com produtos não perecíveis. Além disso, existem sistemas que disparam fumaça na parte externa do cômodo para atrapalhar os bandidos.
Quando a residência está sendo construída do zero, no entanto, pode-se criar um ambiente de segurança especial. “No lugar de revestir as paredes com chapas de aço, elas já são construídas com um tijolo especial de 20 centímetros de largura, feito de concreto com ferro no meio, e que tem resistência balística absurda”, afirma Duarte.
As chapas de aço que revestem paredes, por sua vez, são pesadas, e sua instalação demanda atenção à estrutura da construção. Duarte conta que alguns prédios de alto padrão já estão sendo construídos de maneira mais reforçada, prevendo a blindagem posterior dos cômodos.
Já as portas dos ambientes seguros são feitas com tecnologias impressionantes, que incluem reconhecimento facial e biométrico para a abertura. Segundo Duarte, há projetos em que, em vez de proteger um cômodo, toda uma ala da casa – por exemplo, onde estão os quartos – é isolada do resto do imóvel com portas de segurança.
Nada disso adianta, afirma Duarte, se os moradores não receberem um treinamento sobre como agir em situações perigosas. Há consultores de segurança que fazem isso. Já os engenheiros que projetam os cômodos – e que guardam todos os segredos da segurança – estão presos a acordos de confidencialidade em relação ao seu trabalho, afirma Souza.