Tecnologias protegem a casa do barulho infernal das cidades
Além de toda a poluição visual e do ar, os habitantes das grandes cidades ainda enfrentam um problema presente quase 24 horas por dia: o barulho. Buzinas, baladas, obras, vizinhos... as fontes de incômodo acústico estão por todos os lados. Por isso, cada vez mais gente está recorrendo às tecnologias que isolam a casa da balbúrdia da vida urbana. “Nós temos percebido um acentuado aumento nos pedidos de serviço em residências”, afirma Diogo Guilherme Oliveira, vendedor técnico da Kemper Brasil, empresa de isolamento acústico que atua em São Paulo.
Existem duas técnicas no campo da acústica para diminuir ruídos – o isolamento e a absorção – esclarece Tiago Ventura, sócio-diretor da Kemper. “O primeiro impede que o som passe de um ambiente para o outro, é uma barreira”, explica ele. Para criar esses obstáculos sua empresa trabalha com um composto de borracha chamado Lamix. Já a absorção é feita com materiais mais porosos, e não isola totalmente o ruído. Normalmente, nesses casos é usada a lã de rocha ou de vidro, mas estes materiais duram pouco e são até prejudiciais para a saúde, por isso estão sendo substituídos. “Nós trabalhamos com lã feita de PET reciclada, que dura mais e é sustentável”, explica Ventura.
A lã de PET reciclada é o material ideal para isolar aqueles incômodos sons de passos dos vizinhos de cima. “O barulho de quem anda é causado pelo impacto, e a lã serve para absorvê-lo”, continua Ventura. O material deve preferencialmente ser instalado no piso do andar de cima, durante a construção. Mas, como nem sempre os vizinhos colaboram, é possível rebaixar um pouco o teto e colocar a lã entre um forro e a laje.
Não adianta, no entanto, isolar paredes e deixar “buracos”: “É como um pote de água com um furo; ela escorre”, compara Ventura. E o buraco se chama janela. Por isso, também é preciso adaptá-las para garantir mais essa barreira ao som.
“As janelas antirruído são fabricadas com alumínios especiais e levam vidros duplos, triplos e até quádruplos, dependendo do caso”, diz Paulino Lyrio, proprietário da empresa de isolamento acústico paulistana Acoustic Line. A equipe de Lyrio faz peças personalizadas para cada cliente, com base em uma avaliação do nível do barulho da região. As janelas são fáceis de instalar, pois ficam sobrepostas às que já existem. “Elas são fixadas na parte de dentro do ambiente, sem necessidade de quebra-quebra”, explica Paulino.
O proprietário da Acoustic Line conta que ambientes diferentes exigem níveis variados de isolamento. “Onde as pessoas precisam de repouso, como o quarto, precisa ser mais silencioso. Já na sala, onde há o ruído interno de conversas e televisão, não é preciso tanto silêncio assim.” Lyrio ainda explica que quanto mais grave for o som, mais isolamento será preciso para garantir o conforto acústico.
O aumento da procura por serviços de isolamento e absorção acústica reflete o crescimento do incômodo com ruídos em todo o país, já que este já não é mais um problema só de grandes metrópoles, como Rio de Janeiro e São Paulo. A Acoustic Line, por exemplo, tem representação em oito cidades, e está presente até em municípios do interior, como Campinas.