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"Chacrinha acabou com a formalidade"

Denilson Monteiro, autor de "Chacrinha - A biografia" relembra a carreira de um dos apresentadores mais famosos do Brasil

3 jan 2025 - 00h53
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No dia 30 de setembro de 1917, nascia em Surubim, Pernambuco, com o nome de Abelardo Barbosa, aquele que seria um dos maiores apresentadores da história do Brasil: o lendário Chacrinha. Quando jovem, ele formou-se em medicina, porém, foi no rádio e na TV que encontrou seu verdadeiro ofício. Para quem não sabe, devido ao fato de um de seus primeiros programas ter sido gravado em uma chácara pequena, surgiu o apelido "Chacrinha". Quem nos conta é Denilson Monteiro, pesquisador e autor do livro "Chacrinha - A biografia", publicado pela editora Leya (2014). 

Reprodução: Memória Globo
Reprodução: Memória Globo
Foto: Revista Malu

Reconhecido como uma pessoa tímida pelos familiares e amigos mais próximos, ele era outro dentro do palco. Incorporava um apresentador/palhaço hilário que ajudou a transformar a história da TV, de acordo com Monteiro. "Fora das câmeras ele era uma pessoa mais conservadora, séria. Porém, ele ajudou a transformar a televisão e os costumes, pois no programa dele não existia formalidade", conta.

A formalidade a qual Monteiro se refere diz respeito ao estilo estático dos rádios, já que "não havia imagens, então as pessoas ficavam paradas para falar e para apresentar. Mas quando o Chacrinha foi para a TV, ele começou a realizar o improviso. No rádio ele fazia isso com sonoplastias, mas na TV ele caminhava entre as câmeras, falava com as pessoas nos palcos, então ele quebrou essa seriedade que existia nas transmissões. Hoje nós vemos o Faustão fazendo isto, mostrando o cameraman, os bastidores, mas isto foi um estilo criado pelo próprio Chacrinha", completa o pesquisador.

Chacrinha: enfrentando a barreira dos costumes

O "Cassino da Chacrinha" foi uma criação do próprio apresentador, em 1944, e foi um produto midiático que o acompanhou por várias emissoras de rádio, consagrando-o como Abelardo Chacrinha Barbosa. Na TV, Chacrinha estreou em 1956 na TV Tupi, e em 1967, na Globo, onde permaneceu até 1972.

Para quem não se lembra, a Ditadura Militar (1964 - 1985) no Brasil marcou esses anos, e Chacrinha teve que enfrentar a censura, que defendia os "bons costumes".

Dessa forma, em 1° de julho de 1980, enquanto gravava um programa na Band, Chacrinha se irritou com funcionários da censura que foram ao programa para fiscalizar, inclusive, as roupas das chacretes (bailarinas e assistentes de palco) e acabou expulsando-os do auditório. Quando o programa acabou, o apresentador foi preso pela Polícia Federal. Neste mesmo ano, após já estar solto, ele chegou a afirmar a um jornal que respeitava a censura, mas "fazia o programa com medo".

Mas não só a censura era sua inimiga. Monteiro conta que Dom Marcos, um religioso que possuía uma coluna em um jornal do Rio de Janeiro, sempre atacava o apresentador em seus textos. Mas Chacrinha não deixava barato e também o atacava através de bordões e sátiras, que ficaram populares. Ainda dentro da religião, Chacrinha trazia para o palco elementos que remetiam à Umbanda, o que não agradava os católicos da época, gerando ainda mais críticas e provocações. 

Mais espaço para os artistas

Muitos artistas importantes do país passaram pelo palco do Chacrinha e foram revelados em seu programa, como Raul Seixas, Roberto Carlos e Elza Soares. Sua relação com essas figuras era tão poderosa que ele recebeu uma homenagem de Gilberto Gil na canção "Aquele abraço", que o chamou de Velho Guerreiro, apelido que resultou no subtítulo do seu filme, em 2018, "Chacrinha: o Velho Guerreiro". Ainda, foi o apresentador que deu o nome de "rei" para Roberto Carlos. Ele o chamava de "Rei da Juventude", revela Monteiro.

Para o pesquisador, uma das lembranças mais marcantes sobre Chacrinha foi a morte do neto do apresentador. "Nós não tínhamos celular e internet naquela época, porém o Rio de Janeiro inteiro estava comentando que o neto do Chacrinha havia morrido. Era um burburinho por todos os lados. E, depois, ficamos sabendo que era verdade. O apresentador estava gravando ao vivo e quando entrou os créditos, pôde-se ouvir seu choro pelas telas", recorda.

Chacrinha retornou à TV Globo em 1982 e permaneceu no ar com seu programa "Cassino do Chacrinha" aos sábados até 1988, quando faleceu devido a um infarto.

Revista Malu Revista Malu
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