Cirurgião de famosos é condenado a pagar R$ 70 mil a paciente que teve necrose após lipo
Paciente teve necrose no abdômen após realizar uma lipo HD; médico foi condenada a pagar indenização
Um cirurgião plástico foi condenado, em segunda instância, a pagar R$ 70 mil de indenização a uma paciente que teve necrose após realizar no abdômen uma lipo de alta definição, conhecida como HD. O caso foi julgado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF). O médico lamentou o caso.
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Ao Terra, Sayara Karyta de Sousa Rego, de 29 anos, contou que chegou até Wilian Pires por intermédio de um amigo, que também tinha operado com ele. A cirurgia foi realizada em 20 de setembro de 2020, em um hospital de Goiânia (GO). Ela relata que percebeu que tinha algo errado após sete dias.
“No centro cirúrgico, coloca aquele tape [cirúrgico], e, sete dias depois, eu fui tirar com outra fisioterapeuta aqui de Brasília. Quando ela foi tirar, ela percebeu que tinha a lesão, e, quando estava puxando o tape, estava vindo a pele junto”, afirma.
Ela chegou a procurar o cirurgião para saber o que fazer após a falha na cicatrização, mas, segundo a empresária, não teve o respaldo desejado. O profissional teria indicado ozonioterapia, um procedimento autorizado por lei em 2023, mas que é uma polêmica na comunidade médica, pois sua eficácia não é comprovada.
Segundo avaliação do Conselho Federal de Medicina (CFM), "trata-se de procedimento ainda experimental, cuja aplicação clínica não está liberada, devendo ocorrer apenas em ambiente de estudos científicos". Ela chegou a fazer, mas passou mal durante a segunda sessão.
O advogado dela, Leonardo Nascimento, afirmou que sua cliente foi informada de que o procedimento cirúrgico seria simples, mas não de que poderia ter complicações. “O que ficou caracterizado foi que ele não informou para ela dos riscos. Ela não assinou nenhum termo de consentimento de que poderia acontecer isso”, explica.
O caso foi levado para a Justiça, que condenou o médico a pagar, em primeira instância, R$ R$ 20 mil por dano moral, R$ 30 mil por danos estéticos e R$ 8 mil de dano material, já que Sayara teve uma trombose logo depois da cirurgia e teve um gasto elevado. No entanto, ela recorreu da decisão para aumentar o valor.
Já em segunda instância, o TJDF decidiu aumentar o valor do dano moral para R$ 30 mil, o que resulta no montante de quase R$ 70 mil.
“A gente fala que é um valor irrisório, perto do que aconteceu com ela. Paralelo a isso, esse médico começou a ficar famoso por colocar fotos dos procedimentos cirúrgicos dele no Instagram e começou a participar de alguns leilões, ele foi no do Neymar ano passado e esse ano novamente. O que é esse dinheiro para ele? Nada. É isso que causa a nossa indignação [quanto ao valor]”, afirma Nascimento.
O médico soma mais de 300 mil seguidores no Instagram e é conhecido por operar influenciadores, como a ex-BBB Paula Freitas.
A empresária lida com a consequência do procedimento mal sucedido até hoje. “Eu tenho uma cicatriz enorme nas minhas costas, estou em tratamento até hoje. Tive a coragem de aparecer não só por mim, mas por outras mulheres que já passaram por isso”, declara Soraya.
Em nota ao Terra, o médico afirma que lamenta a evolução do caso de Sayara e que, durante a cirurgia, todos os protocolos médicos foram rigorosamente seguidos, garantindo o mais alto padrão de atendimento. Segundo ele, a intervenção ocorreu sem nenhum tipo de intercorrência.
"É importante esclarecer que complicações como as apresentadas podem surgir em casos individuais, influenciadas pelas variáveis próprias de cada organismo e pelo processo de cicatrização pós-operatório. Sempre destaco a importância do cuidado rigoroso no pós-operatório, fornecendo todas as orientações necessárias para um processo de recuperação adequado", diz.
Além disso, Wilian Pires declara que está à disposição das autoridades competentes para colaborar com qualquer investigação em curso. "Continuarei seguindo os mais altos padrões éticos e profissionais em minha prática médica, priorizando sempre a transparência e o cuidado integral dos pacientes", finaliza.