Brasileiros têm o 20º maior órgão do mundo: na cama, será que o tamanho importa?
Pesquisa mostra que o órgão pelo mundo tem uma dimensão muito menor do que boa parte dos homens gostaria, entre 12,9 cm e 13,9 cm
Uma nova pesquisa divulgada na última semana aponta que o órgão masculino dos brasileiros tem o 20º maior tamanho do mundo. Dá para confiar no resultado? E mais: será que essa medida realmente importa?
O novo levantamento sobre o tamanho do órgão da organização World Population Review mostra que, em média, o órgão mundo afora tem uma dimensão muito menor do que boa parte dos homens gostaria, algo que varia entre 12,9 cm e 13,9 cm, quase o tamanho de uma caneta esferográfica.
Achou pouco? Pois é! O recordista seria o Sudão, com 17,95 cm, seguido pela República Democrática do Congo, com 17,93 cm, e o Equador, com 17,59 cm. No outro extremo, os menores índices seriam da Tailândia, Coreia do Norte e Cambodja, na faixa entre 9,46 cm e 9,84 cm.
O Brasil fica na 20ª posição nesse "ranking fálico", com 15,7 cm. Alguns dados de pesquisas anteriores revelavam que nosso tamanho estaria perto dos 13,5 cm, mais próximo, portanto, das médias mundiais.
Mas será que dá para confiar nas medidas?
Para os pesquisadores, os números têm pouco confiabilidade porque as técnicas de medição variam de um trabalho para outro, e além disso, a maior parte deles é baseado no autorrelato dos homens, e não em medidas feitas de forma controlada em laboratório. E como vivemos em uma cultura que tende a supervalorizar o tamanho do “dito cujo”, os homens podem “distorcer” os resultados para contar vantagem ou aumentar sua autoestima.
O relatório confirma também várias observações de pesquisas anteriores. Em primeiro lugar, não há um preditor no corpo do tamanho do membro. Ou seja, quem imagina que pode prever a dimensão do órgão de alguém pela estatura, tamanho das mãos, pés ou nariz, não vai acertar no palpite.
Depois, a questão da raça também parece ter pouco impacto no tamanho do órgão. Alguns trabalhos mais antigos chegavam a sugerir que a população negra tinha, em média, o órgão maior do que a população branca que, por sua vez, teria uma dimensão maior do que os orientais. Nada disso se comprovou agora.
É possível que fatores ambientais (da região onde a pessoa nasce) ou hormonais talvez tenham algum tipo de influência no tamanho final do membro, mas essa participação está longe de ser um consenso.
Outra conclusão da pesquisa, que também não é exatamente uma novidade, é que as mulheres tendem a se preocupar muito menos com o tamanho do membro do que os homens. Moral da história: o mito prevalente que a masculinidade ou o desempenho sexual se baseia no tamanho do órgão é um tema que ocupa muito mais as preocupações e encanações masculinas do que femininas.
Na minha experiência de mais de 30 anos respondendo a dúvidas de jovens e adultos sobre sexo ainda fico impressionado com a quantidade de perguntas que chegam, semana após semana, sobre o tamanho do membro, e a insegurança e os impactos emocionais e na autoestima que essa questão ainda gera nos homens.
Talvez a maior relevância desse estudo seja justamente desmistificar para uma cultura machista e falocêntrica a questão do tamanho do órgão, revelando que alguns centímetros a mais ou a menos são um mero detalhe em meio à vastidão de emoções e experiências que envolvem nossa vida afetiva e sexual.
Vamos superar esse tema de uma vez?
*Jairo Bouer é psiquiatra e escreve semanalmente no Terra Você.