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Dezembro vermelho: apps de namoro podem aumentar risco de contrair HIV?

Jovens que usam apps de namoro podem ter mais comportamentos sexuais desprotegidos, mais parceiros sexuais e maior risco de exposição ao HIV

29 nov 2024 - 09h32
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HIV
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Foto: padrinan/Pixabay

Jovens que usam aplicativos de namoro podem ter mais comportamentos sexuais desprotegidos, mais parceiros sexuais e maior risco de exposição ao vírus HIV, causador da Aids e às outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Esse é o resultado de uma pesquisa recente publicada na revista científica Frontiers in Reproductive Health.

Os pesquisadores entrevistaram estudantes universitários de 19 a 35 anos do estado do Texas (EUA), utilizando um questionário online anônimo. Os resultados mostram que os apps foram mais utilizados por homens, brancos e heterossexuais do que por mulheres, negros e pessoas bi ou homossexuais.  

As possíveis explicações para a associação entre uso de Apps e riscos no sexo são múltiplas. Os aplicativos facilitam muito o encontro de parceiros casuais, o que pode propiciar comportamentos mais impulsivos, em que os riscos não são tão levados em consideração. Além disso, pessoas que já fazem uso inconsistente de camisinha podem recorrer mais aos aplicativos para encontrar parceiros com atitudes semelhantes.

É importante voltar a discutir o tema das telas e tecnologias e seu impacto na vida sexual logo no início do dezembro vermelho, mês que marca uma mobilização no Brasil na luta contra o HIV e contra as demais ISTs. E, próximo domingo, dia 01 de dezembro, é justamente o dia mundial da luta contra a Aids, uma data histórica no enfrentamento da pandemia com que convivemos há mais de 40 anos. 

Segundo o novo relatório da Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids), divulgado nessa semana, quase 40 milhões de pessoas vivem com o HIV em todo o mundo, e 23% delas não conseguem ter acesso ao tratamento adequado. Estigma, preconceito, violências e diversas violações aos direitos humanos impedem que as populações mais excluídas socialmente possam alcançar tanto os insumos de prevenção quanto usar os antivirais de maneira regular e correta.

Foram mais de 1,3 milhão de pessoas que testaram positivo para o HIV em 2023 e 630 mil mortes relacionadas à Aids. Na contramão de países que têm conseguido implementar novas tecnologias e barrar o avanço da infecção, 28 nações enfrentaram um aumento no número de casos novos. Os mais jovens, sobretudo as garotas, correm mais riscos em diversas regiões do planeta.

Relatório recente da OMS (Organização Mundial da Saúde) também alertou para um aumento importante de ISTs em diversas partes do mundo, com mais de 1 milhão de casos novos todos os dias, com destaque especial para os EUA. Os casos de clamídia dobraram, os de gonorreia tiveram aumento de 40% e o número de diagnósticos de sífilis saltou mais de 400%. O Brasil também vem enfrentando um crescimento importante do casos de sífilis nos últimos anos. 

É claro que o uso de apps de namoro é apenas uma parte dos hábitos,  comportamentos e transformações sociais e culturais que ajudam a entender esse aumento, mas só nos EUA, por exemplo, mais da metade das pessoas jovens, com menos de 30 anos, usam esse recurso para encontrar parceiros eventuais.

Um dos lados positivos nesse enfrentamento às ISTs e ao HIV é o grande avanço tecnológico que vem sendo alcançado pela ciência em anos recentes. Além da velha e boa camisinha (que não é usada de forma regular pela maioria da população), podemos contar hoje com um verdadeiro arsenal de estratégias de prevenção. 

Vacinas (contra HPV, hepatite A e B), testes mais rápidos e sensíveis, PrEP (profilaxia pré-exposição), PEP (profilaxia pós-exposição), tratamentos altamente eficazes para o HIV que tornam as pessoas indetectáveis (sem risco de  transmissão), uso de medicamentos injetáveis de longa duração, além de agentes antibióticos e antimicrobianos que  podem diminuir o risco de diversas infecções.

O desafio é quebrar as barreiras das desigualdades sociais e das violações dos direitos humanos para fazer com que esses recursos possam chegar a todos, principalmente às populações mais vulneráveis e excluídas.

Também é essencial trabalhar no campo da educação para a vida digital a importância dos comportamentos sexuais mais seguros, permitindo que as pessoas possam ter acesso e escolher as estratégias de profilaxia que façam sentido em seu momento de vida, Como dizem os colegas infectologistas, prevenção eficaz é aquela que a pessoa consegue usar.  

Quem sabe nos próximos anos a gente tenha ainda mais motivos para celebrar o sucesso no enfrentamento ao HIV e às demais ISTs. Vamos nessa?

*Jairo Bouer é médico psiquiatra e escreve semanalmente no Terra Você.

Fonte: Jairo Bouer
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