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Expectativa de vida no Brasil volta a crescer: quais os desafios?

Quais os principais desafios para uma população que envelhece?

6 dez 2024 - 05h00
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Casal de idosos praticando ioga
Casal de idosos praticando ioga
Foto: Ridofranz/iStock

A expectativa de vida no Brasil saltou para 76,4 anos em 2023, de acordo com novos dados divulgados na última semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O valor representa um aumento de mais de 11 meses em relação ao ano anterior e supera o índice de antes da covid 19. E quais os principais desafios para uma população que envelhece?

A esperança de vida ao nascer (ou expectativa de vida) caiu durante a pandemia, em 2020 e 2021, e voltou a crescer em 2022, com a redução das mortes pelo novo coronavírus. Em 2023, o aumento se confirmou. A expectativa para as mulheres passou a ser de 79,7 anos e para os homens de 73,1 anos.

Os dados do IBGE confirmam a tendência de envelhecimento dos brasileiros. Com a melhora da expectativa de vida e a redução dos nascimentos (taxa de fecundidade), a população envelhece.

Nas duas últimas décadas, a faixa de idade com mais de 60 anos dobrou. Hoje os idosos representam mais de 15% da população. Em 2070, a projeção é que eles alcancem quase 38%, o que significa que quase 4 em cada 10 brasileiro terá mais de 60 anos.

O crescimento da esperança de vida ao nascer tem como base uma possível melhora das condições de vida da população, com mais acesso à educação, saúde, saneamento básico e alimentação, e com menor exposição às violências. 

Mas não basta apenas viver mais, é essencial viver melhor para garantir autonomia aos mais longevos. Recentemente a gente falou aqui sobre as “blue zones”, regiões do planeta em que a expectativa de vida supera as médias mundiais.

O segredo, do ponto de vista individual, consiste em adotar hábitos mais saudáveis ao longo de toda vida, com atividade física rotineira, alimentação de melhor qualidade nutricional, menor exposição ao estresse, sono regular e investimento em interações sociais e redes de apoio.

Nesse sentido, um importante estudo publicado em outubro na revista científica Nature Mental Health e divulgado recentemente em artigo da repórter Fernanda Bassette, da Agência Einstein, mostra que um dos maiores desafios da velhice é justamente a manutenção das conexões sociais.

O trabalho revela que a solidão nessa faixa de idade aumenta em 31% o risco de demência, o que pode levar a  perdas cognitivas que vão comprometer de maneira importante a autonomia dos mais idosos. Assim, é fundamental pensar na solidão como uma questão de saúde pública.

A tendência de envelhecimento da população mostra que, além da adoção de mudanças pessoais no estilo de vida, há a necessidade de lidar com desafios crescentes no campo das politicas públicas e de ações coletivas.

Pensar em estratégias para reduzir o isolamento social e a solidão dos idosos é um deles. Mas existem também outras questões centrais como um maior investimento em saúde pública (que garanta atendimento e insumos para uma população que sabidamente vai demandar mais cuidados médicos), melhor estruturação e maior fôlego ao sistema previdenciário, além de uma rede de apoio  social bem estruturada para dar suporte a uma  população que pode precisar de atenção para suas atividades diárias.

Com famílias cada vez menores, quem é que vai cuidar dos mais velhos? Se a conta já não está fechando hoje, o que dizer das próximas décadas em que menos pessoas vão poder contribuir e mais gente vai necessitar de suporte? Os desafios não são poucos, e o país tem que pensar e investir em politicas de longo prazo para garantir bem-estar, qualidade vida e dignidade para a população que envelhece. Você já pensou nesse futuro?

*Jairo Bouer é médico psiquiatra e escreve semanalmente no Terra Você.

Fonte: Jairo Bouer
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