Script = https://s1.trrsf.com/update-1731943257/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Jairo Bouer: a pausa de Wesley Safadão e a importância da saúde mental

Anúncio acende um alerta em todos nós: será que temos olhado com atenção para nossas emoções?

8 set 2023 - 15h41
(atualizado em 22/9/2023 às 16h00)
Compartilhar
Exibir comentários
Wesley Safadão
Wesley Safadão
Foto: Reprodução/Instagram

O anúncio da pausa na carreira do cantor Wesley Safadão logo no início de setembro, mês dedicado às questões de saúde mental, acende um alerta em todos nós: será que temos olhado com atenção para nossas emoções?

Quando li que o artista anunciou que vai se afastar da rotina de shows e viagens para cuidar da saúde mental, não consegui esquecer da entrevista da ginasta olímpica norte-americana Simone Biles à revista Time depois de desistir de disputar algumas provas da Olimpíada de Tóquio em 2021: it’s ok not to be ok” (algo como “tudo bem não estar bem”).

Biles estava enfrentando um quadro que lembra um “burnout” (esgotamento físico e psíquico relacionado às condições de trabalho), no seu caso relacionado a uma alta cobrança por performance, resultados e perfeição.

Agora, depois de dois anos sem competir, a ginasta retornou aos campeonatos e venceu no início de agosto o US Classic, com pontuação de folga para participar das principais competições mundiais. Já se especula, inclusive, que ela poderá disputar a Olimpíada de Paris no próximo ano. Será que ela quer mesmo?

Fortes crises de ansiedade

Safadão, após seu show no último domingo em Natal (RN), anunciou ao público que vai fazer uma pausa na carreira por conta do cansaço mental pela pressão de manter o sucesso. Ele vinha enfrentando dificuldades para dormir e precisou ser medicado para se apresentar.  

Segundo matéria do Terra, fortes crises de ansiedade seriam a principal causa dessa interrupção na agenda de shows.

As histórias pessoais de Safadão, Biles e de milhões de anônimos ao redor do mundo mostram a importância de se discutir cada vez mais as questões de saúde mental, reduzindo estigmas, preconceitos e tabus que ainda cercam o tema. Essa conscientização faz parte da proposta do movimento do setembro amarelo, período do ano dedicado à prevenção do suicídio. 

Pressão por desempenho

Cada vez mais as pessoas se cobram e são cobradas para produzir mais, de forma permanente. A pressão por desempenho e sucesso não fica restrita aos atletas de elite e artistas conhecidos. Todos nós estamos sujeitos a ela, fenômeno que parece ter se intensificado com as redes sociais.

O filosofo sul-coreano Byung Chul-Han, autor do best-seller Sociedade do Cansaço (Editora Vozes, 2015), defende que o preço a se pagar pela performance no século XXI é insustentável, o que pode explicar a explosão de casos de burnout, ansiedade e depressão.

É possível que Biles retome sua rotina de competições com uma percepção mais aguçada das suas emoções e que consiga modular melhor seu ritmo. Da mesma forma, é possível que Safadão volte aos seus shows, com uma agenda menos pesada, sem se cobrar tanto. O sucesso dos dois é uma unanimidade, talvez a forma de lidar com ele é que está sendo revista por ambos.

O equilíbrio de cada um

E você, como fica? A busca pela nosso bem-estar, qualidade de vida e saúde mental é uma construção absolutamente pessoal. O que funciona para mim pode não fazer sentido para o outro, e vice-versa. Nesse sentido não dá para generalizar e criar uma receita de vida saudável e equilibrada que sirva para todos. Além de que o que faz sentido hoje, pode mudar amanha, em um processo sempre dinâmico.

No entanto, a gente sabe que alguns comportamentos, pensamentos, ideias e hábitos podem colocar em risco a saúde das pessoas. Criamos aqui uma pequena lista de algumas dessas situações que, muitas vezes, acabam sendo incorporadas à nossa rotina sem que a gente se dê conta do que está acontecendo. Vamos a ela?

-Ter que produzir sempre, o tempo todo!

-Funcionar nos 100%, sem se dar o direito de encarar dias menos produtivos

-Acreditar que descansar e dedicar um tempo a você mesmo é um privilégio a que você não tem direito

-Viver atrás da felicidade absoluta, tentando estar bem o tempo todo

-Tentar copiar o modelo de vida e de sucesso dos outros

-Passar o dia na frente das telas, com foco em comparações

-Dormir menos na esperança de ter mais tempo para produzir mais

-Ignorar os sinais de cansaço, estresse e esgotamento

-Não prestar atenção nas demandas do seu corpo e das suas emoções

-Tentar resolver a vida de todos que estão a sua volta

-Se culpar e se cobrar quando as coisas não funcionam como você gostaria

-Não se permitir “não estar bem”, esquecendo que dores, sofrimentos, conflitos e angústias fazem parte da nossa existência

-Imaginar que você tem que resolver todos os seus problemas sozinho, sem conversar ou dividir as dificuldades com quem você gosta e confia

-Não buscar ajuda profissional quando ela é necessária

Só de se permitir um tempo para essas reflexões pode ajudar na busca do seu ponto de equilíbrio e na construção de prevenção em saúde mental. Boa sorte na jornada!

*Jairo Bouer é médico psiquiatra, comunicador e publica suas colunas no Terra Você às sextas-feiras.

Fonte: Jairo Bouer
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade