Como cães perdidos retornam ao lar? Veja o que diz a ciência
Embora muitos associem esses retornos a uma forte ligação emocional, há estudos que apresentam explicações baseadas nos sentidos aguçados e habilidades instintivas destes animais
Algumas histórias de cães perdidos deixam a gente intrigadas: muitas vezes, há casos em que eles desaparecem por meses, anos,e, de repente, aparecem de volta ao lar. A pergunta é: como eles conseguem achar o caminho de volta pra casa depois de percorrer quilômetros?
Casos assim fascinam e intrigam, levantando questões sobre como esses animais conseguem realizar essas proezas. Embora muitos considerem esses retornos longas formas de ligação emocional, a ciência oferece explicações baseadas nos sentidos aguçados e habilidades instintivas destes animais.
O sentido aguçado dos cães
Cachorros possuem sentidos variados que os auxiliam na navegação espacial, permitindo que criem mapas mentais do ambiente. Este corredor informativo serve como base para suas habilidades de localização, possivelmente herdadas de seus ancestrais lobos. Isso, aliado ao seu extraordinário olfato, forma a base de suas notáveis habilidades de navegação.
A construção de mapas mentais pelos cães envolve o uso de seus sentidos de maneira complexa. Além da visão, que lhes permite reconhecer marcos familiares, o olfato desempenha um papel crucial segundo diversos especialistas. Com um olfato entre 10 mil e 100 mil vezes mais apurado que o dos humanos, os cães podem detectar e seguir trilhas de odor, uma habilidade conhecida como rastreamento.
De acordo com pesquisas, os cães utilizam essas trilhas de cheiro para traçar roteiros de volta ao seu ponto de origem. As informações olfativas, além de são referências visuais e auditivas ajudam na orientação espacial em relação à sua casa e outros lugares familiares. Isso corrobora a ideia de que os cães conseguem perceber o mundo de maneira única e detalhada.
"Bússola Interna"
A magnetorecepção, ou seja, a habilidade de detectar campos magnéticos, é característica comprovada em algumas espécies como aves e peixes. Alguns estudos sugerem que os cães também podem possuir essa capacidade. Pesquisas recentes com cachorros de caça mostraram que eles podem usar o campo magnético da Terra para se orientar, especialmente em locais desconhecidos e sem referências visuais familiares.
Experimentos na Europa demonstraram que uma parcela de cães consegue voltar para os tutores seguindo uma "corrida da bússola", uma estratégia que depende possivelmente da detecção do campo magnético terrestre. Essa habilidade parece acelerar significativamente o retorno dos cães comparado ao uso exclusivo do olfato.
Embora a ciência explique parte das habilidades de navegação dos cães por meio de suas capacidades sensoriais, os vínculos emocionais também podem influenciar essas jornadas. A criação moderna dos cães aproxima-os intimamente dos seres humanos, e essa proximidade forma ligações afetivas comparáveis aos vínculos de pais e filhos.
"Os cães criados com humanos podem formar vínculos com eles que são semelhantes aos vínculos entre pais e filhos, e um aspecto fundamental desse tipo de vínculo é uma forte motivação para buscar o reencontro quando separados", afirma Monique Udell, diretora do Laboratório de Interação Humano-Animal da Universidade Estadual do Oregon, em entrevista à National Geographic Brasil.
Estes laços afetivos fornecem uma forte motivação para os cães retornarem às suas famílias. Quando um cão se perde, o impulso instintivo para retornar à sua "casa" - entendida como o local onde seus tutores estão - é frequentemente fortalecido por esses sentimentos de segurança e apego.
Como tutores podem evitar fugas?
Proteger os cães de se perder requer medidas preventivas eficazes, como o uso de coleiras com identificação e microchips. Assim, esses itens garantem que, caso um cão se perca, seja mais fácil reencontrá-lo. Apesar das habilidades notáveis que alguns cães possuem para retornar sozinhos, contar com a tecnologia moderna pode prevenir momentos de angústia tanto para os cães quanto para seus tutores, não é mesmo?
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