Script = https://s1.trrsf.com/update-1731943257/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Como identificamos o TDAH, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade?

Psiquiatra, Dra. Jéssica Martani descreve o que é o TDAH, seus principais sintomas e como funciona o diagnóstico clínico

8 fev 2024 - 13h55
Compartilhar
Exibir comentários

Vivemos em um mundo repleto de diversos estímulos, onde cada vez mais enfrentamos dificuldades para pegar um livro de papel e ler. Nossas conversas com os colegas são interrompidas por notificações do celular a cada minuto e não é incomum sair de um cômodo da casa, chegar ao outro e se perguntar: "Nossa, o que eu vim fazer aqui?".

Como identificamos o TDAH, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade?
Como identificamos o TDAH, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade?
Foto: Pexels / Bons Fluidos

E assim seguimos, com cada vez menos atenção, cada vez mais esquecidos, cada vez mais distraídos. Mas até onde isso pode ser considerado normal? Ou será que são características do TDAH?

O que é TDAH?

TDAH significa Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. É uma doença do neurodesenvolvimento, ou seja, ela surge desde a infância, ou seja, não dá para "pegar TDAH" na idade adulta. A grande maioria dos casos de desatenção que aparecem no meu consultório não são TDAH.

A principal alteração é um desenvolvimento alterado do córtex pré-frontal, local super importante para:

  • Tomada de decisão;
  • Controle de impulsos;
  • Regulação emocional;
  • Planejamento e organização;
  • Atenção sustentada

Postula-se que haja uma alteração nos lobos frontais, a região frontal da cabeça responsável por atividades como regulação das emoções, regulação dos impulsos e organização.

Além disso, as principais teorias sugerem uma desregulação da dopamina, um neurotransmissor que tem diversas funções, como desempenho da cognição, manutenção da atenção, tomada de decisões, regulação do comportamento e recompensas, coordenação motora, entre outros.

Os sintomas ocorrem devido às desregulações. A pessoa com TDAH apresenta dificuldade no controle e regulação de emoções e estímulos. Têm foco em muitas coisas ao seu redor, como barulhos e movimentos, e não conseguem ter um foco único. Isso faz com que ela não consiga ter uma atenção sustentada.

As alterações dos centros de recompensa dopaminérgicos fazem com que o tédio seja tão grande a ponto de não conseguir submeter-se a eventos tediosos, e assim a pessoa prefere atividades que possam propor uma recompensa imediata. Essa dificuldade de cumprir atividades mais maçantes, que terão recompensa posteriormente, levam à procrastinação, sensação de tédio iminente e insatisfação, não sendo incomum uma busca incansável por novidades.

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um fenômeno complexo que se manifesta geralmente por volta dos sete anos, já que antes disso o cérebro ainda é imaturo. Por isso, toda a criança abaixo dessa idade, as quais o cérebro ainda não está totalmente formado e que tenha sintomas parecidos com o do TDAH não possuem o diagnóstico.

A fisiopatologia do TDAH é amplamente influenciada por fatores genéticos, respondendo por cerca de 80% dos casos. O cérebro dos afetados apresenta anormalidades no neurodesenvolvimento do córtex frontal, como o rápido aumento e subsequente eliminação de sinapses por volta dos seis anos.

Há alterações em genes receptores, como os alfa adrenérgicos, dopaminérgicos e noradrenérgicos, ocasionando modificações e alterações de neurotransmissores importantes na regulação da atenção, do humor e da impulsividade.

O TDAH ainda é uma doença que traz muita frustração no indivíduo, que acaba não conseguindo realizar as suas atividades, ocasionando alteração da autoimagem e queda de autoestima, além da sensação de pertencimento. Com isso, 3/4 dos indivíduos com TDAH enfrentam comorbidades, sendo a depressão (20%-55%), bipolaridade (10%), tabagismo (dobro da população normal dos EUA) e ansiedade as mais comuns. Outros problemas como dificuldade para dormir e o uso de drogas também são frequentemente observados.

Em um cenário mais amplo, 20% daqueles com distúrbios psiquiátricos apresentam TDAH, com destaque para a associação significativa com transtorno bipolar (20%) e borderline (35%).

O diagnóstico do TDAH

O diagnóstico do TDAH requer a observação frequente de sintomas, como esquecimento, quando acontece pelo menos uma vez por semana. Diferenciar o TDAH de outras condições é crucial, especialmente em crianças, onde a impulsividade e hiperatividade são comuns nessa faixa etária.

O diagnóstico em adultos também pode ser desafiador, pois os sintomas de desatenção se tornam mais proeminentes. E não é incomum que muitos sintomas do TDAH estejam em outras doenças como transtornos da ansiedade, transtornos depressivos, transtorno de personalidade, entre outros.

É muito importante a avaliação de um médico psiquiatra para fazer o diagnóstico, muitas vezes são necessários questionários e utilização de outros testes, como QB teste, com 80% de acurácia, bem como o teste neuropsicológico.

Os sintomas do TDAH

Os sintomas do TDAH variam entre desatenção, hiperatividade, impulsividade e flutuações de humor. O tratamento visa aliviar esses sintomas e melhorar a qualidade de vida.

É importante dizer que existem tipos de TDAH, sendo um deles do tipo hiperativo, predominando os sintomas de hiperatividade, do tipo desatento e é possível haver a combinação de sintomas, já que o TDAH é caracterizado por uma variedade de sintomas que afetam significativamente a vida cotidiana.

Os principais sintomas incluem:

1. Desatenção:

  • Dificuldade de concentração e alta distração;
  • Desorganização em tarefas cotidianas;
  • Tendência a estar sempre atrasado;
  • Propensão a esquecimentos frequentes;
  • Dificuldade em tomar decisões, muitas vezes procrastinando.

2. Hiperatividade:

  • Dificuldade em relaxar e descansar;
  • Sensação frequente de tensão;
  • Constantemente ocupado, buscando atividades estimulantes;
  • Tendência a falar excessivamente;
  • Predisposição a envolver-se em atividade física em excesso;
  • Inquietude.

3. Impulsividade:

  • Tomada de decisões impulsivas, agindo antes de pensar;
  • Impaciência em situações que exigem espera;
  • Dificuldade em esperar a vez em atividades em grupo;
  • Tendência a não conseguir se manter focado em uma tarefa ou serviço;
  • Possibilidade de apresentar alterações alimentares, como compulsão alimentar.

4. Flutuações de Humor:

  • Variações frequentes no humor ao longo do dia;
  • Manifestação de crises de raiva, ocorrendo até cinco vezes por dia.

Esses sintomas manifestam-se de maneira única em cada indivíduo e contribuem para desafios significativos em diversas áreas da vida. O diagnóstico precoce e a intervenção adequada são cruciais para minimizar o impacto do TDAH na vida cotidiana.

O tratamento pode envolver abordagens multifacetadas, apoio psicológico, e, em alguns casos, medicação, sendo sempre importante o cuidado das comorbidades primeiro. No entanto, é fundamental que o tratamento seja personalizado, considerando as necessidades específicas de cada indivíduo.

Compreender a complexidade do TDAH e seus efeitos não apenas no indivíduo, mas também em seu ambiente social, é essencial para promover a empatia e o suporte necessários.

A educação sobre o TDAH desempenha um papel vital na redução do estigma associado à condição, promovendo uma compreensão mais profunda e aceitação da diversidade neuro cognitiva.

E se você se identificou com os sintomas, não deixe de buscar ajuda.

Bons Fluidos
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade