Como o estresse atua no corpo humano? 5 fitoterápicos para conter os efeitos negativos
Jamar Tejada explica, biologicamente, o que é o estresse, seus efeitos a curto e longo prazo, e indica fitoterápicos para auxiliar no tratamento contra a condição
Você conhece alguém que nunca se estressou? Talvez Jesus Cristo! Não adianta, o estresse é inevitável em nossas vidas e pode surgir nas mais variadas fases e das mais diferentes formas. Mesmo quando ainda bebês, ele pode nos atingir, seja quando não alimentados ou quando sentimos alguma dor e não somos compreendidos. Na vida adulta, ele pode chegar associado ao trânsito intenso, a alguma doença, a adaptação a alguma mudança ou mesmo quando temos algum desentendimento com alguém próximo. É uma resposta física automática aos mais diferentes "calos", até porque cada um sabe bem onde ele aperta!
Seja qual for sua ameaça potencial ou real, ela desencadeará uma cascata de hormônios derivados desse estresse, que produzirá mudanças fisiológicas já bem conhecidas: o coração dispara, os músculos ficam tensos e a respiração acelera. Mas exatamente como e por que essas reações ocorrem e quais efeitos elas podem ter quando acontecem repetidamente ao longo do tempo são questões que ainda não foram explicadas.
Fisiologia do estresse
Sabe-se que a resposta às ameaças começa no tálamo, uma parte do cérebro que recebe e processa informações dos sentidos e alerta a amígdala, o centro do medo no cérebro. Estas enviam sinais para o córtex motor.
A partir daí, a mensagem para responder acelera as vias nervosas para os músculos, que ficam tensos, preparando-se para ações. Outro sinal da amígdala vai para o hipotálamo, uma parte do cérebro situada acima do tronco cerebral. O hipotálamo, por sua vez, transmite o alerta para a glândula pituitária próxima, que envia um mensageiro químico pela corrente sanguínea para as glândulas suprarrenais, localizadas acima dos rins.
Em resposta, essas glândulas secretam uma série de hormônios do estresse, a famosa adrenalina, que ajuda o corpo a acelerar. As glândulas adrenais também liberam um segundo hormônio do estresse, chamado norepinefrina ou noradrenalina, e, por fim, o hormônio cortisol. Quando você se depara com uma situação estressante, todos os três começam a percorrer sua corrente sanguínea, causando várias respostas fisiológicas.
A resposta ao estresse
Essa onda de hormônios prepara seu corpo para reagir às ameaças. No caso de um perigo físico imediato, como um assalto, você responde preparando-se para fugir ou mesmo lutar.
Nossa respiração acelera à medida que o corpo absorve oxigênio extra para ajudar a alimentar os músculos, em que a glicose e as gorduras, que aumentam a energia, são liberadas dos locais de armazenamento na corrente sanguínea. Nossos sentidos ficam latentes, como visão e audição, deixando-nos mais alerta. O coração bate duas a três vezes mais rápido que o normal, a pressão sanguínea aumenta. Certos vasos sanguíneos se contraem, ajudando a direcionar o fluxo sanguíneo para os músculos e o cérebro.
Até nosso sangue sofre interferência. As células do sangue (plaquetas) tornam-se mais pegajosas, de modo que os coágulos podem se formar mais facilmente para minimizar o sangramento de possíveis lesões. A atividade do sistema imune aumenta, antevendo uma possível necessidade de precisar combater a infecção de feridas. Todos nossos músculos se contraem, preparando você para entrar em ação.
O nosso corpo fica em estado de grande alerta dando prioridade a ação, que os sistemas do corpo que não são necessários para a emergência imediata são suprimidos para concentrar a energia onde ela é necessária, como o estômago e os intestinos, que retrocedem em suas operações. Até mesmo a reparação e o crescimento dos tecidos do corpo diminui.
Estresse é sempre ruim?
Precisamos entender que nem todo estresse é ruim. Como você pode perceber, a resposta ao estresse pode ser extremamente útil em tempos de perigo físico ou quando você tem uma tarefa urgente a cumprir. O problema acontece quando seu corpo experimenta repetidamente a resposta ao estresse ou quando a excitação após um trauma terrível nunca é totalmente desligada. Nessa situação, a resposta ao estresse entra em ação mais cedo ou com mais frequência que o normal, sobrecarregando o seu corpo, questão relacionada ao estresse crônico, que pode levar a problemas de saúde sérios, como a pressão alta - um importante fator de risco para doença arterial coronariana.
Efeitos negativos sobre o corpo
O estresse age sobre todo o corpo, no entanto, algumas áreas sofrem mais com os efeitos da tensão prolongada por muito tempo. Entre elas:
Cérebro
Recebe doses mais altas de substâncias químicas excitatórias. Assim, a atividade cerebral aumenta e as pupilas se dilatam para melhorar a visão. No entanto, em grandes doses de estresse, a pressão arterial aumenta, podendo ocorrer AVC e aneurismas.
Coração
Os batimentos cardíacos aumentam e a pressão arterial sobe. O estresse contínuo causa grandes descargas de adrenalina, que aumentam a coagulação do sangue e contraem os vasos cardíacos. Com isso, cresce a chance de um infarto.
Aparelho gástrico
O estresse muda o nível de acidez do estômago. Em altas doses, isso significa azia, má digestão, gastrite e até a formação de uma úlcera.
Músculos
Recebem mais sangue e oxigênio e se contraem para melhorar a performance. Contudo, a tensão constante causa dores, principalmente no pescoço, costas e ombros, e um cansaço exagerado.
Boca
Uma pesquisa da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) mostrou que pessoas estressadas têm mais chance de desenvolver doenças periodontais, que atingem os tecidos ao redor dos dentes, responsável por sua fixação. Essas doenças podem causar destruição do tecido ósseo e levar à perda dos dentes.
Manejando o estresse
Todo mundo sabe que desenvolver atitudes positivas adquirindo hábitos e rotinas saudáveis reduz o estresse. Pode parecer que não seja tão simples, mas é, basta querer! As dicas no manejo do estresse ainda não fogem dos passos abaixo.
O primeiro passo é não permitir que excesso de atividades, os problemas ou mesmo sua autonegligência faça você esquecer das suas próprias necessidades! Inclua atividades que te fazem bem, permita uma pausa das responsabilidades e recarregue suas baterias, dê uma caminhada no sol, pise na grama! Cerque-se de pessoas positivas que façam diferença em sua vida e ria de si!
Será que preciso citar a boa alimentação? É óbvio que um corpo nutrido estará mais preparado para enfrentar um estresse do que um corpo desnutrido com alimentos inflamatórios. Pratos coloridos e realmente nutritivos vem bem, obrigado! Coma mais frutas, legumes e verduras! A regra é básica: evite sal, açúcar, embutidos e farinha branca. Aquela frase que, com certeza, você já ouviu várias vezes: "Descasque mais, desembrulhe menos!". Este é um mantra que deveria ser levado para toda a nossa vida!
E não adianta fugir: a atividade física tem um importante papel na redução e prevenção do estresse! Faça da atividade física parte de sua rotina. Corpo parado se estressa mais e enferruja! E finalmente, um sono adequado é necessário para o bom funcionamento do seu corpo e da sua mente. É durante o sono que nosso corpo se constrói.
Fitoterápicos no tratamento do estresse
Ok! Precisa de uma força extra? Seus dias estão pesados demais? Vários fitoterápicos podem ser utilizados para amenizar o desconforto vivido por quem está estressado. Os benefícios são diversos, como: propriedades calmantes, relaxantes e que auxiliam na indução do sono, além atuar na regulação de apetite.
Os fitoterápicos também podem ser usados para complementar uma dieta saudável e práticas esportivas, que proporcionam a liberação da endorfina e outras substâncias que aumentam a sensação de bem-estar.
Gostaria de deixar claro que, apesar de serem naturais, fitoterápicos tem efeitos adversos, são medicamentos! Busque ajuda profissional de seu médico, farmacêutico ou nutricionista. Evite a automedicação!
Entre os fitoterápicos mais utilizados para o manejo do estresse e que podem ser adquiridos em farmácia de manipulação posso citar:
Relora
Complexo patenteado de dois extratos, Pheliodendron amurense e Magnolia officinalis, que atua na diminuição dos efeitos causados pelo estresse e pela fadiga. A combinação também melhora o humor e aumenta o vigor, previne ganho de peso associado à ansiedade e a compulsão alimentar, estimula o desempenho físico na realização das atividades do dia-a-dia e auxilia na regulação do sono.
Passiflora
Derivado do maracujá, ajuda a controlar crises de ansiedade e depressão. Devido aos alcaloides e flavonoides, age como depressor inespecífico do sistema nervoso central, resultando em uma ação sedativa, tranquilizante e antiespasmódica da musculatura lisa.
Melissa
Também conhecida como erva-cidreira, é rica em ácido rosmarínico, um dos principais componentes responsáveis pela resposta farmacológica. A atividade sedativa situa-se ao nível do sistema límbico, que tem papel importante no controle e integração das emoções. É um tranquilizante apresentado também como indutor do sono.
Mulungu
Tem ação sedativa sobre o sistema nervoso central e relaxante da musculatura lisa. É usado como calmante na agitação nervosa e insônia e coadjuvante em dores de origem reumática ou nevrálgica. Proporciona sono natural, sem causar dependência, diminuindo o tempo necessário para adormecer. É indicado em todos os casos de insônia e irritabilidade relacionados a necessidades, angústias, tensões e menopausa.
Crataegus
Atua no sistema nervoso central. Os bioflavonóides do Crataegus são responsáveis pelos efeitos de vasodilatação e pela ação sedativa, reduzindo o nervosismo e ansiedade, contribuindo para melhora do sono.
Espero que encontre seu ponto de equilíbrio. Sei que não é fácil, mas como sempre digo: Levante-se e busque ajuda, mesmo a passos de bebê! O importante é começar!