Como saber se você já descobriu o seu propósito de vida?
Existem algumas formas de você detectar o seu propósito de vida. Descubra se você está caminhando na direção dele!
O propósito é uma das palavras mais faladas dessa época em que vivemos. “Como saber se já encontrei o meu propósito? Como encontrar o meu propósito?” Essas são perguntas comuns, mas deveríamos adicionar mais uma: “o que o propósito pode fazer para mim, mudar na minha vida e resolver?”.
Esse propósito que tanto falamos tem realmente um poder de transformar a nossa vida. Existe uma distorção um pouco perversa de trabalharmos para algo que não acreditamos. Os seres humanos são levados pela inspiração e alguma coisa deve nos inspirar. Mesmo que façamos algo simples, que não tenha muito a ver com a nossa alma nem encanta a nossa essência, pelo menos não pode ser algo contra.
Mas nessa época em que nos sentimos perdidos num turbilhão de pessoas, processos, ideias, possibilidades, empresas e escolhas, fica ainda mais importante que nos perguntemos: o que eu nasci para fazer?
Antigamente, há 50 ou 60 anos, a resposta era simples. Cada pessoa simplesmente precisaria sustentar a família, ter um emprego decente, ter filhos, virar avô, viver uma vida feliz. Só que hoje em dia tudo está se evidenciando e vindo à tona. Estamos descobrindo que as famílias felizes do comercial de margarina não eram tão felizes assim. Estamos descobrindo e falando de certas coisas que antes eram guardadas, varridas para debaixo do tapete, como tristezas, mágoas, traições, preconceitos.
E com o brilho do coração queremos ir para frente, queremos o que é de verdade, algo que vai nos inspirar mesmo, queremos que o fogo brilhe no nosso peito. E, motivados por essa tocha que nos consome e dá forças, vamos em busca do que realmente viemos fazer.
O que exatamente é o propósito?
O propósito é a tradução da palavra indiana dharma, que é um conceito muito antigo. Ao trabalharmos no nosso dharma, algo mágico acontece. Na vida, há alguns obstáculos que vão nos preparando para o nosso crescimento, para atingirmos o nosso potencial, mas o dharma, ou seja, o nosso propósito vai fazendo com que algo mágico seja criado, as portas se abrem, as pessoas certas aparecem.
Nós precisamos nos qualificar para chegar nesse propósito, porque ele não é uma tarefa. É uma direção que nos guia, como uma estrela distante que vamos seguindo, mas não chega necessariamente nunca. Apenas sabemos que é para lá que temos que ir.
O nosso propósito nunca é algo exatamente específico. Você, por exemplo, não será alguém que irá resgatar uma espécie de animal da Mata Atlântica para que não entre em extinção. O propósito é talvez trabalhar com a recuperação da mata e dos animais e dentro do propósito tem uma tarefa que é cuidar daquela espécie de animal que seria extinta. O propósito de uma pessoa pode ser também o de escrever de maneira profunda que toque o coração dos outros. Não é apenas escrever um livro, que seria uma tarefa, mas a habilidade de escrever mais, melhor e mais profundamente.
O propósito é sempre algo que vai nos aperfeiçoando, desafiando e preenchendo um buraco que havia no nosso coração. Eu mesmo me tornei monge tendo esse propósito, porque, por mais que eu tivesse sucessos no mundo, me sentia com um vazio. E abrindo mão de tudo, indo viver uma vida simples, eu fui preenchido. Só assim eu encontrei aquilo que eu deveria arrumar para me tornar. Aquela era a direção, o objetivo, e disso vieram milhares de tarefas, que eu tento cumprir, como cada meditação, cada livro escrito, cada escola que eu entro para ensinar as pessoas a respirar desde pequenas.
Como saber qual é o propósito?
Existem algumas maneiras de você detectar o seu propósito. Uma delas é como um jogo de crianças. Lembra quando você brincava de quente e frio? Alguém escondia alguma coisa e alguém dizia “está quente”, “está frio”, “está morno”. Quando nos aproximamos do nosso propósito, vamos sentindo algo indescritível no coração, é um encontro, um alívio, um alento, uma alimentação, parece que ganhamos força quando nos aproximamos do propósito. Nós nos sentimos quente nesse jogo de “quente e frio”.
Entretanto, há uma outra maneira de descobrir se você está trabalhando no seu propósito. Se depois de um dia desafiador, você se sentir sugado, exaurido, é porque você não está no propósito. Por outro lado, se você se sentir exausto, porém pleno, você está no seu propósito.
Saiba que o propósito nunca nos suga. Ele pode cansar em um dia trabalhoso, mas ele nos alimenta de uma energia invisível. O propósito nada mais é do que os gregos chamam de Aretē: você vir fazer aquilo que você nasceu para fazer, na sua maior excelência, e sendo algo que só você pode ser, criando algo que só você pode criar.