Adrenalina: salva os perigos da vida e ainda melhora a saúde
Salve, salve!!! Salve-se quem puder.
Banhos frios ou imersão em água gelada são uma realidade para melhorar a saúde geral. Graças a noradrenalina, também chamada de norepinefrina, liberada no corpo quando nos submetemos intencional e deliberadamente a temperaturas baixas.
Pra saber mais pegue um cobertor e um chá quente enquanto ouve “Adrenalin Workout”. Também serve pra malhar, correr ou simplesmente curtir um bom e velho metal. Mötley Crüe, Pantera, Tool, Rammstein, Slipknot, Korn, tá tudo mundo lá:
Se correr o bicho pega...
Noradrenalina tá na crista da onda
A adrenalina é liberada no sangue quando estamos numa situação de perigo ou estresse e é também chamado de hormônio da luta ou da fuga. Seus sinônimos são cagaço, frio na espinha ou hora H.
Segundo o Dicio.com.br: é o hormônio produzido e secretado pela medula das glândulas suprarrenais, acima dos rins, cuja função é muito importante no processo de aumento da pressão sanguínea, acelerando o ritmo cardíaco; e também na elaboração das respostas aos estímulos externos.
Na hora do vamo vê, do pega pra capar, quem te salva é ela, a adrenalina. Seu coração vai a milhão e te faz pular de alturas impossíveis, correr mais rápido que o Usain Bolt e defender sozinho toda sua família de bandidos cruéis ou bêbados folgados como se você fosse o Hulk.
Subindo a serra
Há muito tempo, subíamos a serra até a chapada indo de Joaíma rumo a Fazenda Itatiaia, no Vale do Jequitinhonha, à bordo de um valente Fiat 147 azul calcinha emprestado do meu tio Paulo. Meu pai ao volante, minha tia Vânia ao lado, atrás meu irmão Rato, o primo Jota e eu. O carrinho não aguentou a subida e o motor ferveu. Paramos pra deixar esfriar um pouco e esperar o outro Fitin marrom que vinha chegando com o resto das famílias.
Passados alguns minutos, papai bateu na chave a nada, só aquela luzinha vermelha da bateria acesa. Tentou de novo e o carro pegou. Quando foi arrancar no declive, o carro embalou pra trás na descida e o freio não segurou. Era uma ladeira de respeito, parecendo um tobogã para carros numa estrada de terra. Por sorte, instinto e graças à adrenalina da situação, meu pai virou o volante para o lado certo jogando o carro num barranco onde ficou preso pelo assoalho e parou. Logo atrás havia um precipício.
Meu irmão tinha uns 5 ou 6 anos e esmagou uma bala soft numa das mãos com a tensão do momento. Eu apenas olhava pra trás vendo o fim se aproximar cada vez mais rápido. Minha tia gritava e meu primo chorava. Por obra do destino, saímos ilesos.
Uma turma de trabalhadores saiu de um ônibus que vinha descendo e parou pra ajudar a tirar o bendito carrinho do barranco onde estava. Foi rebocado até um platô, danos checados e seguimos viagem sem o cano de descargas que ficou pra trás. Aquela zoeira parecendo moto sem escapamento nos acompanhou até a fazenda.
Banhos frios ou imersão em água gelada
A noradrenalina, também chamada de norepinefrina, é liberada no corpo quando nos submetemos intencional e deliberadamente a temperaturas baixas. Seja num banho gelado ou mergulhando o corpo num lago ou tanque com água muito fria deixando apenas a cabeça de fora.
No inverno passado fiquei chocado ao ver uma mulher fazendo isso. A temperatura estava em 2°C, nós com casacos, luvas, gorro e cachecol obrigatórios, além daquele batonzinho na boca protegendo os lábios. A água estava a 4°C.
De longe vimos a maluca começar a se despir. Um homem a ajudava, parecia ser o marido, segurando uma toalha. O volume de roupas diminuía até que ela ficou só de maiô. Usava luvas e meias. Depois me contou que são importantes, pois é pelas extremidades por onde o calor se dissipa mais rápido.
Uma dica para dias quentes: quando você quiser se refrescar é melhor mergulhar os pés e mãos na água e não o rosto ou a nuca como todos fazemos. Seu corpo irá resfriar mais rápido.
Ela entrou calmamente na água gelada do lago. Algumas partes estavam congeladas e na margem vimos pequenas estalactites brancas de gelo. Ficou ali por alguns minutos sem afundar a cabeça e com as mãos para cima. Disse que começou os banhos com um minuto e foi aumentando o tempo de imersão, se acostumando aos poucos com as temperaturas baixas. Desde então nunca mais ficou doente e se livrou para sempre de uma doença crônica que a incomodava.
A recomendação é de 11 minutos de imersão em média por semana nas águas gélidas. O máximo que consigo são uns 15 a 20 segundos após o banho quente, duas vezes por semana.
A sensação de bem estar é imediata. Uma leveza e relaxamento difíceis de descrever, como se você tivesse saindo de uma sessão de massagem e sauna. Recomendo.
Pra ver e ler
FILME: Fogo contra Fogo / Heat - Michael Mann (1995). O aguardado duelo entre Pacino e De Niro.
A cena de ação mais fantástica e bem filmada do cinema. São 6 minutos de adrenalina pura num tiroteio pelas ruas de Los Angeles enquanto assaltantes tentam fugir da polícia com o produto do roubo recém executado.
Robert De Niro no comando da gangue de meliantes. Al Pacino na chefia da polícia em perseguição. Michael Mann no roteiro, por trás das câmeras e da edição primorosa. Não tinha como dar errado. Um clássico!
E como Mann filmou essa sequência épica?!
Coreografando cada movimento durante meses num cenário fiel às ruas de Los Angeles. Treinando os atores a usar e manusear armas de verdade, demonstrado pela maneira exímia por Val Kilmer ao recarregar um rifle. Gravando o som real, e o eco das metralhadoras, para dar ao espectador a sensação de estar dentro ou bem próximo do tiroteio. Usando câmeras leves de mão bem próximas da ação. Mantendo o foco no objetivo primário dos bandidos: sair vivos com o butim o mais rápido possível daquele cerco policial implacável.
“Heat” foi lançado nos EUA dia 15 de dezembro de 1995. Eu estava em Los Angeles fazendo um curso de inglês em Santa Mônica, recém chegado ao país no início daquele mês, para minha primeira aventura no exterior.
Na Promenade tinha um cinema. Li “Heat” no letreiro junto com “Pacino, De Niro & Mann” e não tive dúvidas. Paguei o bilhete e me sentei pra acompanhar 2 horas e 50 minutos de cinema de ação em altíssimo nível.
Já revi umas três vezes e nunca me canso. Esqueça a refilmagem feita recentemente. Não vi e não gostei.
LIVRO: Moby Dick - Herman Melville (1851). Clássico é clássico e vice-versa
Narrado por Ishmael, marinheiro do baleeiro Pequod e testemunha da obsessão do capitão Ahab por Moby Dick, o cachalote albino, que com coração odioso pretende perseguir a baleia até “que ela solte um jato de sangue preto e boie com as barbatanas para cima”.
Lá pelas tantas, Ishmael lembra que, por mais que a ciência se desenvolva, o mar continuará sempre perigoso.
Me lembro da cena do antigo filme com o Gregory Peck como capitão Ahab amarrado ao corpo daquela massa branca e invencível, toda ferida por arpões, resistindo bravamente à fúria vingativa de um homem. Adrenalina em altas doses, mas em vão.
Moby Dick, de Herman Melville (1819-1891), foi lançado em 1851 se tornando um dos livros de aventura mais emblemáticos da literatura universal. A busca do capitão Ahab por vingança contra a terrível baleia cachalote branca que amputara sua perna, entrou para a cultura popular inspirando outras criações como pinturas de Jackson Pollock e Frank Stella, adaptações de Orson Welles para o rádio e o teatro, um filme de John Huston, e até um blues do Led Zeppelin.
Melville nasceu em Nova York, em 1819. Após a falência e a morte do pai, embarca em 1839 como auxiliar no navio mercante St. Lawrence, rumo a Liverpool e continua sua saga pulando de um baleeiro para outro, abandonando navios, vivendo com nativos, apoiando motins, trabalhando numa ilha até entrar na marinha e viajar com uma fragata americana por mais de um ano até voltar ao país em 1844. Seus primeiros livros são todos baseados em suas viagens marítimas.
Se faltava algum motivo pra ler, agora não mais.
(*) Pedro Silva é engenheiro mecânico, PhD em Materiais, vive em Viena na Áustria, busca adrenalina dirigindo, ainda não criou coragem pra se jogar num lago gelado e escreve semanalmente a newsletter Alea Iacta Est.
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