Ano sabático: saiba o que é, para que serve e como tirar
Especialista explica os benefícios do ano sabático e o que avaliar antes de realizar uma pausa na carreira
O ano sabático é um período, geralmente de um ano, em que uma pessoa decide se afastar de suas atividades profissionais e rotineiras para se dedicar a outros projetos, interesses ou simplesmente para descansar e reavaliar a vida. O termo "sabático" deriva do hebraico, "shabbat", que significa descanso. Na tradição judaica, a cada sete anos, a terra deveria ser deixada em repouso, sem cultivo, um ano de descanso e renovação.
A prática do ano sabático tem suas raízes na antiguidade. Originalmente, o conceito era agrário, mas com o tempo foi adaptado para o campo acadêmico. Nos séculos XIX e XX, universidades começaram a adotar o ano sabático para que professores pudessem dedicar-se à pesquisa, atualização de conhecimentos ou simplesmente para recarregar as energias. Hoje, o conceito se expandiu além da academia e pode ser encontrado em várias profissões.
De acordo com Virgilio Marques do Santos, sócio-fundador da FM2S Educação e Consultoria, gestor de carreiras e doutor em Engenharia Mecânica pela Unicamp, qualquer pessoa, na teoria, pode tirar seu ano sabático. No entanto, na prática, isso depende de condições financeiras e estruturais. "Profissionais autônomos, freelancers e empresários têm maior flexibilidade para planejar um período sabático, mas é preciso organização financeira", comenta.
O que fazer durante o seu ano sabático?
As possibilidades são infinitas. Alguns optam por viajar, conhecendo novas culturas e lugares. Outros dedicam o tempo a projetos pessoais, como escrever um livro, aprender um novo idioma ou desenvolver uma habilidade artística. Há quem utilize o período para voluntariado, contribuindo com causas sociais e humanitárias. O importante é ser um tempo de crescimento pessoal e renovação.
Quanto custa tirar um ano sabático?
Segundo o gestor de carreiras, os custos de um ano sabático variam significativamente, dependendo do estilo de vida e das atividades planejadas. Viagens internacionais, cursos, projetos pessoais, tudo isso pode variar de alguns milhares a dezenas de milhares de reais.
Por isso, Virgilio ressalta que o planejamento financeiro é crucial. É recomendável economizar com antecedência e considerar todas as despesas possíveis, desde moradia a saúde e lazer.
"Se possível, crie um investimento no qual você destine todo mês uma parte da sua renda ao seu projeto sabático. Ou, se houver espaço, fale com seu chefe sobre a possibilidade do aprendizado do ano ser focado em algo interessante para a empresa. Por exemplo, uma pós-graduação ou experiência em algum lugar referência em conhecimento", orienta.
Prós e contras
O ano sabático possui alguns prós e contras. Como prós, Virgílio destaca renovação pessoal e profissional. "Um ano sabático pode proporcionar uma pausa necessária para refletir, redefinir metas e buscar novos conhecimentos", afirma.
Segundo ele, o ano sabático também pode ser um período importante para desenvolver novas habilidades, pois aproveitar esse tempo para aprender algo novo pode enriquecer tanto a vida pessoal quanto a carreira.
Por fim, como contras, o gestor cita três pontos principais, um deles é o impacto financeiro. "Ausência de renda regular pode ser um desafio, especialmente se não houver um planejamento adequado. Também há um risco de desconexão, pois um ano fora do mercado de trabalho pode resultar em desafios para a reintegração profissional. Por fim, cuidado com expectativas irrealistas: idealizar o ano sabático pode levar a frustrações, se as expectativas não forem correspondida", alerta.
Em todo caso, decidir por um ano sabático é uma escolha pessoal, que requer planejamento e reflexão. "Os benefícios podem ser imensos, proporcionando renovação e crescimento, mas é essencial estar ciente dos desafios e se preparar para eles. Ao fim, um ano sabático bem planejado pode ser uma experiência transformadora, impactando positivamente a vida pessoal e profissional de quem se permite essa pausa para redescobrir-se e evoluir", finaliza Virgílio.