Após morte de Sulli, sul-coreanos pedem punições maiores para cyberbullying
Cantora encontrada morta na última segunda-feira, 14, era alvo de ataques nas redes sociais e tinha depressão
A morte da cantora de k-Pop Sulli, de 25 anos, na última segunda-feira, 14, gerou uma onda de debates sobre cyberbullying. Nas redes sociais, fãs e amigos atribuíram o trágico episódio a uma série de ataques que ela vinha recebendo na internet. A causa da morte ainda não foi revelada, mas a principal suspeita dos investigadores é de suicídio.
Segundo a polícia, Sulli, cujo nome real era Choi Jin-Ri, sofria de grave depressão. Em uma de suas últimas lives no Instagram, ela reclamou de ser alvo de comentários negativos. "Me digam uma coisa que eu fiz para merecer esse tratamento?", questionou.
Ex-vocalista do grupo f(x), Sulli costumava ser criticada por não se curvar aos padrãos estabelecidos pela indústria do k-pop. Em abril, ela expressou apoio à decisão da Coreia do Sul de declarar inconstitucionais leis que restringem o aborto. A artista também costumava deixar claro que não gostava de usar sutiã.
"Ela não era só uma criadora de problemas, mas espero que ela seja lembrada como uma ativista pelo direitos das mulheres, de espírito livre, que podia realmente expressar sua opinião", disse a cantora Kwon Ji-an, que também enfrentou depressão após sofrer cyberbullying.
Dados da polícia sul-coreana indicam que o número de casos de insultos ou difamação online dobraram entre 2014 e 2018. Após a morte de Sulli, a Assembleia Nacional do país propôs o endurecimento das leis que tratam desse tipo de crime. A proposta será discutida com integrantes de entidades como a Associação Nacional de Arte e Cultura, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Entretenimento e o Sindicato dos Trabalhadores Públicos Coreanos.
No site da Casa Azul, centro do poder executivo da Coreia do Sul, internautas iniciaram uma petição para que comentários anônimos sejam proíbidos.
Uma pesquisa conduzida pela Realmeter mostrou que 70% dos sul-coreanos apoiam medidas para combater o cyberbullying, enquanto 24% se opõem. "A liberdade de expressão é um princípio vital em uma sociedade democrática, mas insultar e violar a dignidade de alguém vai além desse limite", denunciou Lee Dong-gwi, professor de psicologia da Universidade de Yonsei, em Seul. "É preciso haver punições mais duras para quem viola essa lei."
*Com informações da Agência Reuters.