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Após polêmica com Bolsonaro, Dead Kennedys e ilustrador divergem sobre cartaz

Cristiano Suarez afirma que arte foi autorizada e oficial, mas banda norte-americana nega

23 abr 2019 - 13h59
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Cartaz do grupo Dead Kennedys.
Cartaz do grupo Dead Kennedys.
Foto: Instagram / @cristianossuarez / Estadão

Após causar polêmica com um cartaz de sua turnê no Brasil que foi visto como uma possível crítica ao presidente Jair Bolsonaro por fãs e internautas, a banda Dead Kennedys afirmou que a arte não teria sido autorizada pelo grupo. Cristiano Suarez, ilustrador brasileiro que fez a arte, nega a versão do grupo.

Na tarde da última segunda-feira, 22, a arte chegou a ser divulgada no Instagram oficial do Dead Kennedys, mas a publicação foi deletada menos de duas horas depois, por conta da repercussão. Ela também havia sido publicada no Instagram de Cristiano Suarez, seu autor.

Posteriormente, o Dead Kennedys publicou uma nota em seu Facebook oficial, se retratando pela divulgação do cartaz. A postagem também foi apagada depois de algum tempo.

A nota afirmava que "o cartaz foi divulgado pelo organizador dos shows sem o conhecimento do Dead Kennedys e não foi autorizado."

A banda reforçou seu posicionamento "fortemente contrário" ao fascismo e à violência, mas ressaltou que a banda não possui conhecimento suficiente para falar sobre a situação política de outros países.

Cartaz da turnê do Dead Kennedys no Brasil.
Cartaz da turnê do Dead Kennedys no Brasil.
Foto: Instagram / Estadão

"O cartaz divulgado não reflete um posicionamento político do Dead Kennedys. A mensagem básica da banda tem sido, e ainda é, fazer as pessoas se questionarem a pensar por si mesmas, e não que digam a elas o que pensar", encerra o comunicado.

O ilustrador brasileiro Cristiano Suarez, criador da obra, também deletou a postagem de seu feed.

O artista postou um story com uma captura de tela que seria do perfil do Instagram do Dead Kennedys publicando sua arte. "Precisei remover a arte daqui, mas só pra reforçar que ela foi oficial, sim", ressaltou.

Em seu perfil no Facebook, Cristiano discordou da versão apresentada pela banda: "Foi postada no perfil oficial da banda e removido logo após o boom das publicações e dos trending topics do Twitter, logo depois foi liberada uma nota, que também foi apagada quando se deram conta que muitas pessoas já tinham visto".

Entenda a polêmica entre o Dead Kennedys e Jair Bolsonaro

No material de divulgação dos shows do Dead Kennedys pelo Brasil, feito pelo ilustrador brasileiro Cristiano Suarez, é possível ver uma família usando cabelo, maquiagem e nariz de palhaço, além de camisas semelhantes ao uniforme da seleção brasileira de futebol - porém, com uma cruz em vez do brasão da CBF.

As crianças da família empunham espingardas. Os membros da família possuem o símbolo do integralismo (movimento político brasileiro inspirado no fascismo) em seus braços e estão cercados por tanques de guerra, que poussuem bandeiras semelhantes às usadas pelo nazismo, mas com símbolos de cifrão [$] em vez de suásticas. Ao fundo, um local semelhante a uma favela pega fogo.

Não há nenhuma citação direta ao governo ou a uma pessoa em específico. Em seu perfil no Instagram, Cristiano afirmou que "pessoas que gostam da banda, assim como eu, entenderam exatamente o que eu quis passar, referências e entrelinhas, sem necessariamente tomar suas próprias conclusões".

Antes, ele havia comemorado a oportunidade: "O tipo de trabalho que dá orgulho de fazer! Dead Kennedys sempre foi minha banda de hardcore predileta, desde a época que eu era moleque!"

"O inglês errado é de propósito, uma ironia ao péssimo inglês do brasileiro comum de classe média que adora a cultura americana acima de tudo! E entenda brasileiro comum como quiser!", prosseguiu.

Suarez refere-se à frase "I love the smell of poor dead in the morning!", presente no cartaz, algo como "Amo o cheiro de pobres mortos pela manhã", em tradução livre. Segundo ele próprio postou em um story, uma referência a uma cena do filme Apocalypse Now.

Cristiano também apagou sua postagem, posteriormente, mas se negou a confirmar que a banda não tivesse dado autorização para tal.

Repercussão do cartaz do Dead Kennedys nas redes sociais

Nas redes sociais, o cartaz dividiu opiniões, mas inúmeros perfis acreditam que a arte faz uma crítica ao presidente Jair Bolsonaro. Alguns posicionaram-se favoráveis a ela, e outros contrários.

Alguns artistas se manifestaram sobre o assunto nas redes sociais. "A arte fala por si. Viva o punk rock", escreveu a atriz Guta Stresser, conhecida por interpretar a personagem Bebel em A Grande Família. O cantor Marcelo D2 também comentou: "Voltamos aos anos 90, mesmo".

Cristiano Suarez compartilhou uma mensagem enviada por João Gordo pedindo: ""Muda, em vez de Dead Kennedys, põe Ratos de Porão [risos]". Pouco depois, o músico e apresentador publicou a adaptação do cartaz com sua banda no Instagram.

Confira algumas reações ao polêmico cartaz da turnê do Dead Kennedys no Brasil abaixo:

Agora sim !

Uma publicação compartilhada por velho ranzinza (@jgordo) em

Upcoming May dates in South America.

Uma publicação compartilhada por Dead Kennedys (@dead__kennedys) em

Estadão
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