Brasil lança 1º aplicativo do mundo para terapia sentimental
A Fila Anda custa R$ 9 e responde em até 24 horas dúvidas sobre relacionamentos por meio de mensagens enviadas por uma equipe de psicólogos
Conheceu alguém no Tinder, mas não virou namoro? O que será que deu errado? A resposta para essa pergunta e a solução para qualquer problema “do coração” pode ter saído da choradeira das conversas entre amigas para estar logo ali, em mais um ícone na tela do celular. Lançado recentemente, no dia 28 de maio, o aplicativo A Fila Anda não é mais uma ferramenta para conhecer gente nova como o nome dá a entender, mas é “o primeiro serviço mundial de terapia on-line e virtual focado em relacionamentos amorosos”. “Pegar é fácil, difícil é manter o relacionamento”, afirma em entrevista ao Terra o pesquisador comportamental Heverton Anunciação que, apesar de ser formado em tecnologia com especialidade em marketing, atua nessa área há 14 anos e é autor dos livros Nunca se case antes dos 30 e Por que as Mulheres Criam Expectativas e os Homens Somem?.
Na tentativa de ajudar as pessoas a superarem esta tendência e terem mais "inteligência emocional" é que o aplicativo foi criado. Segundo o criador, a ferramenta responde qualquer dúvida sobre romance, namoro, casamento ou “pegação” em até 24 horas por meio de mensagens enviadas por uma equipe de profissionais formada por psicólogos, sexólogos, psicoterapeutas e sociólogos. “As pessoas não querem ler um livro, a terapia é cara demais e demora muito tempo, então como achar um meio termo? O app nasceu pra responder na velocidade que a pessoa tem de ter respostas”, afirma.
Na prática
Desde o lançamento, cerca de 400 pessoas, entre 15 e 60 anos, baixaram a ferramenta por R$ 9. Depois de entrar no programa, os clientes – como são chamados – podem abrir um B.O., no qual descrevem o problema que estão vivendo. A partir daí, o time de plantão identifica o perfil do usuário e estabelece um diálogo até que uma solução seja encontrada. “A maioria das pessoas pede opinião para alguém próximo e não imparcial, sem contar na amiga que sempre diz que você fez tudo certo. Por isso procuramos mostrar o que cada um está fazendo de melhor e de pior para corrigí-los”, comenta Heverton, que também faz parte do time de conselheiros online.
Além do B.O., o app tem ainda outras seções: vídeos provocadores (reúne dicas sobre relacionamentos), automedicação (mostra sintomas e “remédios” para curar algum mal do coração ou de comportamento), e café filosófico (espaço que pretende marcar encontros para discutir pessoalmente com os assinantes assuntos sentimentais).
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Por enquanto, as pessoas de meia-idade têm sido os principais clientes, caso de uma senhora de 50 anos que se envolveu com um colega de trabalho de 25 e estava aflita para entender o motivo do parceiro ter colocado fim ao relacionamento. O conselho recebido por ela? “Ela é mais poderosa, tem que entender que este tipo de relação é uma briga de ego, há um abismo entre eles”, contou o criador. E emendou com um conselho às mulheres: “Você é linda, interessante, mas não é por isso que todo mundo vai te querer, não carregue esse peso nas costas, quando quiser, ele vai te procurar”.
Terapia?
A equipe de atendimento tem 37 profissionais selecionados por Heverton em todo o País, mas só quatro estão prestando serviço, pois os outros atuarão de acordo com a demanda. Eles se revezam nas respostas e trabalham em total sigilo já que, em nenhum momento, têm o nome revelado. O cliente nunca saberá com quem está falando e não há garantia de que um mesmo psicólogo está acompanhando a história porque a base de dados é formada com os casos. “A prioridade é atender com velocidade e respostas rápidas”, afirma Heverton, que explica ainda que o app pretende ser especialmente um serviço de emergência para quando não se sabe o que fazer com as deciões amorosas.
Mas esta falta de relacionamento entre o cliente e o psicólogo gerou ressalvas entre alguns profissionais da área, que se preocupam que pode estar sendo "vendido" um serviço impossível de ser praticado dessa maneira. “Tratamento psicoterapêutico é pautado justamente pela relação de confiança estabelecida ente terapeuta e paciente. Isso que o aplicativo promove não contempla o que chamamos de terapia, podemos entender isso como uma orientação”, afirma João Carlos Alchieri, conselheiro do Conselho Federal de Psicologia.
A psicóloga especialista em relacionamentos Pamela Magalhães concorda. Para ela, o serviço prestado pelo A Fila Anda é como uma luz no fim do túnel para quem se sente vulnerável em alguma situação e funciona apenas para “estancar a ferida” naquele momento. “Qualquer ajuda é bem-vinda e se a ideia é apresentar alternativas para diminuição da angústia do indivíduo, acho que o aplicativo pode ser muito interessante, mas se as feridas e os traumas forem mais profundos, um processo psicoterápico realizado por um profissional especializado e com visitas periódicas faz-se fundamental”, alerta.
Segundo o criador do sistema, os clientes que mostrarem sinais que precisam de tratamento mais profundado serão alertados disso durante a troca de mensagens.