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Brasileiro 'walkaholic' caminhou mais de 7 mil km por hobby nos últimos 10 anos

Cansado da vida urbana e em busca de um estilo de vida mais simples, militar da reserva descobriu na caminhada uma forma de se reconectar com a natureza

31 jan 2020 - 18h17
(atualizado às 18h53)
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Celso Aramis no Pico Paraná, o mais alto do sul do Brasil.
Celso Aramis no Pico Paraná, o mais alto do sul do Brasil.
Foto: Facebook / Celso Aramis / Estadão

Caminhada é saudável e cada um pratica à sua maneira. Tem aqueles que andam meia hora na esteira todo dia, os que usufruem da atividade aos fins de semana e os que a fazem quando sobra tempo. Mas há também aqueles que enxergam esse exercício físico para além da saúde: são os 'walkaholic' ou, em português, pessoas viciadas em andar a pé.

Um brasileiro que encara esse hábito como estilo de vida é Celso Aramis Oliveira, de 53 anos. Natural da cidade de Quitandinha, região metropolitana de Curitiba, o paranaense não se contenta com curtas caminhadas e vem se destacando entre mochileiros por sua determinação.

Em 2019, o homem fez 3,7 mil quilômetros e, nos últimos dez anos, acumulou mais de 7 mil quilômetros — o equivalente a andar da capital de São Paulo até o sul do México. Para 2020, ele ambiciona mais: quer caminhar no mínimo 11 quilômetros por dia, de segunda a domingo — o que totalizará 4 mil quilômetros até o fim de dezembro. Só neste mês de janeiro, ele percorreu 154 quilômetros em quatro dias, de Mandirituba (Paraná) a Itapoá (Santa Catarina).

Tudo começou quando Celso buscou um novo sentido para a vida. Formado em Direito e suboficial da reserva da Força Aérea, o homem trabalhou por 27 anos como controlador de tráfego aéreo da Aeronáutica, em metrópoles do Brasil, e se aposentou aos 48 por tempo de serviço. "Estudei francês, inglês, mas meu trabalho era desgastante. Eu vivia estressado. Estava ficando cansado e foi aí que percebi que precisava de pouco para viver", conta. "A busca pela simplicidade, atividades físicas e contato com a natureza me encantam."

Rotina e desafios

Morando num município agrícola e serpenteado pelo Rio da Várzea, Celso costuma acordar por volta das 5h30 da manhã com o canto dos pássaros e começa a andar cedo, ouvindo música e geralmente sozinho.

A aventura mais memorável do 'walkaholic' foi no Pico Paraná, o mais alto da região sul do Brasil, com 1877 metros de altitude. Além disso, ele guarda com carinho o Caminho da Fé, feito por fiéis católicos do município de Paraisópolis (Minas Gerais) até o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida (São Paulo). O percurso dura cerca de 30 horas, com paradas, e se estende por 135 km. "Foi bom para conhecer melhor a cultura e a religiosidade das pessoas. É muito bonito", conta.

Celso tem o Monte Roraima - de 2.810 metros de altitude - entre os próximos objetivos. A ambição dele também é percorrer a megatrilha de 3 mil quilômetros que liga o Rio Grande do Sul ao Rio de Janeiro, pela Mata Atlântica.

O caminho de Santiago de Compostela, da França à Espanha, também está na lista de desafios a serem superados.

Melhoras na saúde

Além de reduzir o stress e proporcionar um estilo de vida mais leve, Celso relata que sentiu também efeitos positivos na saúde física. Até 2019, ano que intensificou a caminhada, o paranaense pesava quase 100 quilos, 25 a mais do que deveria pesar. Hoje, ele perdeu cerca de sete quilos e sente que ganhou massa magra, ou seja, tudo aquilo que interfere na balança mas não é gordura, como os músculos e os tecidos ósseos.

"Minha qualidade de vida melhorou. Nos exames de rotina, os índices de colesterol e gordura no fígado estão bem mais baixos e durmo muito bem, acordo com disposição", conta. "Sempre tive boa disposição e principalmente bom humor. Nada me derruba. Sinto sempre sensação de alegria e prazer", completa.

De acordo com o médico Nabil Ghorayeb, membro da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, caminhar 30 minutos por dia com intensidade moderada, cinco vezes na semana, diminui em quase 35% o risco de morte por doenças cardiovasculares. Isso porque o corpo passa a produzir regularmente citocinas anti aterogênicas depois de 12 a 14 semanas de exercício físico. Essas substâncias são produzidas no endotélio (camada de células que reveste os vasos sanguíneos) e evitam que as gorduras se depositem na região formando placas.

Mas, para dar efeito, a regularidade tem que ser regra. Nos sedentários, a falta de exercício físico estimula a formação das citocinas aterogênicas, que, diferente da outra, favorece o acúmulo de gordura. "Se você parar, perdeu tudo que ganhou em até 90 dias. Aí, quando volta, é o mesmo que começar do zero", alerta. Ghorayeb explica ainda que atividades físicas devem ter três componentes: exercícios aeróbicos, fortalecimento muscular e treinamento de equilíbrio.

*Estagiário sob a supervisão de Charlise Morais

Estadão
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