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Bullying: fatores psicológicos, sociais e culturais do comportamento

Morte de garoto de 13 anos em São Paulo é só a ponta do problema

22 mai 2024 - 06h25
(atualizado às 09h59)
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Resumo
O bullying é um comportamento repetitivo e agressivo, intencionalmente prejudicial, que envolve diversas formas de violência, com efeitos muitas vezes graves para as suas vítimas. Para enfrentar esse mal, é necessário uma abordagem multifacetada, incluindo a intervenção da terapia, que auxilia no empoderamento e na autoaceitação.
Foto: Freepik

O bullying é um comportamento repetitivo e agressivo, intencionalmente prejudicial, que acontece entre indivíduos para conseguir poder ou força, realizado de diversas formas como agressão física, verbal, social e virtual.

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) de 2019, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um em cada dez adolescentes (13,2%) já se sentiu ameaçado, ofendido e humilhado em redes sociais ou aplicativos. Consideradas apenas as meninas, esse percentual é ainda maior, 16,2%. Entre os meninos é 10,2%.

Diariamente, observamos notícias sobre agressões escolares e violência entre jovens, que mostram a urgência de uma reflexão mais profunda sobre a natureza humana. O caso mais recente que apresenta as consequências do bullying e a negligência das pessoas ao redor foi a situação de Carlos Teixeira, de 13 anos, que morreu uma semana após dois estudantes pularem sobre as costas dele na Escola Estadual Júlio Pardo Couto, em Praia Grande, no litoral de São Paulo. De acordo com a família, o menino já havia informado ser vítima, o que o levou a conversar com a direção da unidade de ensino, que não tomou nenhuma atitude.

Possíveis razões e não justificativas

Apesar de não ser uma novidade, esse fenômeno continua ganhando terreno em um ambiente já carregado de tensões. É uma forma de violência frequentemente sutil, que nos leva a refletir sobre uma peculiaridade: embora se manifeste nas interações entre pessoas, suas causas são enraizadas em questões individuais.

Existem diversas razões pelas quais os agressores praticam violência com as pessoas, eles podem ter baixa autoestima e usar a intimidação como uma forma de se sentirem superiores aos outros e compensarem suas próprias inseguranças; viverem em ambientes familiares disfuncionais, falta de supervisão ou representação violenta em casa; existem casos de pressões sociais, ou seja, o “efeito manada” em que o grupo de amigos ou a cultura escolar reforçam atitudes agressivas como uma forma de obter aceitação social; ausência de empatia com o próximo; além de problemas de saúde mental, como transtornos de conduta, impulsividade ou dificuldades de regulação emocional. 

Outro ponto que é comum notar nesses casos é que em alguns lugares a dominação é valorizada, o que influencia ações desses indivíduos; e pessoas que foram vítimas de abuso, negligência ou trauma, tem a possibilidade de serem mais propensas a reproduzirem comportamentos agressivos como forma de lidar com seu próprio sofrimento ou sentir controle sobre os outros.

Estratégias de prevenção e intervenção

Para combater esse mal é necessário adotar uma abordagem multifacetada que envolva toda a comunidade escolar. Isso inclui a implementação de políticas anti-bullying, programas de educação e conscientização, apoio às vítimas e intervenção eficaz quando esses fatores ocorrem.

Papel da terapia de apoio

A terapia desempenha um papel crucial na promoção da saúde mental e no apoio às vítimas. Terapeutas qualificados oferecem um espaço seguro e acolhedor para explorarem sua identidade, processarem experiências traumáticas e desenvolverem estratégias de enfrentamento saudáveis. Além disso, o tratamento ajuda a desafiar crenças internalizadas prejudiciais e promover o empoderamento e a autoaceitação.

Sessões psicológicas desempenham um papel fundamental no apoio a esses casos, trazendo uma abordagem única e especializada para entender e intervir nesse problema. Aqui estão algumas maneiras pelas quais esses profissionais ajudam:

Avaliação neuropsicológica: são conduzidas avaliações detalhadas para entender as habilidades cognitivas, emocionais e comportamentais das crianças envolvidas, tanto das vítimas quanto dos agressores. Isso inclui testes de inteligência, funções executivas, processamento emocional e atitudes sociais.

Identificação de fatores de risco e proteção: com base na avaliação, o psicólogo identifica fatores de risco e proteção que influenciam o envolvimento no bullying, como dificuldades de aprendizagem, problemas de saúde mental, habilidades sociais, entre outros.

Intervenção individualizada: ao compreender as necessidades específicas de cada criança, o psicólogo desenvolve intervenções personalizadas para ajudar a vítima a lidar com o trauma e a desenvolver estratégias de enfrentamento eficazes. Da mesma forma, desenvolve ações para ajudar os agressores a entender e controlar seu comportamento agressivo.

Treinamento de habilidades sociais: pode ser oferecido um treinamento em habilidades sociais para crianças que têm dificuldade em interagir e se relacionar de forma saudável com os outros. Isso deve ajudá-las a desenvolver empatia, resolver conflitos de forma construtiva e estabelecer relações interpessoais positivas.

Intervenção escolar: são importantes atitudes como a colaboração com a equipe escolar para implementar programas de prevenção do bullying, incentivo de um ambiente seguro e inclusivo, além de oferecer suporte às vítimas e agressores.

Orientação aos pais e familiares: deve ser proporcionado a orientação e apoio aos pais e familiares das crianças envolvidas no bullying, auxiliando-os a entender as necessidades de seus filhos e oferecendo estratégias para apoiá-los em casa.

(*) Priscila Gasparini Fernandes é psicanalista com especialização em neuropsicologia e neuropsicanálise.

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