Coparentalidade: o que muda na criação dos filhos quando os pais não são um casal?
Como a comunicação e os acordos claros podem criar um ambiente saudável e equilibrado para as crianças
A coparentalidade é um modelo familiar que, cada vez mais, ganha destaque na sociedade contemporânea.
Na coparentalidade, em vez de manter uma relação conjugal ou romântica, dois pais ou responsáveis compartilham igualmente a responsabilidade pela criação dos filhos. Esse arranjo exige uma comunicação eficaz, acordos claros sobre as responsabilidades e um compromisso genuíno com o bem-estar da criança. Mas o que muda na prática quando os pais não são mais um casal, mas ainda assim desejam garantir um ambiente saudável para seus filhos?
Especialista explica
Barbara Heliodora, advogada de família e diretora jurídica da Associação Henry Borel, explica que a coparentalidade, embora desafiadora, pode ser uma alternativa positiva para o desenvolvimento da criança. "Quando os pais se separam, o mais importante é que a coparentalidade seja estabelecida de maneira clara e eficiente. Ambos devem se comprometer com o bem-estar da criança, estabelecendo limites claros e mantendo uma comunicação eficiente. Isso cria um ambiente estável, em que a criança pode se desenvolver de forma equilibrada", explica Barbara.
Ela destaca que o modelo de coparentalidade não significa ausência de dificuldades. Pelo contrário, exige uma coordenação constante entre os pais, que precisam resolver divergências e tomar decisões conjuntas em questões que envolvem a vida do filho. "A coparentalidade tem desafios, principalmente em situações de discordância entre os pais. Mas, é essencial superar esses desafios de maneira respeitosa e madura enquanto se priorizam as necessidades da criança", afirma a especialista.
Coparentalidade envolve benefícios e desafios
Além dos desafios de coordenação, a advogada também observa que, quando realizada corretamente, a coparentalidade apresenta benefícios significativos para o desenvolvimento da criança. "A presença ativa de ambos os pais na vida da criança, mesmo que não sejam mais um casal, é um dos maiores benefícios desse modelo. A criança se beneficia ao ter o suporte emocional, educacional e afetivo de ambos os pais, o que contribui para seu desenvolvimento equilibrado", comenta Barbara.
Ela também observa que, em muitos casos, a coparentalidade pode até ser mais saudável para o filho do que a convivência dos pais juntos, especialmente quando o casal não está mais em um relacionamento feliz. "Muitos casais, ao permanecerem juntos por conta dos filhos, acabam gerando um ambiente de tensões e conflitos diários. Isso pode ser muito prejudicial para a criança. Quando os pais se separam, mas conseguem estabelecer uma boa comunicação e trabalhar juntos pela criança, o ambiente se torna mais pacífico e equilibrado, o que é muito mais benéfico para o desenvolvimento dela", explica a advogada.
A especialista também alerta para a importância de acordos claros entre os pais. "É essencial que os pais estabeleçam regras e responsabilidades claras desde o início da coparentalidade. Isso ajuda a evitar conflitos futuros e a garantir que as necessidades da criança sejam atendidas de forma eficiente e harmônica", afirma Barbara. Ela ressalta que, quando esse processo é bem estruturado, a criança se beneficia de uma experiência familiar enriquecedora, onde cada pai desempenha um papel ativo e valioso, sem os conflitos típicos de um relacionamento conjugal rompido.