Dr. Pet conta como cachorrinha se comunicava por símbolos
Alexandre Rossi fala sobre o processo que permitiu à sua pet se comunicar por meio de sinais arbitrários na principal feira pet da América Latina
Presente na 13ª edição da Pet South America, Alexandre Rossi (mais conhecidos como Dr. Pet) conversou com o CachorroGato sobre o comportamento e o adestramento de animais durante o primeiro dia do evento, iniciado na terça-feira (28) nos pavilhões verde e vermelho do Expo Center Norte, na capital paulista.
Tendo retornado há pouco dos Estados Unidos, onde ministrou palestras especiais nas cidades de Boston e Nova York, Alexandre falou sobre o tema que lhe rendeu tais convites e explicou um pouco mais sobre o processo que ensinou a sua cadelinha Sofia a se comunicar por meio de sinais arbitrários com os humanos.
“Encontrei a Sofia na rua, na época em que preparava a minha dissertação de mestrado, e a levei para casa. Em função disso, acabei tendo a ideia de usá-la como objeto de estudo, elaborando um painel específico com diferentes sinais arbitrários para analisar a capacidade dela de aprender a se comunicar por meio dessa ferramenta”, conta Rossi.
Segundo ele, em menos de um ano a cadelinha Sofia já conseguia se comunicar com a ferramenta. Começou, inclusive, a associar e incluir símbolos parecidos com os da ferramenta que via em outros lugares como forma de expressar os seus desejos. “O sinal de passeio, por exemplo, era representado por linhas; e quando a Sofia encontrava linhas parecidas em outros lugares, já começava a bater a patinha para mostrar sua vontade”, explica o especialista.
De acordo com ele, com o passar do tempo, a pet também começou a juntar mais sinais para indicar desejos mais ‘complexos’. “O sinal para ‘casa’ era representado por uma argola, e a Sofia usava quando queria dormir ou descansar na sua casinha. Com o tempo, ela começou a indicar, entre outras vontades, que queria comer na sua casa – batendo a bata em dois símbolos para indicar esse desejo”, comenta.
O objetivo dos experimentos, entretanto, era o de provar a capacidade de compreensão da cadela e identificar até que ponto esse aprendizado era realizado pelos ensinamentos – e o quanto o instinto natural do animal poderia ser responsável por essa capacidade. Para isso, uma série de testes foi feitos, e quem dava o comando para a cadela nesses experimentos precisava usar um óculos especial, em que as lentes eram completamente pintadas, impedindo que a pessoa enxergasse e ou conseguisse lançar seu olhar sobre o objeto que também era usado no teste.
“A capacidade de um cachorro em identificar exatamente para onde uma pessoa aponta ou olha é fantástica, e isso podia interferir nos resultados. Ao pedir para que a cadela pegasse uma bola, por exemplo, quem dava o comando podia acabar olhando para o objeto, dando uma boa ‘dica’ do que queria para a Sofia. Mas o estudo também tinha o objetivo de saber se ela conseguia entender os comandos por palavras e, para provar isso, nenhum tipo de interferência podia existir – então vendávamos os olhos de quem coordenava os testes para poder medir os resultados com a maior veracidade possível”.
Segundo Alexandre, os resultados do estudo com Sofia provaram que, não só os cães são capazes de se comunicar por meio de ferramentas específicas (como o painel), como também conseguem compreender frases inéditas formadas com palavras já conhecidas pelo animal e que juntam ações e objetos, por exemplo.
Falecida há cerca de três meses em função de um câncer, a cadelinha Sofia não é o único animalzinho de estimação do Dr. Pet que fez sucesso no mundo dos animais. A cadela Estopinha cativa cada vez mais fãs no Brasil - e, inclusive, já consegue se comunicar bem por meio do painel e até pelo Skype (ferramenta usada com frequência por Rossi para ‘conversar’ e dar comandos mesmo quando longe).
Para a alegria dos fãs, Estopinha e Dr. Pet estiveram ontem (29) na Pet South America, falando sobre os processos de adestramento e de consulta comportamental para animais, e mostrando de que forma esse tipo de serviço pode ajudar no controle e no bem-estar de animais de estimação e seus tutores. Seguindo na apresentação das suas descobertas, conclusões e especialidades, Alexandre Rossi ainda ministrará palestras na Hungria e na Grã-Bretanha até o fim do ano.
Por Priscila Franco – Editora-Chefe do Grupo CachorroGato