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Elas que lutam! Os benefícios das artes marciais para mulheres

Com benefícios para a saúde, autoestima e segurança, a presença de mulheres nas artes marciais vem crescendo

18 jan 2025 - 16h53
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Depois de séculos sendo dominadas por homens, a presença feminina nos esportes de luta não para de crescer. Só nas Olimpíadas de Tóquio 2020, realizadas em 2021, cerca de 45% dos atletas nas artes marciais, como boxe, taekwondo e outras, eram mulheres. Os motivos por trás da escolha por esses esportes vão desde o interesse por mais disciplina e saúde, até como uma forma de empoderamento e segurança. A MALU conversou com Maira Bandeira, faixa-preta e Campeã Sul-Americana de Taekwondo, fundadora e professora de artes marciais na Escola de Artes Marciais Maira Bandeira - Defesa pras Minas, especializada em ensino de luta e defesa para mulheres e crianças, que nos contou mais sobre como o ensino de luta corporal pode ser um divisor de águas nas vidas das mulheres.

Da dor à luta

A história de como a professora Maira entrou para o mundo das artes marciais não começa feliz. Infelizmente, aos cinco anos de idade, ela foi vítima de um estupro. "A forma como as mulheres e meninas são tratadas sempre me indignou, nunca fez sentido para mim. A minha entrada no mundo dos esportes de luta foi uma decisão dos meus pais, que decidiram que eu precisava poder me defender dali para frente", inicia ela. 

Após crescer na prática esportiva, na vida adulta e já uma estudante universitária, ela percebeu que o medo era constante na vida de muitas das mulheres a sua volta. "Vi muitas amigas desenvolvendo ansiedade e pânico, com medo de voltarem para casa sozinhas. Muitas me pediam para que eu ensinasse alguns golpes. Começou como algo simples e, quando percebi, já estava abrindo turmas!", comemora.

Empoderadas!

De lá para cá, já são mais de oito anos da Escola de Artes Marciais Maira Bandeira, que opera em São Paulo, está em plena expansão e já fez parcerias até com a prefeitura para a popularização da defesa pessoal entre mulheres, concedendo palestras e workshops em nível nacional e internacional. Segundo Maira, os benefícios são notáveis. "As artes marciais fazem você lidar consigo de diversas formas, te colocando sempre em situações onde você precisa se superar. Quando uma mulher que nunca havia usado o corpo dela dessa forma percebe do que ela é capaz, independentemente de peso, altura e idade, isso a transforma", reflete. 

Para além do empoderamento e autodefesa, a professora explica que os diversos benefícios das artes marciais, já comprovados pela medicina, vão desde a liberação de hormônios de bem-estar, que podem auxiliar no combate a doenças como depressão, até a melhora da força, condicionamento físico e resistência, diminuindo a pressão arterial e também o colesterol. "Mas, para mim, o benefício mais interessante é o psicológico, emocional. Você aprende de forma muito orgânica a ter confiança em si mesma, a ter coragem, a ter equilíbrio emocional e aprende a lidar com situações de pressão, romper com situações de abuso e curar traumas", complementa.

Os benefícios para a mente

A psicóloga Letícia de Oliveira reforça tudo o que foi dito pela professora Maira. "A prática de artes marciais é excelente para mulheres. Para além da questão do bem-estar, há um aumento na sensação de segurança, e até no enfrentamento de problemas", exemplifica.

Segundo a psicóloga, as artes marciais são uma ótima estratégia, inclusive, para vencer a timidez. "Principalmente para adolescentes, essas modalidades auxiliam quem tem dificuldade de se posicionar de forma mais incisiva e/ou tem problemas com a autoestima. Pois, ao praticar luta essas pessoas conseguem se sentir mais vistas, mais capazes e mais respeitadas."

Foto: Revista Malu

ARQUIVO PESSOAL ESCOLA MAIRA BANDEIRA

Luta para mulheres?

Maira reforça que as mulheres devem escolher o tipo de luta baseado em seu interesse, não em um tipo específico considerado mais adequado. "Uma que considero excelente é o Jiu-Jitsu, mas tenho muitas alunas que preferem lutas em pé e muitas que preferem as lutas de chão. Algumas nem pensam em tentar outra arte marcial, enquanto outras fazem as duas. Vai muito da personalidade. Combinar esses dois estilos então, luta de solo e luta em pé, seria o ideal", orienta. 

No caso de meninas e crianças em geral, os pais devem levar ainda mais em conta os gostos pessoais, além de avaliarem o histórico dos professores e da academia em questão. "É de suma importância avaliar a metodologia usada e o professor que está ali. Assistir a uma aula experimental antes de decidir também importa, porque, infelizmente, ainda temos muitas pessoas pouco profissionais, machistas e agressivas no meio da arte marcial. O que poderia ser uma grande evolução para a criança, com o professor errado, que não tenha ética, pode ser uma grande queda, e lembrar disso é muito importante", explica.

Confiança para meninas e mulheres

A professora Maira aproveita para derrubar um grande mito sobre o ensino de artes marciais. "Praticar luta é uma forma de superação que vem de maneira orgânica, aos poucos. Eu acredito que a luta é também uma forma de acolhimento. Algo que deve ser ensinado com paciência e amor. Mas, as mulheres precisam estar à vontade para intensificar o treino quando realmente se sentirem confiantes, sem pressão", reforça. Isso porque, para muitas mulheres e principalmente meninas, pode ser difícil de se acostumar com a prática das primeiras vezes. "É muito comum elas acharem que não vão conseguir, terem medo de encostar na colega de uma forma agressiva. Muitas têm mais medo de bater do que de apanhar. E aí, como professoras, usamos nossa experiência para colocar os desafios necessários no momento certo", afirma.

A cura no tatame

Com 23 anos de experiência em artes marciais, Maira já quebrou diversos mitos relacionados à prática de luta por mulheres. "Ainda há muito machismo, muitos absurdos são ditos. 'Mulher não aguenta certo exercício por ser mais fraca', 'mulher que vem pro tatame só quer arranjar um namorado', 'mulher que luta fica masculina', e várias outras frases horríveis e mentirosas, que eu sei que são ditas apenas para afastar as mulheres desses espaços", comenta. 

Para concluir, ela compartilha um ensinamento de um antigo professor. "Toda vez em que alguém na aula estava triste ou com algum problema, ele dizia: 'você só precisa vir para o tatame, que o tatame faz o resto'. As artes marciais para mim são isso, uma forma de cura, de dizer para as mulheres, diariamente, 'lugar de mulher é onde ela quiser"', finaliza.

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